Por Roberto Caldas (*)
No mundo das formas DEMONSTRAR parece ser a maneira mais
fácil de buscarmos a aceitação das pessoas e instituições. As nossas atitudes
revelam facetas internas que atestam as afinidades que declaramos na
objetividade dos fatos que a ação provoca. Quando esboçamos movimentos que
contrariam as concepções internas que valorizamos, isso cria um espaço entre o
pensamento e a ação projetando uma dupla intencionalidade. Assim iniciamos uma
trajetória de perda de identidade que nos faz resvalar na perigosa estrada
pavimentada pelo verniz do disfarce. O pensamento e o discurso parecem retratar
duas pessoas quando na contemplação do espelho, nem sempre vistas pelos
companheiros do caminho, alheios ao nosso movimento de perda de rumo.
O desejo
de IMPRESSIONAR é uma das formas mais hábeis de fugir à simplicidade de ser o
que se é e contextualiza uma equivocada estratégia de pregar às multidões uma
realidade que não tem ressonância no coração. Buscar a conversão do pensamento
do outro, sem se questionar o que podemos fazer de importante com a informação
que dispomos em nossa própria existência, é sinal de que acreditamos na
possibilidade modificar o mundo sem nos comprometermos com a nossa própria
mudança.
O engodo
de querermos achar a felicidade, como se fosse uma instância a ser alcançada
depois de dias e noites de sofrimento, assemelha-se ao objetivo do encontro com
Deus sob o rótulo de instituições ou baseados em meros conceitos teológicos.
Frequentemente confundimos os movimentos tipicamente internos, aqueles que
passam despercebidos pelo mais cuidadoso avaliador, e que se processam no mais
profundo dos nossos silêncios, esquecidos de que a concretização de metas
espirituais não precisa de aplausos ou fazer parte de espetáculos pirotécnicos.
A
necessidade de vivermos agrupados, até para que compartilhemos experiências
exitosas no enriquecimento coletivo, deve nos despertar para a fortificação dos
nossos sentimentos e emoções para que reforcemos a nossa capacidade de SER,
integrada e ao mesmo tempo sem perdermos a capacidade individual de discernir
qual o nosso ponto de convergência entre o pensar, o sentir e o fazer diário.
Precisamos viver coletivamente e em constante avaliação quanto aos valores que
selecionamos para ser o norte do nosso caminho.
Materializar
os ganhos espirituais passa pela aquisição de um comprometimento com o plantio
diário de uma conduta de aceitação e transformação da realidade, qualquer que
seja ela, no oculto espaço em que cumprimos as tarefas rotineiras transformando
o espaço que nos cabe no planeta em Templo de Deus, numa adoração ao poder
divino que se expressa no ato da vida comum.
Buscar
formas externas para viver uma espiritualidade, que importa apenas intimamente,
com ruídos e estratégias para parecer o que não é verdade íntima, apontando
para a conquista de um Deus exterior, é a maneira mais efetiva para a perda do
contato com o Deus interno que habita em nossa mente e no nosso coração.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 13.10.2013.
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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