Por Roberto Caldas (*)
Há muita pressa e desencontros puxando-nos
para o desespero das ruas. A multidão caminha meio sonâmbula, semi-inconsciente
pelos corredores alvoroçados dos escritórios, centros comerciais e avenidas
numa busca frenética de consumismo, perfilada como os antigos matadouros
dispunham o gado pouco tempo antes do golpe final. Instalou-se nas mentes
das
pessoas um estado de confusão que impõe barreiras para escolher entre o
supérfluo e o essencial, daí vivemos uma época que tornou todas as coisas
relativas demais gerando uma labilidade de caráter que põe em perigo os mais
profundos conceitos de ética da convivência. A convulsão social, filha da
desigualdade de oportunidades, foge do controle e impõe derrotas diárias em
todos os grandes centros urbanos, tomadas pela criminalidade que a polícia
persegue, mas retrata tão somente aquela outra forma de delinquir que se veste
de paletó e gravata e frequenta os grandes salões repletos de holofotes da vida
pública. Crianças e adolescentes, antes
protegidos pelos esforços dos pais e da sociedade, se encontram expostos à
escalada vertiginosa da ambição que corrompe e mata pelas mãos dos que traficam
drogas que abatem o corpo, além daquelas que danificam pela bestialização
intelectual patrocinada pelos meios de comunicação. Testemunhamos exemplos de
altos graus de estresse e suicídios acontecendo em faixas etárias cada vez
menores, em parte pela crença de que é preciso abrir o ser humano ainda criança
ao carrossel de informações, antes filtradas pelo adulto em sua defesa.
Por
todas essas razões precisamos, de forma urgente, instalar a serenidade em
nossos corações, antes que sejamos engolidos pelos medos e incertezas que
rondam os passos humanos. Vemos que o alerta lançado por todos os mestres da
humanidade ecoa, mas não consegue trazer para a prática das ruas o pensamento
reflexivo da mudança. Esperamos pela mudança das condições políticas, sociais e
humanas, como se a nobreza das atitudes dependessem do cenário estabelecido em
espaço externo ao íntimo de cada um. Desconhecemos que é a transformação humana
que impõe as renovações sociais e essas obrigam às viradas políticas, nessa
ordem. E certamente não há uma solução, senão pararmos de escutar as vozes da
delinquência, sejam quais forem a sua origem, para ouvirmos a sonoridade dos
arautos de Deus, enviados ao mundo para nos mostrarem o melhor caminho, antes
mesmo que nos percebêssemos perdidos como estamos agora.
No
passado remoto vemos em Krishna, “O homem virtuoso é semelhante a uma árvore
gigantesca, cuja sombra benéfica permite frescura e vida às plantas que a
cercam.”, em Buda “a paz vem de dentro de você mesmo, não a procure a sua
volta”, em Jesus “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra”.
No
passado mais recente, repetindo os grandes nomes da espiritualidade no mundo,
eis que Kardec arremata: “As aflições na terra são os remédios da alma; elas
salvam para o futuro, como uma operação cirúrgica dolorosa salva a vida de um
doente e lhe devolve a saúde. É por isso que o Cristo disse: ‘ Bem-aventurados
os aflitos, pois eles serão consolados’". Estejamos, pois, alertas e
serenos diante dos desafios dos dias atuais. Tomemos para nós a tarefa de
trazer serenidade ao planeta.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 28.07.2013.
² foto: Hunter Doherty, conhecido com Patch Adams, médico norte-americano pela inusitada metodologia de ajudar enfermos, inspirador do filme "O Amor é Contagioso".
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Visitando o "Canteiro" como sempre faço, às vezes apenas pelo prazer de ver como esse instrumento de divulgação das mensagens que esclarecem, orientam e consolam, encontrei esse texto do Roberto Caldas, que é o Editorial de Antena Espírita e que, até agora, não tinha merecido um só comentário, aí eu pensei... Será que é porque na primeira parte o autor fez uma leitura real da situação em que nós nos encontramos, deixando para a segunda parte uma mensagem de consolo? Listando primeiro o mal, para em seguida aplicar o remédio, ele que é médico? Ou será que é indiferença mesmo? Ou será por puro preconceito, por que não devemos apontar as mazelas de nosso tempo? Seja qual for o motivo, penso que nós devemos mostrar que nos interessamos!
ResponderExcluirBom Dia a todos!
Bela provocação Castro! Os leitores precisam interagir mais com as ideias aqui colocadas. É uma forma de enriquecimento com o pensamento plural, mesmo discordante, as ideias são válidas e bem recebidas.
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