Por Roberto Caldas
(*)
O
Brasil está vivendo um momento extremamente especial em sua história atual. Os
donos do país resolveram cobrar a conta. Começaram a fazer isso ocupando as
ruas e mostrando a sua insatisfação numa efervescência que deixou os detentores
dos três poderes completamente desnorteados, diante do clamor da multidão que
representava o cansaço da população com o mundo político. Esse fenômeno colocou
para fora dos palácios o que já sabíamos - nunca houve um plano de longo prazo para
fazer o país navegar rumo à estabilidade e ao progresso - o que justifica as
atitudes de açodamento e robusteza apenas aparente que estampou por completo,
de corpo e alma, a incapacidade administrativa, parlamentar e emocional dos
nossos dirigentes.
Diante
de tamanho impasse gerado pela queda das máscaras ficou difícil encontrar um
único personagem que pudesse ocupar, com virtuosismo e responsabilidade,
honestidade e caráter, o lugar de homens que deram ao cenário político
brasileiro a qualidade de honradez e respeito representados por José do
Patrocínio, Ruy Barbosa e Afonso Arinos.
A ausência de biografias disponíveis no
cenário nacional dos anos 2000 traz à lembrança a figura do venerando mentor
espiritual Adolfo Bezerra de Menezes. Nascido em um grotão das terras
cearenses, durante a sua encarnação findada no início de 1900 conseguiu ser
exemplo nas suas atividades como médico, político e espiritualista que se
tornou espírita depois dos 50 anos. Defendeu em todas as suas atitudes o
comprometimento e a lisura com o espírito de solidariedade, a dedicação às
causas sociais e humanas como as únicas formas de mudança da sociedade. Após a
chegada ao mundo espiritual a sua afeição à pátria brasileira foi a motivação
responsável pela sua permanência na psicosfera do planeta. A sua visão ampliada de transformação pode
servir de inspiração para o atendimento das nossas necessidades imediatas, mas
principalmente para a execução de planos de médio e longo prazo no estabelecimento
de uma nova ordem social e política. Adverte quanto ao imperativo da ação
grupal ao assinalar que “solidários, seremos união. Separados uns dos outros
seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos
propósitos.” No campo das ações entende os graves problemas, mas arremata que
“a situação requer urgência, mas não demanda pressa” porque a urgência
estabelece o foco de busca da solução enquanto a pressa precipita a perda do
bom senso, justamente o que vemos acontecer nas respostas dos nossos
representantes legislativos e administradores do executivo.
Momentos como esse que estamos vivendo no
Brasil requer o reforço mental das biografias de homens como Bezerra de Menezes
que conseguiram viver o clima das incertezas políticas sem se deixarem misturar
às práticas individualistas ou serem levados por objetivos ideológicos
obscuros, mesmo correndo o risco de não serem aceitos, ainda assim se expuseram
sem receios, cientes de que o maior risco que ameaça o homem honesto é a perda
de sua dignidade. Na concepção de Bezerra de Menezes “Espírito algum construirá
a escada de ascensão sem atender às determinações do auxílio mútuo”. Torcemos
para que o povo brasileiro tenha encontrado o caminho para a construção de uma
sociedade mais justa para todos, embora saibamos que a estrada ainda tem muito
chão para ser caminhado.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 14.07.2013.
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Com certeza a união voltada nos princípios do bem comum,fará a diferença em qualquer lugar deste planeta.
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