A
palavra Bíblia vem do grego (biblia=plural de biblion ou biblios= livro),
portanto é um conjunto de livros. Em hebraico, a Bíblia chama-se O TANACH (o
vocábulo é masculino) e constitui o livro sagrado dos hebreus. Narra a história
da saída de Abraão da cidade de UR na Caldéia em busca da terra prometida
(CANAAN). A palavra “HEBREU” vem do hebraico “EVER” ( ‘ivri) e pode ter dois
significados: Em Gen. 14,13, Ever
(hebreu) é uma denominação dada a Abrão. Desta forma, “ ‘ivrim ” seriam os
descendentes de EVER, ( Abraão) e o termo designaria grupos étnicos.
Pode significar também “a outra
margem”. Em Josué 24:2 diz-se que “além do rio” (B’ever hanahar) ficaram os
países de vossos pais, e tomei vosso pai (Avraham), Abraão, da outra margem do
rio... “refere-se aos povos que vieram do outro lado do rio Eufrates, de onde
veio Abraão. Neste caso, o termo tem um significado geográfico, étnico e
social”.
A
Bíblia hebraica é constituída de 24 livros que narram toda a trajetória do povo
hebreu e não possui o que nós ocidentais chamamos de “Novo Testamento”. Para as
religiões ocidentais, a Bíblia divide-se em duas grandes partes, chamadas
respectivamente de VELHO TESTAMENTO E NOVO TESTAMENTO, constituído, este
último, dos livros sagrados do Cristianismo e das religiões dele derivadas ou
seja: Igreja Católica, Protestante, Ortodoxa Grega, Ortodoxa Russa, Armênia,
Copta, Maronita, etc. O termo “testamento” vem do hebraico (berit) que
significa “Aliança”, do grego (diathéke) e finalmente no latim (testamentum),
significando a antiga Aliança do Sinai para o judaismo e a Nova Aliança de
Jesus, o Cristo para o cristianismo.
Existem
portanto, como conseqüência, três tipos de Bíblia a definir: A Bíblia Judaica
que para nós constitui o Velho Testamento, ou o Tanách com 24 livros, a Bíblia
protestante com 66 livros e a Católica com 73 livros.
Ta-na-ch
representa as iniciais dos três conjuntos de livros que formam a Bíblia
hebraica: A Torá, Revelação ou
Ensinamento que é formada pelos cinco livros de Moisés, que juntos formam o
Pentateuco (no grego, penta = cinco + teuco= livro (Gênesis, Êxodo, Levítico,
Números e Deuteronômio).
Neviim
ou Profetas, além dos livros que hoje chamamos de históricos. São em número de 8
livros.
Ketuvim
ou Escritos. Os Judeus designam por este nome, os livros dos Salmos,
Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester e
Daniel, até aqui, são nove livros mais Esdra e Neemias (um só livro) e as
Crônicas I e II, - Divrei Iamim- (um só livro), num total de 11 livros,
perfazendo assim, um total de 24 livros. Este conjunto representa, para os
ocidentais, o Velho Testamento. Consequentemente, a Bíblia Judaica não possui
Novo Testamento.
É
muito importante a necessidade de um estudo profundo e atualizado que traga um
conhecimento novo para as verdades existentes na Bíblia. A Bíblia está repleta
de passagens que trazem, através do povo hebreu, luzes para revelação de um
monoteísmo, onde Deus é evidenciado como único e universal. Em todo seu conteúdo
e história, encontramos passagens e fatos que ratificam e comprovam os
fenômenos mediúnicos em suas várias categorias, através dos profetas, que eram
na verdade grandes médiuns.
O
espírita não pode ficar à parte destes conhecimentos e preocupa-nos muito a
visão equivocada de alguns com relação à Bíblia. A grande maioria dos cristãos
divide a Bíblia em Velho e Novo Testamento, afirmando que só o Novo Testamento
é que tem importância para estudo, considerando o Velho Testamento apenas como
aspecto histórico.
