Por Gilberto Veras(*)
Allan Kardek, pseudônimo do francês de Lyon,
mestre incumbido de organizar a doutrina espírita revelada mediunicamente por
espíritos superiores, e de conteúdo filosófico, científico e religioso, propiciou
ao mundo espírita, por sua obra, a frase
“amai-vos e instruí-vos”, amplamente divulgada e oriunda de apelo do Espírito
da Verdade, registrado no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo (capítulo VI,
item 5) com absoluta clareza assim “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro
ensinamento, instruí-vos, eis o segundo.” Ao analisar esse princípio educativo,
é dever nosso buscar raciocínio e sensibilidade compatíveis com a autoridade
moral e sapiência do autor. Certamente, não foi o acaso
que estabeleceu a ordem dos dois verbos, determinante na recomendação
construída pelo amparo da moralidade e da intelectualidade (amar, primeiro, e
instruir, depois). Inteligências atuantes solicitam esclarecimentos, e não me
furto a dá-los, o que farei aqui, neste espaço literário.
Em todo projeto de ensino orientador não se
deve relevar a importância do princípio de propósitos, senão incorreremos na
fragilidade do fim pretendido. E não há porque excluir da regra a pretensão
espírita, providência divina que deve atender desígnios amorosos, direcionada
ao progresso da humanidade cuja destinação se apresenta na imagem prometida da
Felicidade, conquistada pelo Espírito aperfeiçoado, aquele que galgou patamar
credenciado ao exercício do digno trabalho de mensageiro do Criador, sob a luz
da moral e sabedoria plenas.
É observado no movimento espírita, pelo menos
no Brasil, retardamento de aceitação do Espiritismo, a carência é geral, e as
casas da doutrina de luz e esperança, quando avançam (a duras penas) é em troca
de insistentes trabalhos da boa vontade e perseverança de poucos, núcleos são
formados, mas não navegam em mares tranquilos da fraternidade, onde o único
fator de movimento próspero e abençoado é o amor. A mim parece óbvio que a
causa dessa dificuldade lamentável está no descaso dado ao princípio básico que
deve nortear a formação dos grupos e casas espíritas. Cumprir
a lei do amor é dever primordial, a instrução, no início do processo, tem a
finalidade apenas informativa, porém o princípio da prática espírita é o sentimento
áureo que deve se espelhar nos exemplos morais do Mestre Galileu, assim é que construiremos
o alicerce poderoso da Doutrina para que frutos divinais da árvore evangélica
sejam objetos de interesse e motivação daqueles que foram chamados e poderão
ser escolhidos, este, o primeiro passo, e o segundo (instruir) será dado para
manutenção, consciente e racional, do amor básico que, desse modo, é
fortalecido cada vez mais. Infelizmente,
não é assim que se comporta o movimento espírita, a prioridade costuma ser
invertida, e, transferida para a instrução, atropela a base, em atitudes
nocivas do egoísmo e da vaidade sedutora que arrefecem interesse pela causa e
ocultam a mensagem redentora oferecida à humanidade. A consequência é
comprometedora, pois contraria leis superiores que apontam para a Ordem e o
Progresso.
Pensem nisso, ainda há tempo, nunca é tarde
para recomeçar com a luz da verdade. (*) poeta e escritor espírita, autor das obras A Recompensa do Bem, Contos Conclusivos, Extrato do Ser.
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