Entender Depressão enquanto doença não é uma
tarefa fácil. Isso porque o termo Depressão descreve uma manifestação comum a
uma série de alterações bioquímicas cerebrais diferentes entre si, que dão as
tonalidades, ou a falta delas, à doença.
Existem
tipos principais de manifestações da Depressão, a Depressão Maior, que é
caracterizada pelo impedimento quase total, quando não pleno, do paciente, que
interrompe suas atividades e relacionamentos normais, tem alteração do padrão
de sono e do apetite, perda da libido, ou seja, a perda do prazer de viver.
Outro tipo comum de manifestação é a Distimia, que é um quadro arrastado de
Depressão, ou seja, o paciente tem humor deprimido, irritado, que se arrasta
por anos, afetando também seu sono e o prazer de viver. Outros tipos de Depressão também importantes são a Depressão
Psicótica, onde a doença se confunde com outros transtornos mentais pela
presença de delírios e alucinações, ou seja, além da depressão o paciente
apresenta medo patológico, descreve que ouve vozes ou relata como real um fato
que não ocorreu senão em sua mente. E também a Depressão Pós-Parto, que ocorre
após o parto, ou mesmo durante a gestação.
Várias
doenças orgânicas podem desencadear Depressão, que se torna secundária, ou
decorrente dessas doenças. Entre as doenças que podem provocar Depressão, as
mais frequentes são todos os tipos de câncer, diabetes, AIDS, Hipotireoidismo,
Doença de Parkinson, doenças cardíacas como Insuficiência Cardíaca e doenças
pulmonares crônicas, como o Enfisema e a Asma.
A
doença tem um custo elevado. Estima-se custo anual de 83 bilhões de dólares nos
Estados Unidos e 113 bilhões de euros, na Comunidade Européia. No Brasil, os
custos não são menores pois a incidência de Depressão entre brasileiros é
equivalente à incidência no restante do mundo.
Outro
custo da Depressão não tem preço, é a incidência aumentada de suicídio entre as
pessoas com Depressão de todos os tipos e formas. Karl Heirich Fierz,
psiquiatra suíço (Fierz, K.H., Psiquiatria Junguiana, 1997, Editora Paulus),
afirma que o suicídio, ou sua tentativa, pelo paciente com Depressão deve ser
entendida como o desejo de renascimento, como o mito da fênix, a ave egípcia
que mergulha no fogo e renasce das cinzas.
Quando
olhamos o risco de suicídio por grupos de faixa etária de pacientes com
Depressão, o grupo de maior risco é o dos idosos, com idade superior aos 80
anos e não o grupo de pacientes adultos jovens. Outro grupo de pacientes que
merece atenção é o grupo mais jovem, dos adolescentes, onde o risco de suicídio
também é considerável.
Finalmente
chego ao que me proponho neste texto, o que a abordagem médico-espírita tem a
oferecer ao tratamento complementar da Depressão. Na questão 943 de O Livro dos
Espíritos (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, ed, FEB), o desgosto pela vida
é analisado como causado por três grandes fatores, a ociosidade, a falta de fé
e a saciedade.
A
finalidade de todo trabalho, toda atividade do homem, deve ser o benefício para
si próprio mas também deve beneficiar seu próximo, assim alcançando a
sociedade. Todo trabalho que visa somente a si mesmo, é considerado trabalho
inútil e como uma ociosidade, segundo a interpretação espírita das leis
divinas. Mais que isso, o trabalho deve ter uma finalidade útil e ser realizado
conforme a aptidão de cada um. Desenvolver as aptidões naturais da pessoa,
envolve-la no desempenho dessas aptidões para o benefício do próximo e de si
mesmo é um dos pontos que devem ser considerados no tratamento da Depressão.
Marino
viveu na Argentina até os 21 anos, quando mudou-se para o Brasil e fez carreira
como pintor de imóveis. Aos 42 anos entrou em crise depressiva grave, iniciou
tratamento e, nas consultas médicas, declarou que sempre trabalhou para seu
sustento e de sua família mas nunca fez o que gostava, o que realmente seu
espírito pedia, que era cozinhar. Estimulado a exercer a atividade ao menos uma
vez por semana, integrou-se em um grupo que serve alimentos aos moradores de
rua, sendo o responsável pela cozinha das atividades dos sábados. A resposta ao
tratamento da Depressão foi extremamente positiva após Marino doar algumas
horas como cozinheiro em auxílio a pessoas carentes.
A
falta de fé não se expressa na ausência de religiosidade. Falta de fé começa
por perder-se a fé em si mesmo, em se desencorajar de viver. Nasce geralmente
da perda de algo valioso, na infância ou em vidas passadas, que é evocado por
um episódio simbolicamente equivalente, quando da manifestação da Depressão.
Paula
tinha 7 anos quando sua mãe pulou da janela do apartamento, localizado no 6º
andar do edifício. Aos 20 anos apresentou quadro de Depressão Maior, de difícil
tratamento. Não saía de casa, recusava-se aprender a dirigir por sentir-se
incapaz e pensava em abandonar a faculdade. Com muita resistência, conseguiu
relatar à sua terapeuta a morte de sua mãe e o que realmente sentiu. Foram
momentos de muita dor. Após 12 semanas já conseguia sair de casa para
atividades prazerosas, como ir ao cinema. Passou a acreditar mais em si mesma e
matriculou-se em auto-escola. Continuou seu curso na faculdade.
Saciedade
é a perda da sede de viver, a perda dos motivos que nos mantém vivos por
considerarmos que já nos saciamos de todos eles. Paradoxalmente, a saciedade
nos leva a uma situação de busca contínua de algo diferente, algo que nos
motive. É decorrente do materialismo, que impede o homem de enxergar além da
realidade imediata.
Eudes
convenceu-se de procurar o médico após insistente pedido de sua esposa. Foi
realizado diagnóstico de Distimia e iniciado tratamento mas uma peculiaridade
chamou a atenção na consulta, Eudes tinha necessidade de comprar
compulsivamente, para encontrar algo que o fizesse descobrir motivo para viver,
mas a cada compra sentia-se como aquela sensação de ter comido em exagero e
continuar buscando algo diferente para dar um novo gosto na boca. Estava
endividado e não teve outra solução senão vender um dos carros da casa. Isso o
fez acompanhar sua esposa em uma atividade voluntária semanal, onde servia como
voluntária em um hospital pediátrico. Em menos de um mês Eudes integrou-se com
o grupo e experimentou satisfação em estar vivo.
Depressão
é uma doença, deve ser tratada sempre, jamais deve ser considerada uma doença
de fundo moral. Tentar entendê-la em uma abordagem ampla, como a oferecida pelo
modelo médico-espírita, é abrir novas possibilidades ao tratamento complementar
dessa grave doença.
(*) Jorge Cecílio Daher Jr. é médico
endocrinologista do Hospital Geral de
Goiânia, pesquisador clínico da RDM Pesquisas Médicas e médico do Hospital
Espírita de Psiquiatria, Sanatório Espírita de Anápolis.
Concordo apenas em parte com os comentários, pois toma, na minha opinião, uma perigosa direção de generalizar gravidades e linearizar propostas de tratamento. Roberto Caldas
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