“Temos assim uma situação calamitosa,
em que o aspecto cultural da Doutrina, e particularmente o seu aspecto
científico, estruturado na Ciência Espírita, com a mais brilhante tradição,
vê-se relegado, como se nada representasse nessa fase de transição,”
(J.
Herculano Pires – “Ciência Espírita”)
Por Jorge Luiz (*)
O sentido de cultura
está comumente associado a estudo ou educação escolar. Quando não, refere-se
unicamente às manifestações artísticas, como teatro, música, pintura. Em outras
oportunidades é identificada com os meios de comunicação de massa, tais como o
rádio, o cinema e a televisão.
Talvez
isto tenha feito com que ao longo do tempo a cultura espírita tenha sido pouco
estudada e até rejeitada por muitos espíritas sob a alegação de elitismo.
Até as instituições espíritas que a utilizam em suas denominações sofrem
deste preconceito.
O
Espiritismo toca em todas as áreas do conhecimento humano, abordando as mais
vastas matérias que influenciam todo o ambiente cultural em que se insere o
homem. Negar esta dimensão é negar todo o seu vínculo com a ciência e a
amplitude do seu interesse, restringindo-o às questões meramente “paranormais”.
A
palavra cultura é de origem latina, do verbo colere, que significa cultivar. Portanto, o significado original
está ligado às atividades agrícolas. Submetida às influências de vários
pensares, em nossos dias é compreendida
como uma dimensão da realidade social, a dimensão não-material, uma dimensão
totalizadora, pois entrecorta os vários aspectos dessa realidade, assevera
José Luiz dos Santos, professor de antropologia na UNICAMP.
O
Espiritismo reportando-se aos vários temas de interesse material e não-material
dos povos como, Deus e a origem do universo, o mundo espiritual e suas relações
com os homens; as questões morais e sociais mais relevantes, bem como as
consequências delas decorrentes, indiscutivelmente possui um campo amplo de
interesses no mundo e que sendo objeto de remodelação moral do homem, o
aperfeiçoamento da civilização e das nações, influencia numa extensa lista de
assuntos que se relacionam com a ciência, a filosofia e a religião. Inserto no
mundo dos homens, é natural que tenha uma influência preponderante na sua
cultura.
O
professor e filósofo J. Herculano Pires, em sua obra “Os 3 caminhos de Hécate”, citando o professor Carlos Castiñeiras
acentua: “O conhecimento da reencarnação,
e de seu princípio conexo, a lei de causa e efeito, determinará uma modificação
favorável na cultura do homem ocidental.” Continua ele otimista
quando ao futuro: “Embora a noite
densa de nossa cultura seja um tanto prolongada, tudo anuncia a proximidade
de uma grande e magnífica aurora. A luz avança, e já se vislumbra, no mundo
arquetípico do pensamento ocidental, o epicentro das grandes transformações
religiosas e sociais: Reencarnação, Palingenesia.”
É
notória a contribuição que os veículos de comunicação de massa – cinema, TV,
teatro – vem ofertando para a disseminação ao conhecimento da cultura espírita.
É
digno de registro, no entanto, a vasta e riquíssima cultura bibliográfica
espírita em estudos e pesquisas, ofertada por autores que a desenvolveu e
desenvolvem a partir do legado Kardeciano, como por exemplo: Herculano Pires, Léon
Denis, Gabriel Dellane, Hermínio Miranda, Hernani Guimarães, Ernesto Bozano. É
fácil de encontrá-las nas melhores livrarias nacionais, coisa que no passado
não era possível. Mas para que se instale uma cultura, não bastam os livros.
A
cultura erguida em bases materialistas debate-se em martírios de toda ordem no Planeta.
Para que a cultura espírita sobreponha-se ao materialismo é necessária a integração
do homem espírita com os seus princípios e pressupostos. Isso não se realiza
nas telas, palcos e nem nas prateleiras, e sim no campo da ação do cotidiano;
nas fibras do coração.
As
casas espíritas restritas às funções de oráculos dos problemas comezinhos do
homem e na terapêutica do corpo, pouco contribuem para o concurso da cultura
espírita, muito pelo contrário.
Para
que a cultura espírita consolide a Civilização do Espírita, fazem-se
necessárias ações em todos os meios possíveis – imprensa, rádio, TV, livros – e
acima de tudo nas ações coerentes com os postulados espíritas.
Em
o Evangelho Segundo o Espiritismo,
cap. XX:4 - Missão dos Espíritas - o Espírito Erasto nos convoca: “Marcha, pois, para a frente, grandiosa,
falange da fé. E os pesados batalhões de
incrédulos se desvanecerão diante de ti, como as névoas da manhã aos primeiros
raios de sol”.
As sombras espessas
que pairam no mundo aguardam o farol da cultura espírita para guiar a humanidade para o porto seguro da paz e igualdade entre os povos.
(*) livre-pensador e voluntário do Instituto
de Cultura Espírita.
Excelente assunto!
ResponderExcluirÉ verdade Jorge! Excelente matéria, sobretudo porque aborda questões tão esquecidas do movimento espírita como um todo. Precisamos reacender essa chama da cultura espírita, não desprezando os escritores e pensadores espíritas de hoje, mas jamais esquecer aqueles que se doaram em vida, para nos ofertar esta vasta literatura espírita, rica em conteúdo e ensinamentos, mas ainda muito pobre na quantidade de adeptos espíritas que a conhecem ou leem. Grande abraço e parabéns!
ResponderExcluirFernando Bezerra