Por Roberto Caldas (*)
Quais mesmos são os
objetivos que intentamos quando nos voltamos a qualquer das práticas que
desenvolvemos no mundo? Ocupamos a maior parte de nossas vidas adultas em
atividades que consomem os dias e nos remetem a certos resultados que não
necessariamente correspondem aos nossos desejos. Será alcançar o nível cultural
mais alto, a aquisição da moradia pretendida, uma soma bancária tranquilizadora,
a educação dos filhos, uma velhice tranquila, provarmos que podemos a alguém
que não nos dá crédito, o almejo da salvação depois da morte?
Qualquer que seja o motivo que nos
move, e cada pessoa possui as suas próprias razões, é fundamental que se saiba
qual. Estar atento ao objetivo nos mínimos passos é que nos deixa atento aos
degraus que nos levam ao alcance da meta estabelecida. Do contrário, facilmente
seremos tomados pelos percalços e dificuldades que se apresentam no cotidiano
de nossas buscas. Então deixamos de manter a atenção naquilo que objetivamos e
passamos a dar atenção aos desvios que começam a ensejar caminhos facilitadores
e logo esquecemos a razão principal do que estamos realmente precisando
alcançar.
É comum que encontremos pessoas que
se queixam da dureza da vida e da escassez de bons resultados. Essas pessoas
estão focalizadas na dor do caminho transformando-a em sofrimento, condição que
machuca sem trazer as alegrias da experiência que faz crescer. Outras pessoas
julgam que Deus, Jesus ou algum protetor haverá de interceder para que as suas
vidas se tornem mais fáceis de ser administradas, algumas vezes se tornam
descrentes porque não logram êxito por esse caminho.
A questão 919 de O Livro dos
Espíritos (Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e
resistir aos arrastamentos do mal?) respondida por aquele que desempenhara na Terra
com a identidade de Agostinho de Hipona, nos indica o caminho: “Um sábio da
Antiguidade vos disse: “Conhece-te a ti mesmo”. Sugere ainda, questionado
quanto aos meios de conseguir-se tal objetivo de se conhecer, que a reflexão
antes de conciliar o sono para descobrir os acertos e falhas daquele dia que se
encerra possa vir a ser uma das maiores alavancas de permanecer de olhos
voltados para o que pretendemos alcançar nessa existência.
Ao contrário do que muitos pregam,
que deveremos esperar em Deus, a atitude de quem almeja precisa ser de
confiança em Deus sim, sem jamais deixar de lembrar que o Apóstolo Paulo nos
advertiu que “a cada um segundo as suas obras” (2ª epístola aos Romanos,
versículo 6), daí não podemos esperar que Deus faça a parte que nos compete na
consecução de nossas opções de aprendizado e aquisição de experiências. O
conhecimento de si mesmo é grande chave para a prática do amor a Deus e ao
próximo, mandamento único sintetizado por Jesus para quem desejasse viver em
abundância.
Descobrir com que objetivo
despertamos todas as manhãs, mercê da compreensão que a Doutrina Espírita nos
oferece a respeito da eternidade, imortais que somos, é a chave para tornarmos
exitosa a nossa existência no mundo dos encarnados. Transformar as dificuldades
em experiência, não em sofrimento, é a maior prova de autoconhecimento e fé no
futuro.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 12.01.2014.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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