Por Sérgio Aleixo (*)
“[...]
caros discípulos, aquele que foi sagrado por São Paulo vem dizer-vos que vossa
missão é sempre a mesma, porquanto O PAGANISMO ROMANO, SEMPRE DE PÉ, SEMPRE
VIVAZ, AINDA ENLAÇA O MUNDO, como a hera enleia o carvalho. Deveis, pois,
espalhar entre os vossos irmãos infelizes, escravos de suas paixões ou das
paixões alheias, a sã e consoladora doutrina que meus amigos e eu viemos vos
revelar, por nossos médiuns de todos os países.” [Revista Espírita. Out/1861. Epístola de Erasto aos Espíritas
Lioneses. F.E.B., p. 440.]
Deixemos de mimos ecumênicos. Deixemos isso ao Papa
e seu séquito, a esse paganismo litúrgico da Roma imperial, até hoje
incrivelmente mal disfarçado de Cristianismo, que só quer a nossa servidão.
Ecumenismo? Talvez haja sido, isto sim, o que Kardec viu quando entre os
espíritas de sua querida Lyon, assim descrito pelo citado guia espiritual:
“Não podeis acreditar quanto nos é doce e agradável presidir ao vosso banquete, onde o rico e o artesão se acotovelam, brindando à fraternidade; onde O JUDEU, O CATÓLICO e O PROTESTANTE podem sentar-se à mesma comunhão pascal. Não podeis imaginar quanto me sinto orgulhoso de distribuir a cada um de vós os elogios e o encorajamento que O ESPÍRITO DE VERDADE, NOSSO BEM-AMADO MESTRE, ordenou-me conferisse às vossas piedosas coortes.” [Revista Espírita. Out/1861. Epístola de Erasto aos Espíritas Lioneses. F.E.B., p. 442.]
Isso, sim, foi ecumênico! A Igreja se insurge hoje,
pela voz daquele a quem considera sucessor de Pedro, contra a cultura da
eficiência e do pragmatismo, em nome de outra, de comunhão e de encontro.
Sedutor. Mas haverá algo mais eficiente e pragmático do que jesuítas em ação? E
agora chegaram ao trono de Roma! Oras, que tipo de comunhão restou do encontro
desses soldados do Papa com os grupos humanos que foram seus alvos? Ah!
Estejamos alerta, kardecistas! Não fomos esquecidos por eles! Haja vista todos
os sectarismos mediunistas que, só agora, apavoram certos espíritas, mas que
são filhos diletos do rustenismo e de seu sucessor moderno: o xavierismo
febiano.
Certa vez, num ensaio interpretativo acerca dos
anjos decaídos, do paraíso perdido e do pecado original, Kardec tentou
justificar o dogma da Imaculada Conceição, especulando ser Maria um espírito
adiantado, não pertencente à turma de almas exiladas na Terra há mais ou menos
seis mil anos. Digna de reflexão, foi a advertência de um Espírito, depois
remetida ao mestre e por ele mui honestamente publicada no seu Jornal de Estudos
Psicológicos, a Revista Espírita:
“[...] é preciso ser franco – há uma coisa que me contraria: por que falar desse dogma da Imaculada Conceição? Tivestes revelações concernentes à mãe do Cristo? Deixai essas discussões à Igreja Católica. Lamento tanto mais essa comparação, quanto mais os padres crerão e dirão que vós lhes quereis fazer a corte.” [Op. cit. Abr/1862. F.E.B., p. 164.]
Que diria esse mesmo espírito hoje, no Brasil,
sobre os mimos dispensados por certos espíritas ao novo Bispo de Roma e respectivo
séquito?... Imagino que seria algo como: “Sossegai
o facho. Deixai à Igreja Católica seus eventos. Ou o clero dirá que lhes
quereis fazer a corte”.
Aos 9 de outubro de 1861, no exato lugar onde eram
executados os criminosos condenados ao último suplício, o Bispo de Barcelona
ordenou fossem queimados trezentos volumes e brochuras sobre o Espiritismo.
Julgou-se no direito de fazê-lo, após negar o pedido de reexportação das obras
cujas taxas alfandegárias estavam pagas, sob a seguinte alegação: “A Igreja Católica é universal; e sendo
estes livros contrários à fé católica, o governo não pode consentir que venham
perverter a moral e a religião de outros países”. Que os espíritas que fazem
hoje a corte ao clero não se esqueçam disso! [Cf. Revista Espírita. Nov/1861. Resquícios da Idade Média.]
Uma profecia para encerrar? Sim. Aqui a tenho. Por
que não? Quem sabe nalgum universo paralelo já não se cumpre presentemente.
Quem sabe não venha tragar o universo tido e havido por conhecido. (Sem
problema quanto ao eco; trata-se da essência da alma.)
“O Espiritismo é chamado a desempenhar imenso papel na Terra. Ele reformará a legislação ainda tão frequentemente contrária às leis divinas; retificará os erros da História; restaurará a religião do Cristo, que se tornou, nas mãos dos padres, objeto de comércio e de tráfico vil; instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem se deter nas franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um altar. Extinguirá para sempre o ateísmo e o materialismo, aos quais alguns homens foram levados pelos incessantes abusos dos que se dizem ministros de Deus, pregam a caridade com uma espada em cada mão, sacrificam às suas ambições e ao espírito de dominação os mais sagrados direitos da Humanidade.” - Um Espírito. [Obras Póstumas. 15 de abril de 1860. F.E.B., p. 362.]
(Escrito
após a Homilia de Sua Santidade na Catedral Carioca.)
(*) Comunicador, palestrante e escritor dedicado ao Espiritismo. Presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Rio de Janeiro.
Parabéns texto bastante esclarecedor.
ResponderExcluirSaúde e paz!!!!