Por Roberto Caldas (*)
A família é a porta
de entrada das nossas encarnações. Nela encontramos definitivamente as pessoas
que registram as grandes afinidades para o bem e para o mal que estabelecemos
nas experiências passadas. Sabemos que a afinidade reúne sentimentos, não importa
qual a polaridade de tais sentimentos, são eles que nos aproximam daqueles que
se comprometeram conosco no passado. Ao mesmo tempo é no seio dessa instituição
natural que empreendemos os primeiros passos dessa aventura que é a existência
sobre a Terra.
À parte da importância dos laços
familiares, considerado o seu aspecto de reencontro de personagens que
conviveram em outra época, é importante ressaltar o seu aspecto de inserção do
indivíduo no cenário social que o aguarda depois dos primeiros anos de sua
infância. A maneira como somos envolvidos e educados tem uma decisiva atuação
nos cometimentos vida afora do cidadão. A transcendência dos papéis
representados pelos pais é quase uma carta de representação do caráter da pessoa
frente às cobranças das disposições que desenham a personalidade de cada um.
As questões 207(e a mesma com item
a) de O Livro dos Espíritos nos inferem que os genitores permitem a passagem
das semelhanças corporais, enquanto aquelas de natureza moral dependem
simplesmente da simpatia entre os Espíritos, em face de não ser possível a
genética moral. Percebemos, no entanto que o aspecto emocional e moral das
pessoas retrata em demasia os exemplos exalados pelas figuras paternas, o que
leva à adoção dos comportamentos que são exibidos socialmente pelos filhos,
justamente por se tratarem de terrenos férteis em resultado das vinculações
pretéritas.
Reconhecer o papel da educação moral
como uma saída para a crise de valores que o mundo experimenta não se
caracteriza como uma novidade e é uma orientação antiga, mas se pudermos
reconhecer a importância da atenção dos pais modernos nessa tarefa haveremos de
dar um salto de qualidade nessa direção. Alertá-los para o fato de que filho é
o foco principal, antes mesmo da profissão e do lazer, ao contrário melhor não
tê-los até que essas questões se resolvam. Nada de entregá-los aos avôs ou às
babás, como se o papel de alimentá-los fosse mais fundamental do que o de
ensinar-lhes as mais importantes lições da vida, deixando que outros cuidem de
sua educação.
Somos obrigados a admitir que os
pais devam ser aqueles mais comprometidos com o processo de evolução dos seus
filhos, mormente aqueles que componham a família guardem proporcionalmente
funções de compartilhamento de tarefas, sem, contudo precisarem ser
responsabilizados pelas mais cruciais funções da educação de cada dia.
O cumprimento de nossas funções
dentro da família haverá de ser a grande revolução que o mundo precisa para
sair desse turbilhão em que se perdeu a sociedade, vitimada pela ambição
desmedida e o consumismo que enlouquece. Ao lado da assertiva de Jesus de
honrar aos pais pedimos pressurosamente aos pais: honrai aos vossos filhos -
única forma de transformar o mundo.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 18.05.2014.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C. E. Grão de Mostarda.
Olá, Roberto!
ResponderExcluirMuito oportuno o tema abordado. Ontem debatíamos no ICE a violência no contexto da evolução do Espírito. Apesar de muitas questões ambientais envolverem a violência, a sua gênese e solução encontra-se na família. O lar doméstico, como diz o Espírito Neio Lúcio, pela psicografia de F. C. Xavier, "é a primeira escola e o templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida em comum."
Parabéns!