Por Roberto Caldas (*)
A crise moral que assola o nosso planeta e
especificamente o nosso país é um provável resultado de termos passado muito
tempo jogando para baixo do tapete as nossas sujeiras individuais enquanto
bradamos exigências aos outros quanto às posturas que adotam diante das
circunstâncias que escolheram. Vivemos uma época em que a palavra perdeu o seu
valor e o caráter, recentemente sinônimo de honra, passou a ter outros
significados mais genéricos e inexpressivos. Frequentemente vemos e ouvimos
explodirem escândalos morais de todos os lados, destruindo ideais e tisnando
qualquer sombra de esperança, induzindo-nos a banalizar a importância de nossa
atitude, como se nada representássemos diante dos gigantes da imoralidade que
ocupam todos os espaços do poder.
O Evangelho Segundo o Espiritismo em seu
capítulo XVII, item 3, chama a atenção de todos nós para um tema que necessita
ser mais discutido em nossa rotina. Ao estabelecer o conceito do Homem de Bem,
sem obrigá-lo a ser partidário de agremiações de quaisquer naturezas, joga
sobre as nossas costas uma responsabilidade imensa, a de despirmo-nos de nossas
desculpas separatistas e caminharmos na direção de uma solução universal para
os grandes problemas humanos representados pelo individualismo das ideologias
vazias.
Darcy Ribeiro (26/10/1922 – 17/02/1997), (foto)
antropólogo, escritor, político brasileiro, provavelmente um descrente em
qualquer poder superior, mas nem por isso deixou de inscrever o seu nome no rol
daqueles que conseguiram dar o melhor de si em prol da humanidade. Sua
biografia, talvez esquecida pelas hordas de poderosos que atropelam os
princípios da solidariedade apesar de frequentarem igrejas e fingirem respeito
aos cultos externos a Deus, é um dos mais belos convites a quem se perceba
desejoso de engajar-se no conceito de Homem de Bem, segundo prevê o Evangelho
Segundo o Espiritismo. Sabedor das muitas dificuldades que enfrentou para a
semeadura do amor entre os seus semelhantes, eis que desabafa: “Fracassei em
tudo que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não
consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade
séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e
fracassei, mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar
de quem me venceu”.
A luta do Homem de Bem focaliza além das
respostas imediatas, pois pretende que os louros de sua ação sirvam para o
conjunto mais amplo possível de pessoas, sem preocupações com os aplausos
imediatos nem o reconhecimento de fachada. Afinal a maior das mensagens de
transformação humana aguarda mais de dois mil anos para ainda ser compreendida,
sem que o seu grande propagador sequer seja ainda aceito como é a sua
pretensão. O mais expressivo Homem de Bem que pisou a Terra, Jesus Cristo, tanto
tempo depois de sua passagem pelo nosso planeta vê a sua lição de vida,
dedicada ao progresso espiritual de toda a humanidade, ser confundida com uma
peça de salvação pela fé e motivadora de resultados pecuniários por parte
daqueles que dizem comungarem as suas ideias.
Vale a pena uma leitura do item Homem de Bem,
em O Evangelho Segundo o Espiritismo para que redirecionemos os nossos ânimos e
acalmemos os nossos corações diante de tantas tristezas que assolam os nossos
tempos.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 21/07/2013.
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Oportuna a iniciativa do confrade Roberto Caldas em resgatar personalidades que deram exemplo do que é ser um homem público. Homens como Bezerra de Menezes e Darci Ribeiro vivenciaram na Terra dimensões do Homem de Bem, segundo o E.S.E.
ResponderExcluirO homem de bem nasce, quando se manifesta o impulso da vida. Então, é para isso que reencarnamos... para sermos pessoas melhores. E a caminhada não é fácil, mas sempre se pode dar mais um novo passo quando se vislumbra no horizonte a conquista íntima de crescimento. Prossigamos!
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