terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

PORQUE ADOECEMOS



Este é também o título de dois livros da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais (AMEMG), editados pela Editora Espírita Cristã Fonte Viva, nos quais os diversos autores e trabalhadores dessa instituição buscaram apresentar um modelo do adoecimento, através de temas básicos do Espiritismo conjugados aos conhecimentos da chamada ciência oficial.

As ideias ali apresentadas, embora descritas por profissionais da área da saúde, tem uma base mais filosófica, sendo um modelo bastante interessante, que foi trazido mediunicamente por entidades espirituais vinculados àquela Associação. Mesmo que essas informações estejam limitadas a um grupo de espíritos em sua propagação, permito-me a comentar este modelo, para apreciação dos caros leitores.

Para explicar este caminho, aqueles orientadores espirituais partiram do relato presente no primeiro livro da Bíblia, Gêneses, em seu segundo capítulo que conta o mito do “Paraíso Perdido”. Para os que não têm o hábito da leitura do Antigo Testamento, faço um sumário do texto, convidando os interessados para buscarem o relato em sua totalidade.

Depois de ter criado todas as coisas e reconhecido a necessidade do homem ter uma companheira e trazido à luz a mulher, Jeová chamou-os, mostrando-lhes tudo que existia no Éden e lhes disse: “Tudo que podem ver é para servi-los e deve ser dominado pelos homens, exceção do fruto da árvore que se encontra plantada no centro do paraíso, a árvore da ciência do bem e do mal”. Logo depois, Jeová deixou homem e mulher, Adão e Eva, vivendo naquele jardim paradisíaco. No entanto, a serpente, cuja conduta marcante foi a de enfrentar o Criador, procurou a mulher e lhe disse: “Jeová não quer que comas daquele fruto, porque ele sabe que quando o fizeres, serás como ele e terás o seu poder”. A mulher, diante daquela possibilidade e a partir dos seus próprios sentimentos, tomou o fruto e comeu-o e deu ao homem. Logo depois, Jeová voltou àquelas paragens e sendo percebida a sua chegada por Adão e Eva, eles se descobriram  nus e buscaram esconder as suas nudezas, cobrindo-se com folhagem. Por este gesto, Jeová percebeu o que acontecera e chamando-os à realidade, ouviu da mulher o relato que envolvia também a serpente e o homem. Por isso, Jeová condenou-os à perda do paraíso e ofereceu a cada um deles uma pena particular. Para a serpente: “E tu, arrastarás pelo chão e serás pisada na cabeça pelos pés da mulher”; - “E tu, mulher, parirás em dor”; - e para Adão: “Ganharás o pão com o suor do teu rosto”.

Diante deste mito, os espíritos orientadores da AMEMG explicaram: Adão e Eva representam toda a humanidade, o varão é o aspecto racional e a mulher o lado do sentimento. A serpente é uma parte do ser que representa a rebeldia, a qual mora na individualidade quando a criatura conhecedora da Lei opta por agir de forma egoística e contrária à mesma. “A árvore da ciência do bem e do mal” representa o limite da criatura, aquilo que a diferencia do seu Criador, que não deveria fazer parte da busca do espírito, algo intrínseco que caracteriza o Senhor da Vida no seu aspecto de onisciência; representa também a necessidade do cumprimento da Lei, sem o qual perde o direito de desfrutar as benesses da vida, levando a individualidade a uma queda energética e moral, que exigirá uma nova caminhada para se retornar a aquele estado de integração com Deus.  Na continuidade da explicação, os orientadores comentam que o sentimento (a Mulher), na coloração da ambição e da vaidade, se permitiu a queda por ansiar ser como o seu Criador; e que a razão (o Homem), seduzida pelo sentimento adoecido, posiciona-se na comodidade de receber o que deseja, sem assumir nenhum gasto, colocando-se na preguiça e, coniventemente, desculpando-se através acusação do outro pela sua desdita.

O texto sagrado comenta os remédios para estas formas de adoecer:

- a rebeldia (serpente) necessita, na reconstrução do caminho, rastejar (movimento que fala de humildade) sob a força dos pés da mulher (sentimento) a pisar sobre a cabeça (razão), ou seja, posicionar-se com humildade, vencendo o orgulho e rebeldia, sob a orientação dos sentimentos nobres, evitando a postura da racionalização, que apesar da aquisição do conhecimento não consegue colocar em prática o que aprendeu.

- a ambição (que quer o poder) e a vaidade (que busca ser reconhecido grande como Deus), presentes na figura de Eva, precisam parir (produzir) sob a guante da dor, instrumento da Sabedoria divina que ensina a criatura a reavaliar os seus atos, na busca de agir de forma condizente com a Lei Maior. Como diz um desses orientadores em uma mensagem psicofônica: “A dor é a grande mestra que ensina calar e ouvir”.

- a preguiça e a conivência (Adão) precisam trabalhar para se sustentar, aprendendo a importância da construção de seus próprios recursos para a sua transformação, na demonstração inequívoca de que cada um é responsável por si mesmo e pelo seu caminho evolutivo.
Nesta perspectiva, toda doença é espiritual, não no sentido de ser fruto da ação negativa de entidades espirituais, também chamada obsessão, mas por ter origem na própria criatura. Ela se inicia quando o espírito, com o seu conhecimento e livre arbítrio, desrespeita a Lei, a qual habita a sua própria consciência – conforme ensinamento do próprio “O Livro dos Espíritos” – e movida pelo egoísmo, age pela rebeldia, ambição, vaidade, preguiça e conivência, comprometendo energeticamente o seu corpo espiritual (perispírito), que demarcará em predisposição negativa o seu corpo físico.

Sendo assim, o adoecer é um processo na vida do espírito. Ele se inicia em um instante que não sabemos determinar e por uma motivação que ainda não entendemos, mas que acompanha a criatura que permanece na rebeldia. Essa atitude deletéria demarca o estado reencarnatório e a doença que se apresenta não é um instrumento punitivo da Lei divina, mas sim, recurso de aprendizado, promotor da retomada do caminho para a perfeição (e saúde), ou como diz o espírito Joseph Gleber, no livro “O Homem Sadio – Uma Nova Visão”, também publicado pela AMEMG: “Saúde é a real conexão da criatura com o seu Criador”.









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