quarta-feira, 28 de maio de 2014

BINÔMIO DIVINAL




Por Gilberto Veras (*)


O sentido do amor não se define apenas com sentimento (emoção íntima) ou força poderosa que domina o coração e inibe parceiras de recurso menor na atividade harmoniosa que se desenvolve no recôndito da alma, há engano nesse entendimento. Que é ele o motor da vida, energia motivadora, base de sonhos e projetos renovadores, não temos do que duvidar, mas a razão de ser não finda com esses predicados ou sensações especiais experimentados na intimidade individual, finalidade superior do sentimento áureo requer continuidade no mundo das relações sociais, e para isso necessário se faz sua exteriorização representada pelo comportamento, fator não menos importante, de caráter complementar. O verdadeiro e completo sentido do amor, não adianta contestar, é definido não por monômio abstrato e sim pelo binômio concreto, sentimento-comportamento, de feição perfeccional com resultados exemplares no universo denso das reencarnações, palco de aprendizados ascensionais.

Tal sentimento poderoso, em atividade recolhida, é incapaz de realizar desígnios máximos do Criador Amoroso, porque atua sozinho, em autonomia desautorizada e em desacordo com projeto da Inteligência e do Amor Supremos, o atendimento da vontade de Deus depende de trabalho conjunto, no qual a presença do outro é indispensável.
Quem ama deve manifestar o sentimento ao ser amado pelo comportamento recorrente. A paciência que ouve e tolera sem o desprezo da condenação, o carinho que dulcifica a relação, a gratidão que reconhece a bondade, a solidariedade que participa de alegrias e tristezas próximas, a honestidade que não alimenta ilusões ou imponderações, o consentimento que endossa a liberdade, o elogio que incentiva o desenvolvimento de qualidades potenciais, a fraternidade que endossa princípios de igualdade determinado pelo Inventor da vida.    

Amor sem obras atua em recinto fechado, inacessível, circula em lucubrações inócuas e egoístas, sementes que, cedo ou tarde, murcharão nas mãos do jardineiro improducente que, desmotivado pelos rigores do tempo, fica a ver navios distanciarem-se abastecidos pelo combustível solidário do binômio de inteligência empreendedora.

(*) poeta e escritor espírita.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto Gilberto Veras.
    Lindas palavras sobre o amor!!
    O amor bondoso, paciente e construído no fazer o bem ao próximo é verdadeiramente uma obra divina.

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