Por Roberto Caldas (*)
Oramos por que, para
que, para quem? Será que já nos perguntamos isso quando nos sobrevém o desejo
de orar?
Indubitável que utilizamos o foco
dos pensamentos em oração para um ponto além daquele em que estamos envolvidos,
intentando alcançar um nível acima de nossas competências e julgamos ser
ouvidos quando direcionamos uma solicitação, um agradecimento ou uma louvação.
Invariavelmente, Deus seria o alvo pretendido, pois segundo o comentário de
Allan Kardec na questão 06 de O Livro dos Espíritos, a ideia que fazemos de
Deus é uma crença intuitiva e universal, não apenas resultante da educação ou
conhecimentos adquiridos, senão não estaria presente nos povos mais primitivos.
Aprendemos, portanto que as orações se dirigem à Deus e Ele nos escuta e atende
dentro das conveniências de Suas prerrogativas. Será?
Ousamos dizer que cometemos um
engano quando julgamos que o Imutável se adéqua às variáveis do nosso
pensamento. Seja qual for a necessidade que expomos ao orar, ela se enquadra a
uma identidade energética que esboçamos no justo momento em que nos alcança,
pois os fatos que acontecem em nossa vida estão articulados com a vibração
gerada pelo nosso pensamento atual ou correspondem àquela vibração pretérita
que agora é respondida pelo Universo. Justo então afirmar que nada nos sucede
por acaso ou de forma injusta, quando tratamos de uma visão espiritual
interagindo nos processos mais rotineiros de uma existência qualquer. A
diferença se dá pelo fato de reconhecermos ou não a ocorrência da Lei de Causa
e Efeito que faz do mundo em que vivemos e todos os acontecimentos aqui gerados
uma oficina de aprendizados para o nosso aperfeiçoamento, sob as graças dessa
lei que expressa a justiça divina em nossas vidas.
A falta de reconhecimento desses
domínios espirituais em nossa prática é que nos permite julgar que fazemos a
ordem das coisas se moverem em nossa direção quando oramos, daí direcionarmos
os nossos pensamentos na solicitação de mudança dessa ordem. Ledo equívoco de
interpretação. A ordem das coisas não se transforma aos nossos pedidos e Deus
não seria Deus se precisasse de nossas idéias para estabelecer a harmonia do
Universo. A oração deve ser compreendida e empreendida como um movimento nosso
para ajustar a nossa vibração ao movimento natural das leis imutáveis. Somos
nós que precisamos afinar a sintonia para entrarmos na recepção das ondas
mentais harmonizadoras, que se encontram ao alcance de qualquer mente disposta
à mudança vibracional. Significa que, enfim a nossa oração se dirige e volta ao
nosso próprio processo de refinamento espiritual, apesar de pretendermos
alçá-la para alvos externos a nós, culturalmente educados para tal.
Lembremos que Jesus determinou a
necessidade da oração em nossas vidas (Mateus – XXVI: 41): “Vigiai e orai para
que não entreis em tentação...”. O mestre indica que o pensamento em ordem pela
oração é força que nos livra do mal, mas estabelece que a atitude, representada
pelo verbo vigiar, é a mais forte evidência da disposição de quem pretenda
estar afinado com as forças espirituais harmonizadas, as quais se dispõem
indistintamente, a quem se permita acessá-las a partir da admissão de uma nova
postura de vibração e atitudinal.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 01.12.2013
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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