Por Alkíndar de Oliveira (*)
I - A ÁGUA, O FILTRO E OS COPOS
A
água é um elemento da natureza que nos surpreende. Por exemplo, seu poder
energético-vibracional é digno de pesquisa: tomamos banho para nos relaxarmos,
assim como tomamos banho para nos despertarmos. Veja só, dois objetivos
totalmente opostos e, numa situação ou outra, o elemento gerador do “relaxar”
ou do “despertar” é o mesmo: a água. É como se fosse possível o sal servir ao
mesmo tempo para salgar e para adoçar!
Parece até que nessas circunstâncias a água lê nossos pensamentos e
obedece nossa vontade. É nossa escrava. Engano. Somos escravos dela. Sem água
não vivemos.
A
água destrói e constrói. A água mata e vivifica. A água que faz uma árvore
crescer altaneira e bela é a mesma água que, numa tempestade, derruba-a
brutalmente ao solo.
Outra coisa incrível: a água, um elemento mais pesado do que ar e
inimiga do fogo, é a junção de dois gases mais leves do que o ar e amigos do
fogo (o hidrogênio e o oxigênio). Como pode?!
Esse misterioso e tão conhecido elemento da natureza assumiu um poder
transcendental quando, há pouco mais de 2.000 anos, um homem banhou-se nas
águas do rio Jordão, e foi anunciado pelo peregrino João Batista como o filho
de Deus que os profetas antigos tanto anunciaram.
Das águas do Rio Jordão “nasceu” (simbolicamente) Jesus.
O
Mestre dos mestres trouxe-nos a água da vida eterna. Em seus ensinamentos
profundos sempre aparecia a palavra água, ou uma de suas funções, por exemplo,
a de saciar a sede: “Vinde a mim quem tem sede da justiça”. Assegurou-nos Jesus
que quem bebesse da “fonte da água cristalina” jamais teria sede.
De
forma alegórica podemos dizer que o Mestre Jesus, por meio de seus divinos
ensinamentos e pregações, ofertou-nos a água da vida, pura e cristalina. Mas
não soubemos enxergar sua pureza. Não bebemos dessa água. Pior ainda, poluímos
essa água cristalina. Em cima dos ensinamentos puros de Jesus criamos dogmas,
estabelecemos rituais, institucionalizamos Seus ideais.
Mas nosso amoroso Mestre e Governador percebendo essa água poluída, nos
enviou Allan Kardec, como sendo o Filtro D’água, para expelir as impurezas. Não
as impurezas do Mestre, pois que elas não existem, mas sim as impurezas que nós
as colocamos.
Kardec, através da Codificação do Espiritismo, pode ser comparado ao
filtro que extrai a água pura, novamente mostrando ao mundo a mensagem eterna
de Jesus, cristalina, sem máculas. Podíamos agora beber diretamente desse
Filtro, sem utilizarmos de copos ou de quaisquer outros utensílios. Bastaria
abrirmos a torneira e bebermos diretamente, sem intermediários (como queria
Kardec), e estaríamos absorvendo os ensinamentos puros que recebemos há pouco
mais de 2.000 anos.
Mas novamente vem à tona nossa imperfeição. Novamente
institucionalizamos, pois estamos transformando os ensinamentos puros em
tradições igrejeiras, com novos dogmas e novos rituais. Diferentes dos
anteriores, mas, sim, novos dogmas e novos rituais. Jesus, então, amorosamente
interveio.
Enviou
e envia continuamente “copos” em profusão para aprendermos a beber a água do
Filtro.
Em
porções menores e segmentadas proporcionadas pelos “copos d’água” passamos a
ter condições de valorizar o que Kardec nos passou com tanta clareza e não
percebemos. Alguns dos “copos” facilitadores: Joanna de Ângelis, Emmanuel,
Cairbar Schutel, André Luiz, Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo, Ermance
Dufaux, Hammed e centenas e centenas de outros copos. Esses “copos” foram
trazidos para nós através de abnegados médiuns, pois nossas mãos, sem a
vivência mediúnica, não teria como segurar esses valorosos copos. Os médiuns
são as mãos que seguram os copos.
II - OS COPOS DE CRISTAL, DE VIDRO, DE
PLÁSTICO OU DE ALUMÍNIO.