Kardec
não pensa assim e utiliza inclusive, o termo PRIMEIRA REVELAÇÃO, em lugar de
“Velho Testamento”, o que está de pleno acordo com o significado hebraico de
BERIT RISHON que significa Primeira Revelação.
Se
fizermos um estudo no Livro dos Espíritos vamos encontrar observações do
Espírito de Verdade e do próprio Kardec que demonstram um conceito diferente e
de pleno acordo com o significado Bíblico.
Analisemos
o que diz Kardec no Livro dos Espíritos, na questão 59, referente à criação.
Kardec afirma que a Bíblia não é um erro, mas que os homens se equivocaram ao
interpretá-la.
Na
obra o Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec utiliza vários capítulos sobre
temas da Primeira Revelação. E assim, temos: Primeiro capítulo. Não Vim
Destruir a Lei, onde Kardec cita os Dez Mandamentos, todos extraídos do Êxodo
capítulo 20. Quarto capítulo: Não pode ver o reino de Deus, senão aquele que
renascer de novo, onde Kardec cita o profeta Isaías 26:19 e Jô 14: 10 e 14.
Décimo quarto capítulo: Honrar Pai e Mãe, Êxodo 20:12.
Na
questão 275, o Espírito de Verdade nos manda ler os Salmos. Na questão 560,
cita o Eclesiastes como verdade superior.
Na
questão 1009, Platão, em mensagem, afirma que é, no sentido relativo, que se
deve interpretar os textos sagrados.
Na
questão 1010, São Luís informa que “o Espiritismo ressalta a cada passo do
próprio texto das Escrituras Sagradas”. Como se pode desconhecer estas
colocações dos espíritos superiores?
O
Novo Testamento, para ratificar a sua autenticidade, cita os livros do Velho
Testamento como os Salmos, os Provérbios, os profetas, além de inúmeras outras
passagens. Veja por exemplo, o Evangelho de Mateus que foi escrito para os
judeus convertidos ao cristianismo e apresenta citações do Antigo Testamento em
todos os seus capítulos.
O
Apocalipse de João, ditado pelo Cristo, possui 404 versículos, dos quais 278
referem-se ao Antigo Testamento. Será que as pessoas, que pensam assim com
relação ao Antigo Testamento, estão corretas em seu raciocínio?
Emmanuel,
em seu livro “A Caminho da Luz110”, na página 67, faz referência ao Judaísmo e
ao Cristianismo.
Reproduzimos
aqui o texto, na íntegra, para sua reflexão: “Estudando-se a trajetória do povo
israelita, verifica-se que o Antigo Testamento é um repositório de
conhecimentos secretos, dos iniciados do povo judeu, e que somente os grandes
mestres deste povo poderiam
interpretá-lo fielmente, nas épocas mais remotas.
Eminentes
espiritualistas franceses, nestes últimos tempos, procuraram penetrar os seus
obscuros segredos e, todavia, aproximando-se da realidade com referência às
interpretações, não lhes foi possível solucionar os vastos problemas que as
suas expressões oferecem.
Os
livros dos profetas israelitas estão saturados de palavras enigmáticas e
simbólicas, constituindo um monumento parcialmente decifrado da ciência secreta
dos hebreus. Contudo, e não obstante a sua feição esfingética, é no conjunto um
poema de eternas claridades. Seus cânticos de amor e de esperança atravessam as
eras com o mesmo sabor indestrutível de crença e de beleza. É por isso que, a
par do evangelho, está o Velho Testamento tocado de clarões imortais, (grifos
nossos) para a visão espiritual de todos os corações. Uma perfeita conexão
reúne as duas leis, que representam duas etapas diferentes do progresso humano.
Moisés, com a expressão rude de sua palavra primitiva, recebe do mundo
espiritual as leis básicas do Sinai, construindo deste modo o grande alicerce
do aperfeiçoamento moral do mundo; e Jesus, no Tabor, ensina a humanidade a
desferir, das sombras da terra, o seu voo divino para as luzes do céu”.
Que
acha? Emmanuel está equivocado?
