segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A TERRA ALCANÇARÁ O TEMPO DA FRATERNIDADE ¹






Por Roberto Caldas (*)


Aristóteles (384 a 322 a.C), discípulo de Platão, afirma que o homem é um animal social. Nessa expressão “animal social” crava a dualidade da existência humana indicando que se trata de um ser gregário, aquele que é levado pela natureza a estar próximo de outros da mesma espécie, ao mesmo tempo em que se constitui em um ser livre, aquele que tem a capacidade de escolher com quem se agrupa. Essa peculiaridade torna a humanidade, palavra que define o coletivo da espécie humana, uma sociedade que difere das bem projetadas e quase perfeitas sociedades animais, como são as colméias e os formigueiros, nas quais o indivíduo não tem a opção senão de estar lá, numa disposição imutável.

            Nas sociedades animais está presente o senso de tropismo e de sobrevivência, enquanto na humana, além desses, impera as qualidades vinculadas à emoção e aos sentimentos, o que torna complexas as relações e instáveis também. O ser humano pode e muda de idéia e de postura, esse o contraditório das relações. Podemos ser diferentes a cada momento dependendo das dores e gratificações que as circunstâncias dispõem a nossa frente.

            A maior aventura que nos aguarda, no momento em que nos dispomos a dar um passo que seja no mundo das relações, é sabermos quem somos e o que desejamos encontrar nas pessoas que se encontram nas esquinas e travessias do caminho escolhido. O conhecer-se é condição obrigatória ao amar-se, já dizia a dupla Sócrates/Jesus ao decretarem o conhece-te a ti mesmo e amai ao próximo como a si mesmo. A proposta que está explícita na resposta dos Espíritos à questão 768 de O Livro dos Espíritos quanto aos objetivos dos relacionamentos que travamos estabelece a necessidade da permuta de experiências, visto que não dispomos de todas as faculdades e o isolamento produz enfraquecimento, brutalizando as pessoas. 

            É na convivência que as habilidades humanas são construídas. Não só as opiniões que se mostram concordantes e afins, mas também as divergências e polêmicas são importantes elementos de reflexão, pois os embates de pontos de vista são responsáveis pelos grandes saltos de criatividade que trazem novos tempos para a humanidade.
            Quanto mais plural o mundo, maiores se tornam as nossas chances em escolher a forma mais adequada de posicionar-nos diante das diferentes opções que se mostram adiante. O respeito ao direito de escolha do outro é um importante instrumento para estabelecer a paz no convívio, desde que não represente o calar-se diante de injustiças e crimes, o que deixaria de ser respeito à opinião para se tornar cumplicidade com o delito.

            Reconhecemos que o mundo se agita em torno de temas polêmicos como o aborto, a eutanásia, a redução da idade penal e a pena de morte. Isso cria um cenário de posições típicas de um mundo que não investe em educação espiritual e busca caminhos que pensa criar facilidades enquanto gera dificuldades para o futuro. Tomando posse dos conhecimentos que a Doutrina Espírita nos proporciona precisamos utilizar da sutileza que compreende o direito de livre pensar do outro, mas cabe-nos assumir a posição enérgica de absoluta defesa da vida e da educação, demonstrando absoluta isenção em pactuar com qualquer medida que fomente destruição ou negue a destinação espiritual de cada um dos indivíduos que povoam esse planeta. Demore o quanto necessário for, temos a convicção de que a Terra alcançará com a sua humanidade, o tempo da fraternidade, no qual esse animal social vai se congraçar e festejar a vida, contornadas todas as diferenças, ciente do seu papel de ser evolutivo.

(¹) editoria do programa Antena Espírita de 14.04.2013

(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

2 comentários:

  1. "Tomando conhecimento da Doutrina Espírita (...) cabe-nos assumir a posição enérgica de absoluta defesa da vida e da educação, demonstrando absoluta isenção em pactuar com qualquer medida que fomente destruição ou negue a destinação espiritual de cada um dos indivíduos que povoam esse planeta." Parabéns, Roberto Caldas!

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  2. Só fiz uma rápida leitura... tenho que ler e estudar com mais calma. Muito Importante! Muita Paz!!!

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