Quando surge um novo copo (espírito) ou uma nova mão (médium), a
tendência do ser humano é criticar esse novo copo e essa nova mão:
“Podemos acreditar nesse espírito?”
“Quem é esse médium?”
Se
a dúvida é própria da ação inteligente, o mesmo não se pode dizer do
preconceito. Mas como podemos diferenciar uma coisa de outra? Isto é, como
podemos saber se estamos usufruindo da saudável dúvida ou adotando o temível
preconceito?
Aprendamos com Jesus como caminharmos na direção certa. Disse Ele:
“Pelos frutos conhecereis a árvore”;
“O que não é contra nós, é por nós”.
Então se duvidarmos, mas no estudo atento percebermos que o fruto é bom
e que os ensinamentos não contrariam Jesus e se, assim mesmo, continuarmos a
duvidar, é porque adotamos o preconceito.
Num filtro, não importa se bebemos a água em copo de cristal ou de vidro
ou de plástico ou de alumínio. O conteúdo será sempre o mesmo. Então, por que
criticarmos o copo (o espírito comunicante) por ser de um material novo, ou por
que criticarmos a mão que segura esse copo (o médium), se o que nos interessa é
a água cristalina que está no seu interior?
Mas, a pergunta é: precisamos de novas mãos e novos copos para beber da
água pura? Isto é, precisamos de novos médiuns trazendo informações espirituais
de “novos” espíritos para entendermos Kardec? A resposta é: uma vez que a
didática do texto kardequiano é irretocável, e uma vez que tantos bons médiuns
já nos passaram mensagens maravilhosas e profundas, não deveríamos precisar
dessa ajuda. Mas precisamos. Assim como não precisaríamos de Kardec para
entender Jesus. Mas precisamos.
A
grande vantagem das novas mãos e novos copos, aliados aos copos e mãos mais
conhecidas, é que estimulam a estudarmos Kardec, que deve ser o nosso propósito
maior. E estudando a aplicando Kardec, transcendemo-nos e vivenciamos Jesus.
Se
estudarmos as palavras do espírito Erasto no Evangelho Segundo o Espiritismo,
cap. 20 - Os Trabalhadores de Última Hora - Missão dos Espíritas, iremos
relembrar que nestes novos tempos os espíritos falarão por muitos médiuns.
A
época dos poucos e excelentes médiuns está passando.
Novos médiuns estão surgindo por todos os cantos do país. Estamos
redescobrindo, ou precisamos redescobrir – que o Espiritismo é a Doutrina “dos
Espíritos”. Por isto novos médiuns estão surgindo à profusão. Obviamente
deveremos estar atentos para sabermos separar o joio do trigo.
Imperfeitos que somos, muitos destes novos médiuns não conseguirão
captar os textos que os espíritos nos enviam com a qualidade de um Divaldo
Franco ou de um Chico Xavier, mas o que interessa para este especial momento é
a essência das novas obras. Mesmo que os novos textos dos novos médiuns não
sejam perfeitos, analisemos sua validade da forma simples como nos ensinou Jesus:
“pelos frutos conhecereis a árvore”, “o que não é contra nós, é por nós”.
A pergunta “quem é este médium?” não faz
mais sentido.
A nova pergunta é “qual o valor desta obra
espírita para mim?“
Divaldo Franco disse certa vez que a doutrina espírita não precisa de
defensores, se ela é pura – e é – não precisa de defensores. Lá pelos tempos de
Leon Denis o Espiritismo precisava de seguidores que lutassem pela afirmação de
sua pureza doutrinária. O objetivo era consolidar o Espiritismo como Doutrina
dos Espíritos. Na atual fase a consolidação já é um fato. Não estou dizendo que
o Espiritismo já se popularizou, mas, sim, que seu conteúdo está consolidado. A
fase da luta pela pureza doutrinária passou. Agora chegou o momento da luta
íntima pela vivência doutrinária.
Antes lutávamos por “amor à causa”. Agora precisamos acabar com estas
lutas, respeitando e valorizando os novos médiuns, pois que estamos descobrindo
às duras penas que “a causa é o amor”.
(*) palestrante, escritor e consultor de Empresas
radicado em São Paulo-SP. Autor das seguintes obras: Aprimoramento Espírita, Liderança Saudável e o Trabalho Voluntário na Casa Espírita.
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