quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O EXEMPLO CHAMADO BEZERRA DE MENEZES ¹









Por Roberto Caldas (*)



                O Brasil está vivendo um momento extremamente especial em sua história atual. Os donos do país resolveram cobrar a conta. Começaram a fazer isso ocupando as ruas e mostrando a sua insatisfação numa efervescência que deixou os detentores dos três poderes completamente desnorteados, diante do clamor da multidão que representava o cansaço da população com o mundo político. Esse fenômeno colocou para fora dos palácios o que já sabíamos - nunca houve um plano de longo prazo para fazer o país navegar rumo à estabilidade e ao progresso - o que justifica as atitudes de açodamento e robusteza apenas aparente que estampou por completo, de corpo e alma, a incapacidade administrativa, parlamentar e emocional dos nossos dirigentes.
            Diante de tamanho impasse gerado pela queda das máscaras ficou difícil encontrar um único personagem que pudesse ocupar, com virtuosismo e responsabilidade, honestidade e caráter, o lugar de homens que deram ao cenário político brasileiro a qualidade de honradez e respeito representados por José do Patrocínio, Ruy Barbosa e Afonso Arinos.
A ausência de biografias disponíveis no cenário nacional dos anos 2000 traz à lembrança a figura do venerando mentor espiritual Adolfo Bezerra de Menezes. Nascido em um grotão das terras cearenses, durante a sua encarnação findada no início de 1900 conseguiu ser exemplo nas suas atividades como médico, político e espiritualista que se tornou espírita depois dos 50 anos. Defendeu em todas as suas atitudes o comprometimento e a lisura com o espírito de solidariedade, a dedicação às causas sociais e humanas como as únicas formas de mudança da sociedade. Após a chegada ao mundo espiritual a sua afeição à pátria brasileira foi a motivação responsável pela sua permanência na psicosfera do planeta.  A sua visão ampliada de transformação pode servir de inspiração para o atendimento das nossas necessidades imediatas, mas principalmente para a execução de planos de médio e longo prazo no estabelecimento de uma nova ordem social e política. Adverte quanto ao imperativo da ação grupal ao assinalar que “solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.” No campo das ações entende os graves problemas, mas arremata que “a situação requer urgência, mas não demanda pressa” porque a urgência estabelece o foco de busca da solução enquanto a pressa precipita a perda do bom senso, justamente o que vemos acontecer nas respostas dos nossos representantes legislativos e administradores do executivo.

Momentos como esse que estamos vivendo no Brasil requer o reforço mental das biografias de homens como Bezerra de Menezes que conseguiram viver o clima das incertezas políticas sem se deixarem misturar às práticas individualistas ou serem levados por objetivos ideológicos obscuros, mesmo correndo o risco de não serem aceitos, ainda assim se expuseram sem receios, cientes de que o maior risco que ameaça o homem honesto é a perda de sua dignidade. Na concepção de Bezerra de Menezes “Espírito algum construirá a escada de ascensão sem atender às determinações do auxílio mútuo”. Torcemos para que o povo brasileiro tenha encontrado o caminho para a construção de uma sociedade mais justa para todos, embora saibamos que a estrada ainda tem muito chão para ser caminhado.


¹ editorial do programa Antena Espírita de 14.07.2013.
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

Um comentário:

  1. Com certeza a união voltada nos princípios do bem comum,fará a diferença em qualquer lugar deste planeta.

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