Por Francisco Castro(*)
Estamos enfrentando momentos muito graves,
cresce de forma assustadora a violência contra a vida. Recentemente uma
Promotora de Justiça foi à televisão e anunciou que há mais de um milhão de
mandados de prisão que não são cumpridos por falta de presídios, para ela seria
necessária a construção de mais de mil presídios, como solução para esse grave
problema.
No Brasil, segundo dados publicados
recentemente sob o título de mapa da violência 2013, ficamos sabendo que o
Brasil mantém uma taxa média de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes, e que
essa taxa coloca o Brasil entre os vinte países mais violentos do mundo.
Dos Estados brasileiros, os cinco mais
violentos são: Alagoas com 55,3, Espírito Santo com 39,4, Pará com
34,6, Bahia com 34,4 e Paraíba com 32,8. Os números que acompanham o nome de
cada estado são de homicídios por cem mil habitantes.
Some-se a isso a forte campanha pela legalização do
aborto, que não deixa de ser um homicídio dos mais repugnantes, porque a vítima
ainda não pode se defender, não pode sequer pedir por socorro, só quem pode
ajudá-lo é a consciência da própria mãe.
Sem dúvida os dados acima e outros sobre a
violência que circulam na mídia, não apenas são preocupantes, diria que são
aterradores, para um País reconhecidamente pacífico como o Brasil.
Para aquela Promotora de Justiça a solução é a
construção de mais presídios, para outros são mais policiais nas ruas, maior
aparelhamento da força policial, ou seja, mais armas, mais veículos e mais, e
mais. Será?
Não se pode esconder que, no curto prazo, é preciso
que alguma coisa seja feita, mas a solução definitiva somente pode ser
vislumbrada no longo prazo, e o maior investimento a ser feito deve ser em
educação, mas a solução, embora passe pela necessidade de mais escolas, porque
a população cresce anualmente, não será vislumbrada pelo aumento do número de
escolas ou do salário dos professores.
A nosso ver não é da educação que se oferece nas
escolas que virá a solução, claro que as escolas não podem ser excluídas desse
processo de salvamento da população, mas precisamos definir um outro tipo de
educação.
Allan Kardec, na questão 379 de “O Livro dos
Espíritos”, pergunta se o Espírito de uma criança é tão desenvolvido como o de
um adulto, obtendo como resposta dos Espíritos codificadores, “que pode até ser mais, se mais progrediu”.
Mais adiante, na questão 383 também da mesma seção
de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec indaga: Para o Espírito, qual a
utilidade de passar pelo estado de infância? E obtém a seguinte resposta dos
Espíritos que: “encarnando com o objetivo
de se aperfeiçoar, o Espírito durante esse período, é mais acessível às
impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que
devem contribuir os incumbidos de educá-lo”.
Dessa resposta podemos ressaltar três pontos
importantes, o primeiro é que os espíritos se aperfeiçoam através do processo
reencarnatório, ou seja, vivendo uma nova experiência no corpo; segundo, que no
período da infância no corpo, o espírito é mais permeável às impressões que
recebe; e terceiro, que essa incumbência cabe à família, portanto, a educação
dos Espíritos encarnados, na fase da infância, cabe aos pais.
Para
esclarecer melhor essa responsabilidade dos pais, transcreve-se, com destaque,
a parte final da resposta dos Espíritos à questão 385 proposta por Allan
Kardec:
“A
infância ainda tem outra utilidade. Os Espíritos só entram na vida corporal
para se aperfeiçoarem, para se melhorarem. A delicadeza da idade infantil os
torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devam fazê-los
progredir. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os
maus pendores. Tal o dever que Deus impôs aos pais, missão sagrada de que terão
de dar contas. Assim, portanto, a infância é não só útil, necessária,
indispensável, mas também consequência natural das leis que Deus estabeleceu e
que regem o Universo.”
Como se vê, os Espíritos deixam muito claro que é
nessa fase infantil que se podem os reformar os caracteres e reprimir os maus
pendores, missão sagrada conferida aos pais, portanto, o papel da escola não é
o de substituir a tarefa dos pais, a cada um cabe cumprir a sua parte, e o da
escola é, principalmente, o conhecimento, além de reforçar o papel da família.
Mais
adiante, em outro capítulo de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec acrescenta
um comentário à questão 685, no qual ele diz textualmente: “(...)
Não nos referimos, porém, à educação
moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a
educação é o conjunto dos hábitos adquiridos”.
Nesse
momento, talvez seja de capital importância perguntar-se: quais os hábitos que
são importantes para a formação do caráter dos indivíduos, e que são adquiridos
ainda na infância no seio da família? Sem pretender esgotar o rol, ouso sugerir
os seguintes: a) O de respeitar a si mesmo, aos pais e às pessoas em geral; b)
o de respeitar à vida em todas as suas manifestações, ou seja, das plantas, dos
animais, de si próprio e dos outros; c) o da disciplina, da higiene, da
honestidade, do trabalho, da oração, etc.
Ora,
caros leitores, fazendo-se a necessária conexão entre as transcrições acima, do
pensamento dos Espíritos codificadores, e ressaltando-se, sobremaneira, o papel
do ambiente familiar, ou seja, a tarefa dos pais, a fim de dar o suporte
necessário ao papel dos professores na escola, sem esse mister inicial realizado com êxito, a tarefa seguinte, que cabe ao
ambiente escolar, não pode ser coroada pelo sucesso.
Daí
ser da maior importância o refletirmos sobre o papel da família para reverter
esse processo, o quadro de violência e corrupção que enfrentamos, que não é
tarefa de dias, de meses, nem de anos simplesmente, mas tarefa de décadas, e
que, quanto mais tarde começarmos, mais distante será o horizonte a se
vislumbrar.
Ao
colocarmos a base da solução desse grave problema, sobre os ombros da família,
não significa que estejamos olvidando, ou querendo omitir, o papel daqueles que
enveredam pelas tarefas de governo.
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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