Este é também o título de dois livros da
Associação Médico-Espírita de Minas Gerais (AMEMG), editados pela Editora
Espírita Cristã Fonte Viva, nos quais os diversos autores e trabalhadores dessa
instituição buscaram apresentar um modelo do adoecimento, através de temas
básicos do Espiritismo conjugados aos conhecimentos da chamada ciência oficial.
As ideias ali apresentadas, embora descritas
por profissionais da área da saúde, tem uma base mais filosófica, sendo um
modelo bastante interessante, que foi trazido mediunicamente por entidades
espirituais vinculados àquela Associação. Mesmo que essas informações estejam
limitadas a um grupo de espíritos em sua propagação, permito-me a comentar este
modelo, para apreciação dos caros leitores.
Para explicar este caminho, aqueles
orientadores espirituais partiram do relato presente no primeiro livro da
Bíblia, Gêneses, em seu segundo capítulo que conta o mito do “Paraíso Perdido”.
Para os que não têm o hábito da leitura do Antigo Testamento, faço um sumário
do texto, convidando os interessados para buscarem o relato em sua totalidade.
Depois de ter criado todas as coisas e
reconhecido a necessidade do homem ter uma companheira e trazido à luz a
mulher, Jeová chamou-os, mostrando-lhes tudo que existia no Éden e lhes disse:
“Tudo que podem ver é para servi-los e deve ser dominado pelos homens, exceção
do fruto da árvore que se encontra plantada no centro do paraíso, a árvore da
ciência do bem e do mal”. Logo depois, Jeová deixou homem e mulher, Adão e Eva,
vivendo naquele jardim paradisíaco. No entanto, a serpente, cuja conduta
marcante foi a de enfrentar o Criador, procurou a mulher e lhe disse: “Jeová
não quer que comas daquele fruto, porque ele sabe que quando o fizeres, serás
como ele e terás o seu poder”. A mulher, diante daquela possibilidade e a
partir dos seus próprios sentimentos, tomou o fruto e comeu-o e deu ao homem.
Logo depois, Jeová voltou àquelas paragens e sendo percebida a sua chegada por
Adão e Eva, eles se descobriram nus e
buscaram esconder as suas nudezas, cobrindo-se com folhagem. Por este gesto,
Jeová percebeu o que acontecera e chamando-os à realidade, ouviu da mulher o
relato que envolvia também a serpente e o homem. Por isso, Jeová condenou-os à
perda do paraíso e ofereceu a cada um deles uma pena particular. Para a
serpente: “E tu, arrastarás pelo chão e serás pisada na cabeça pelos pés da
mulher”; - “E tu, mulher, parirás em dor”; - e para Adão: “Ganharás o pão com o
suor do teu rosto”.
Diante deste mito, os espíritos orientadores
da AMEMG explicaram: Adão e Eva representam toda a humanidade, o varão é o
aspecto racional e a mulher o lado do sentimento. A serpente é uma parte do ser
que representa a rebeldia, a qual mora na individualidade quando a criatura
conhecedora da Lei opta por agir de forma egoística e contrária à mesma. “A
árvore da ciência do bem e do mal” representa o limite da criatura, aquilo que
a diferencia do seu Criador, que não deveria fazer parte da busca do espírito,
algo intrínseco que caracteriza o Senhor da Vida no seu aspecto de onisciência;
representa também a necessidade do cumprimento da Lei, sem o qual perde o
direito de desfrutar as benesses da vida, levando a individualidade a uma queda
energética e moral, que exigirá uma nova caminhada para se retornar a aquele estado
de integração com Deus. Na continuidade
da explicação, os orientadores comentam que o sentimento (a Mulher), na
coloração da ambição e da vaidade, se permitiu a queda por ansiar ser como o
seu Criador; e que a razão (o Homem), seduzida pelo sentimento adoecido,
posiciona-se na comodidade de receber o que deseja, sem assumir nenhum gasto,
colocando-se na preguiça e, coniventemente, desculpando-se através acusação do
outro pela sua desdita.
O texto sagrado comenta os remédios para
estas formas de adoecer:
- a rebeldia (serpente) necessita, na
reconstrução do caminho, rastejar (movimento que fala de humildade) sob a força
dos pés da mulher (sentimento) a pisar sobre a cabeça (razão), ou seja,
posicionar-se com humildade, vencendo o orgulho e rebeldia, sob a orientação
dos sentimentos nobres, evitando a postura da racionalização, que apesar da
aquisição do conhecimento não consegue colocar em prática o que aprendeu.
- a ambição (que quer o poder) e a vaidade
(que busca ser reconhecido grande como Deus), presentes na figura de Eva,
precisam parir (produzir) sob a guante da dor, instrumento da Sabedoria divina
que ensina a criatura a reavaliar os seus atos, na busca de agir de forma
condizente com a Lei Maior. Como diz um desses orientadores em uma mensagem
psicofônica: “A dor é a grande mestra que ensina calar e ouvir”.
- a preguiça e a conivência (Adão) precisam
trabalhar para se sustentar, aprendendo a importância da construção de seus
próprios recursos para a sua transformação, na demonstração inequívoca de que
cada um é responsável por si mesmo e pelo seu caminho evolutivo.
Nesta perspectiva, toda doença é espiritual,
não no sentido de ser fruto da ação negativa de entidades espirituais, também
chamada obsessão, mas por ter origem na própria criatura. Ela se inicia quando
o espírito, com o seu conhecimento e livre arbítrio, desrespeita a Lei, a qual
habita a sua própria consciência – conforme ensinamento do próprio “O Livro dos
Espíritos” – e movida pelo egoísmo, age pela rebeldia, ambição, vaidade, preguiça
e conivência, comprometendo energeticamente o seu corpo espiritual
(perispírito), que demarcará em predisposição negativa o seu corpo físico.
Sendo assim, o adoecer é um processo na vida
do espírito. Ele se inicia em um instante que não sabemos determinar e por uma
motivação que ainda não entendemos, mas que acompanha a criatura que permanece
na rebeldia. Essa atitude deletéria demarca o estado reencarnatório e a doença
que se apresenta não é um instrumento punitivo da Lei divina, mas sim, recurso
de aprendizado, promotor da retomada do caminho para a perfeição (e saúde), ou
como diz o espírito Joseph Gleber, no livro “O Homem Sadio – Uma Nova Visão”,
também publicado pela AMEMG: “Saúde é a real conexão da criatura com o seu
Criador”.
Ótimo texto!
ResponderExcluir