Por Jorge Luiz (*)
Inspiro-me nas manifestações de ruas no
Brasil para sugerir mobilização idêntica no meio espírita pelo resgate da fé raciocinada. Isso mesmo!
Pode
parecer meio subversiva tal proposta, no entanto, acredito que seja a única
forma de sairmos do estágio de sonolência profunda em que se encontra o
movimento espírita cearense, que acabou transformando o Espiritismo em um “Gigante
Adormecido”, parafraseando o prof. Herculano Pires quando afirmou que o Espiritismo é uma ciência de gigantes
nas mãos de pigmeus. E que
pigmeus!
É
notável a riqueza da Doutrina Espírita, tanto nas obras básicas como nas obras
de nomes insignes que se esmeram em torná-la acessível a todos os níveis de
intelectos. As Vozes do Céu,
incansavelmente, continuam a nos enviar ensinamentos para o despertar da fé
espírita.
Embora
proclamada aos “quatro ventos”, o que enxergamos na maioria das instituições
espíritas são iniciativas carregadas de rituais e misticismo que contrariam a
própria razão.
Ademais,
enquanto algumas correntes católicas começam a suprimir os hinos de suas
liturgias, elemento mais primitivo da herança teológica, algumas casas
espíritas os introduzem em suas atividades, com uma nova roupagem que costumam
chamar de “Hora da Prece”. Quando
não, as cantigas ocorrem no início e final da atividade, em número determinado,
práticas que ferem os fundamentos básicos da Lei de Adoração, lei primeira das Leis Morais, onde se lê que os cânticos
não chegam a Deus senão pela porta do coração.
Allan
Kardec, em a Revista Espírita,
fevereiro de 1865, escrevendo sobre a “Perpetuidade
do Espiritismo”, acentua: “...o
Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência de observação; é o que faz sua força
contra os ataques de que é objeto e dá aos seus adeptos uma fé
inquebrantável.” A prioridade para o aspecto religioso-igrejeiro no
Brasil comprometeu o desenvolvimento da principal característica da fé
espírita: a razão, o que a torna inquebrantável.
Os
princípios fundamentais da fé, segundo Kardec são: Deus, a alma e a imortalidade. Estes princípios são bem definidos
nas obras básicas, através das pesquisas e observações de Kardec e pelos Benfeitores Celestes.
Deus,
na questão primeira de “O Livro dos
Espíritos” supera a visão antropomórfica tradicional quando O define de forma vanguardista, como inteligência suprema, causa primária de
todas as coisas.
A
ingenuidade nas diretivas e a superstição nos encaminhamentos nas casas espíritas,
sem exagero, são parecidas com as dos tempos em que o homem desconhecia o
fenômeno do fogo-fátuo, dando a
impressão que ainda não compreenderam a própria realidade do Espírito, bem desenvolvida no Livro Segundo,
capítulo I, da supramencionada obra. Kardec o explicitou como Ser circunscrito, objeto específico de
pesquisa científica.
Já
nos capítulos III, IV e VI, os Espíritos Reveladores de forma bem didática
esclarece os principais quesitos sobre a imortalidade da alma.
Em
“O Livro dos Médiuns” encontraremos
toda a dinâmica das manifestações e das relações entre os dois mundos.
Os
que assim agem sugerem desconhecer estes fundamentos e estão mais para o que
Kardec denominou de “amigos inábeis”,
do que propriamente para espírita no sentido genuíno do termo.
Somente
resgatando a fé raciocinada superaremos o misoneísmo, o personalismo, o
sincretismo religioso, o ritualismo, o eruditismo pedante, o mediunismo
oracular, o institucionalismo que estimula a disputa “partidarista”, o
sectarismo que dificulta os ideais de união e unificação, aspectos estes
que comprometem de sobremaneira a marcha progressista da Doutrina Espírita.
Sabemos
que existem incansáveis companheiros imbuídos de sentimentos de fraternidade e
que certamente estranharão as minhas ponderações. Outros, por certo, torcerão o
nariz e considerarão como falta de caridade, quando em nome da própria caridade,
aplaudem as iniciativas mais discrepantes e falsas quando feitas em nome do Espiritismo.
Infelizmente,
a maioria fará ouvido de mercador, e
negligenciando as responsabilidades terrenas, dirá com certeza: os
Espíritos estão no leme!
Ledo
engano!
(*) livre-pensador e voluntário do Instituto
de Cultura Espírita.
Vendo essas considerações , me deixam mais aliviadas , pois coloca-las em práticas quando nos deparamos com companheiros ainda com suas mentes acorrentadas .É preciso que a caridade esteja neste momento como tolerância para que haja a harmonia nestes espaços de cegueiras...ainda bem que podemos ter este auxílio aqui.Obrigado pelas suas pérolas deixadas no blog e de todos que contribuem para o labore do blog.
ResponderExcluirVanessa Alves.
"...considerarão como falta de caridade, quando em nome da própria caridade, aplaudem as iniciativas mais discrepantes e falsas quando feitas em nome do Espiritismo.(...)"
ResponderExcluirÉ aquela estória.... "fulano, está misturando tudo! ...tá querendo implementar ideias mirabolantes que em nada se confundem com a Doutrina. ...alguém tem que tomar uma providência! Quem? Eu não, porque não tenho muito intimidade. Talvez fulano seja o melhor escolhido. ...teho uma ideia melhor, vamos abrir um livrinho de mensagem, na hora da reunião, com AQUELA mensagem... dessa forma ele vai entender onde ele/a está errando! Boa ideia!"
RESUMO DA ÓPERA: atualmente, orientar ou falar que há práticas em desacordo com a doutrina dentro do centro espírita, é falta de caridade pura! ...se fora da caridade não há salvação, então é como diz o ditado popular "a porca torce o rabo"..... tem jeito não... o negócio é dar tempo ao tempo mesmo.
Sem papas na língua (nas teclas do computador): A maior caridade em Espiritismo é a sua divulgação, já dizia Emmanuel. Para divulgar é necessário CONHECER, para conhecer é preciso ESTUDAR, para estudar é essencial RECONHECER KARDEC. Sem esses elementos em mãos seria melhor que essas pessoas defendessem outras crenças e deixassem de fazer sombra ao Espiritismo. Roberto Caldas
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