Por Roberto Caldas (*)
Quando pensamos que estamos pensando
simplesmente dramatizamos a superfície do pensamento. Aquilo que o cérebro
sintetiza não passa de uma ínfima parte do conhecimento que se acumula no
inconsciente pluripotente, esse sim o depositório de todo o cabedal de
experiências que assinala a viagem multimilenária do Espírito. No vasto espaço
mental que se esconde além das aparências que os cinco sentidos alcançam há um
conjunto de possibilidades que nos tornam preparados para enfrentar qualquer
obstáculo que se disponha na caminhada.
Nenhuma
situação que se apresente aos nossos olhos foge aos arquivos que a memória
guarda na perspectiva dos séculos que deixamos para trás. Aquilo que nos afeta
de forma profunda não passa de retorno ao degrau que nos deteve em alguma
situação do passado e hoje volta para pesquisar a nossa condição de aprender
desta vez. A mente integrada na rotina de uma existência obstaculiza as
lembranças plenas, mas não consegue apagar as impressões que se mostram na
condição de instinto, as quais são incentivadas pelos amigos invisíveis que nos
acompanham e orientam durante toda a existência. A permanência durante algumas
horas, no mundo espiritual, enquanto o corpo físico se encontra em condição de
sono fisiológico, o que acontece diariamente, é uma das mais importantes
estratégias ao nosso alcance para a sintonização das forças espirituais que nos
caracterizam. O fato de não sabermos utilizar esse expediente é definitivamente
uma das maiores causas de problemas não solucionados em nossa existência. É
nesse momento que mais podemos usufruir as potencialidades das lembranças
norteadoras que, ao despertarmos pela manhã, deixamos no lago do esquecimento
necessário.
Fomos
culturalmente domesticados para viver impregnados pela vida material durante a vigília,
como se fosse possível passarmos um momento sequer da existência separados da
identidade espiritual. NÂO PODEMOS. Somos antes de qualquer outra opção que se
cogite, um ser espiritual em romagem passageira pela encarnação que, embora
repetida a se perder da conta, tem a finalidade de tornar-nos habilitados para
jornadas que se expandem muito além dos quatro cantos que enxergamos.
A
Doutrina Espírita ocupa a dimensão que desperta para as questões que implicam
na aquisição progressiva da mentalidade espiritual enquanto estamos a caminho
no mundo dos encarnados. Toda e qualquer decisão que afete a trajetória de
nossas vidas tem dupla implicação, a imediata que é sentida nos dias ou meses
de sua tomada e a pós-mediata que se caracteriza por formar uma onda não
percebida até que se configure em materialidade, sendo a segunda aquela que
chamamos habitualmente de sorte. Significa que as nossas vidas se modificam
dentro de um universo que enxergamos e de outro que não vemos até que se
complete o seu ciclo de necessidades.
Quando
estivermos diante de problemas que parecem ser mais intrincados do que julgamos
suportar, não nos enganemos: estamos sendo testados quanto ao nosso poder de
transcender à estagnação de ontem partindo para o voo de uma conquista definitiva
que se expressa pela capacidade em manter a serenidade diante das turbulências
da vida.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 23.03.2014
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do CE.Grão de Mostarda.
"Aquilo que nos afeta de forma profunda não passa de retorno ao degrau que nos deteve em alguma situação do passado e hoje volta para pesquisar a nossa condição de aprender desta vez".. tal trecho elucidou minha mente. Parabéns pelo texto esclarecedor!
ResponderExcluirLindo texto!
ResponderExcluirAnna Kelly