O
que nos falta, na verdade, é o conhecimento mais aprimorado da Bíblia para
descobrirmos que ela endossa a Doutrina dos espíritos e está de mãos dadas com
ela. Que ambos se completam. Por isso, achamos inconcebível o desconhecimento
destas questões, não só pelos espíritas, como também por todos os cristãos de
qualquer credo religioso que em vez de procurarem compreender estas verdades
através do estudo, passam, como a maioria das pessoas, a criticar o que
desconhecem.
Vejamos
o texto da questão 1010 do Livro dos Espíritos acerca da Bíblia:
“Logo
se reconhecerá que o Espiritismo ressalta a cada passo do próprio texto das
Escrituras Sagradas. Os Espíritos não vêm, pois, destruir a religião, como
alguns o pretendem mas, ao contrário, vêm confirmá-la, sancioná-la por provas
irrecusáveis. Mas como é chegado o tempo de não mais empregar a linguagem
figurada, eles se exprimem sem alegoria e dão às coisas um sentido claro e
preciso que não possa estar sujeito a nenhuma interpretação falsa. Eis porque,
dentro de algum tempo, tereis mais pessoas sinceramente religiosas e crentes
que as que não tendes hoje”.
Vejamos,
finalmente, a opinião de Jesus a respeito da Torá ou Primeira Revelação: “Não
penseis que vim destruir a Torá (Bíblia) ou os profetas. Eu não vim para
destruir, mas para cumprir”. Mateus 5;17. No versículo 18 deste mesmo capítulo
Jesus acrescenta: “Em verdade vos digo: enquanto os céus e a terra não passarem,
nem um “iud” nem um sinal da Torá passará antes que tudo seja cumprido”. O “iud” é a menor letra do alfabeto hebraico.
Jesus quer dizer que tudo que tem na Torá é importante até mesmo a menor letra
tem importância e que tudo que ali se encontra é verdadeiro e não passará nada
da Torá sem acontecer ou ser cumprido conforme a vontade de Deus.
E
conclui Jesus ainda no capítulo 5:19 de Mateus: “Assim, o homem que deturpa um
desses mandamentos, por menor que seja, e o ensina aos homens, será chamado o
menor no reino dos Céus. Mas quem pratica e ensina, este será chamado “Grande”
no reino dos Céus”.
Estes
três versículos (17,18 e 19) do cap. 5 do evangelho de Mateus servem para nossa
análise sobre a opinião de Jesus sobre a Primeira Revelação.
Diante
do exposto, ficam patentes as opiniões de Kardec, do Espírito de Verdade, de
Emanuel e de Jesus sobre a Bíblia, Primeira Aliança ou Primeira Revelação.
Se
você leitor, pessoalmente não gosta ou não aceita a Primeira Aliança ou
Primeira Revelação, nós respeitamos a sua OPÇÃO PESSOAL, mas não utilize o nome
da Doutrina Espírita, do espírito de Verdade, de Kardec ou de Jesus, para
justificar sua opção, pois segundo os motivos expostos acima, todos dedicam
respeito e recomendam o nosso entendimento e cumprimento do que existe na TORÁ.
Excelente "reforço" para o blog, o Profº Celestino. Parabéns!
ResponderExcluirE quanto ao presente artigo, é conhecimento que extravasa, sem perder a simplicidade.
Everaldo - Viçosa do Ceará CE
Profº Celestino como sempre colocando os pingos nos "is" sobre os estudos bíblicos e o Espiritismo. Muito bom! Parabéns!
ResponderExcluirCabe-nos, porém não desconsiderar de Kardec no cap. I de O Evangelho Segundo o Espiritismo deixa claro que apenas uma vertente do que ensinara Moisés era de origem divina, enquanto que a outra não passou de "um caráter essencialmente transitório". Outros textos do Velho testamento não se provam dentro dos rigores de uma lição legitimamente espiritualizada, na minha opinião. Convém entender que em meio a tantas manifestações de homens tão diferentes há muitas pérolas a nos enriquecer ao lado de muito cascalho. Roberto Caldas
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