Por Sérgio Aleixo (*)
A verdade é universal e muitos falaram de
espiritualidade, entretanto somente Jesus a comprovou de modo a não restarem
dúvidas! Bem se costuma dizer que Jesus matou a morte e Kardec assinou-lhe o
atestado de óbito.
Houve outras revelações. Mas isoladas,
infensas a qualquer noção de processo, caminho natural da Razão, mesmo nos
domínios do espírito. Esta noção exulta no complexo civilizatório
judaico-cristão e suas três revelações progressivas e concatenadas, em que uma
etapa anuncia e prepara a outra. Alguns querem que o Islamismo seja considerado
também uma fase progressiva deste complexo, mas isto seria um erro.
Jesus reformou o judaísmo e lhe aperfeiçoou a
lei suprema mediante seu Novo Mandamento, que corresponde não mais a amar o
próximo como a si mesmo, e sim mais ainda do que a si próprio, ao ponto da
abnegação e do sacrifício de si pelo outro, pois ninguém possui um amor maior
do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.
Além de aperfeiçoar o sentido da antiga lei,
Jesus o selou com exemplificação singular. Que fez Maomé? E já 600 anos depois
de Jesus... Reconduziu tribos idólatras à crença num único Deus, dando-lhes
identidade nacional, exatamente o que Moisés fizera aos hebreus, 2000 anos
antes.
Por isso há três revelações progressivas no
complexo judaico-cristão, nem mais, nem menos. Moisés disse que viria o
Messias, este, por sua vez, revelou que não pôde dizer tudo, e que deveríamos
aguardar sua volta, O Espírito de Verdade. E Maomé? Declarou-se o “selo” dos profetas,
ou seja, nada mais, depois dele, seria admissível.
Com todo o respeito a essa doutrina de paz e
amor, legítima e oportuna em sua providência, de essência igualmente divina,
mas que é uma revelação que não se pode mesmo enquadrar no esquema divisado por
Kardec, perfeito em sua identidade profética sequenciada, na qual o Islamismo
não teria lugar senão de retrocesso, nem mesmo a Moisés, mas aos Patriarcas,
pois até a poligamia teve de ser admitida.
Jesus é um ser anos-luz à frente de qualquer
espírito que por este planeta tenha passado. São pseudoespíritas as construções
de pensamento que, em nome de antropologia cultural de visão nitidamente
materialista, critiquem e deturpem este esquema histórico em que os espíritos
não incluíram senão três etapas progressivas, não porque as demais revelações
sejam ilegítimas, e sim por não se concatenarem àquelas três progressivamente.
O singular vínculo profético judaico-cristão
é que ensejou a indispensável noção de processo que aplainaria em definitivo as
vias da Razão nos domínios do espírito. Preservar hoje este conceito de todas
as desinteligências oportunistas que parecem sitiá-lo é dever do espírita
devotado, salvaguardada, é claro e desde sempre, a liberdade de consciência
alheia.
(*) Escritor e palestrante espírita. Vice-presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Rio de Janeiro.
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