Por Roberto Caldas (*)
Quando Charles Chaplin produziu a obra Tempos
Modernos não fazia a menor ideia ao que
chegaríamos em matéria de robotização em tão curto tempo depois de lançada a
sua visão da escalada industrial. Menos de um século depois do mundo se
encantar com a sua visão que misturava poesia e crítica, sintetizada pela frase
emblemática “não sois máquina homem é que sois”, precisamos resistir como nunca
ao apelo quase selvagem da atualidade que intenta pasteurizar o pensamento e
uniformizar as condutas, como se formássemos uma coletividade amorfa,
destituída de inteligências individuais. A literatura, a arte, a política, a
medicina, a sociologia, a religião se debatem sufocadas numa camisa de força
imposta por uma conjuntura hipócrita que esconde as ambições humanas espúrias
enquanto fabrica fantasias descartáveis, completamente voláteis e falsas.
A velocidade que se impõe às decisões e
exigências do cotidiano quase nos impede de olharmos a nossa face no espelho da
própria consciência. Não é raro, depois de concretizada uma circunstância, que
se perceba o quanto faltou aprofundamento e reflexão diante da pressa
proposital determinada pelos sistemas de crenças que objetivam dilapidar a
inteligência espiritual inerente aos homens e mulheres de boa vontade. Para
competir com essa onda nefasta e destruidora da arte de pensar é fundamental
que a expressão “boa vontade” deixe de significar “ingenuidade que se deixa
manipular” para se tornar um estado de entrega que sabe expurgar os vendilhões
do templo que encontramos travestidos de salvadores da pátria.
As implicações de vivermos numa época
saturada de tecnologias espetaculares que reduzem o planeta inteiro a uma
pequena aldeia sem a bucólica paisagem de final de tarde com o sol refletindo
nas águas mansas de um lago cercado por árvores frondosas não são um mero acaso
na nossa destinação humana. Criamos a civilização moderna e não há como
retornar aos tempos primitivos ignorando os avanços conquistados. O laser, o
satélite, as viagens espaciais, as telecomunicações traduzem o leque de vitórias alcançadas pelo espírito
humano ancorado na Terra.
Urge que batalhemos pela manutenção dos
ganhos que a ciência nos possibilita, mas não podemos permitir que tais
instrumentos de evolução sejam transformados em elementos de orquestração de
produção de danos à humanidade. É preciso coragem para desafiar o pensamento
hegemônico e divulgar por toda parte uma mensagem de esperança que se imponha
de forma categórica aos planos de disseminação do medo e da desistência pelo
cansaço. Na questão 932 de O Livro dos Espíritos fica patente a necessidade de
uma revolução do pensamento pela paz, sem fugirmos da atitude forte e
altaneira, que caracteriza o destemor pela certeza que a mensagem do bem nos
infunde. Vejamos o que respondem os Espíritos diante desse tema: “Por que, no
mundo, os maus têm geralmente maior influência sobre os bons? – É pela fraqueza
dos bons; os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos; quando
estes últimos quiserem, dominarão”.
Não temamos a insensatez, nem nos curvemos
diante da desfaçatez e da mentira. A ação no bem exige sacrifícios, mas
principalmente o exercício da sinceridade para que não nos acumpliciemos jamais
com a injustiça e o desrespeito. Jesus nos afirmou: “ Bem-aventurados os
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 23.06.2013
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Muito bom....
ResponderExcluirO papel da religião é confortar, acolher, nos religar ao Todo Poderoso (Deus)e não alienar o individuo.
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