Bíblia é uma biblioteca constituída de
psicografias e fatos de natureza mediúnica. Foram os profetas, grandes médiuns,
que nos trouxeram a Bíblia, um repositório de profundas mensagens espirituais
que ainda hoje estão atual e servem de roteiro para os homens.
A palavra Bíblia vem do grego (biblia=plural
de biblion ou biblios= livro), portanto é um conjunto de livros.
Na língua hebraica, a Bíblia chama-se O
TANACH (o vocábulo é masculino) e constitui o livro sagrado dos hebreus. Narra
a história da saída de Abraão da cidade de UR na Caldéia em busca da terra
prometida (CANAAN). A palavra “HEBREU” vem do hebraico “EVER” (‘ivri) e pode
ter dois significados: Em Gen. 14:13, Ever (hebreu) é uma denominação dada a
Abraão. Desta forma, “‘ivrim” seriam os descendentes de EVER, (Abraão) e o
termo designaria grupos étnicos. Para as religiões ocidentais, a Bíblia
divide-se em duas grandes partes, chamadas respectivamente de VELHO TESTAMENTO
E NOVO TESTAMENTO, constituído, este último, dos livros sagrados do
Cristianismo e das religiões dele derivadas ou seja: Igreja Católica,
Protestante, Ortodoxa Grega, Ortodoxa Russa, Armênia, Copta, Maronita, etc.
O termo “testamento” vem do hebraico (brit)
que significa “Aliança”, do grego (diathéke) e finalmente no latim
(testamentum), significando a antiga Aliança do Sinai para o judaísmo e a Nova
Aliança de Jesus, o Cristo para o cristianismo.
O hebraico foi a língua utilizada para a
escrita da Bíblia, ressalvando o caso dos livros de Daniel e Esdras que foram
escritos em Aramaico. A Bíblia, que nós temos em língua portuguesa, passou por
diversas traduções até chegar a situação atual. Sofreu, conseqüentemente,
muitas alterações e interpolações que culminaram com grande perda de sua
essência.
Em nossa obra intitulada “Analisando as
Traduções Bíblicas” nós demonstramos todos os fatos históricos que envolveram
estas traduções e demonstramos na língua original (o hebraico), onde e como
ocorreram estas modificações. Não somos contra a Bíblia, pelo contrário,
defendemos a sua essência espiritual em sua língua original e consideramos sua
mensagem perfeita e indispensável para os que querem chegar a Deus.
No entanto, não entendemos como os que se
dizem conhecedores e estudiosos dos textos bíblicos, não observam quantos
fenômenos mediúnicos existem na Bíblia. Não sabemos se é preconceito ou
ignorância para com os assuntos que se relacionam com o espiritismo.
Do Gênesis ao Apocalipse encontramos
situações que caracterizam fenômenos considerados sobrenaturais pelos homens.
Todos os fatos sobrenaturais nela existentes, podem ser perfeitamente
entendidos e explicados pela doutrina espírita.
A Bíblia e o espiritismo não se opõem, e ao
contrário, se completam. Os ensinamentos de Moisés contidos na Primeira Aliança
não condenam o espiritismo, pois que este nem existia quando Moisés escreveu o
Pentateuco (A TORÁ).
A doutrina espírita nos ensina a respeitar
todos os princípios religiosos, pois que todos conduzem à Deus. No entanto,
muitos militantes de outras religiões acham que condenar o espiritismo vai
fazer com que ele deixe de existir ou que com isto seja destruído. O
espiritismo não é invenção ou criação dos homens, é a doutrina dos espíritos
que existe independentemente da vontade humana. Deus é espírito, nos informa
João em seu evangelho. O espiritismo constitui portanto, uma mensagem divina
que veio para esclarecer os fenômenos espirituais que nos cercam e proclamar a
imortalidade da alma.
Os fenômenos mediúnicos, da época antiga, que
se encontram na Bíblia, não são diferentes dos que existem hoje. O que muda é a
época, mas os fenômenos continuam e podem ser perfeitamente explicados através
do espiritismo.
Hoje nós temos os médiuns. Naquela época
existiam os “Neviim” que os gregos chamaram de “profhétes” que são os profetas.
Todos são intermediários do mundo espiritual com o mundo material em que
vivemos. Portanto, nada mudou. A mensagem divina continua chegando por
intermédio daqueles que Deus envia para chamar e alertar os homens da
existência divina e para transformação moral da humanidade.
Apresentaremos a seguir um breve histórico
com base na Bíblia para que você, leitor, possa tirar suas conclusões com
relação à doutrina espírita, fenômenos mediúnicos, Navi, Profeta e Médium.
A palavra profeta, em hebraico, se chama
“Navi”, no plural, “Neviim”. Apresenta ainda outros significados como “roêh”
(vidente). Veja I Samuel 9:9: “antigamente em Israêl, todos que iam consultar
IAHVÉH assim diziam: vinde vamos ter com o vidente (roêh); porque aquele que
hoje se chama profeta (navi), se chamava outrora vidente (roêh)”.
A palavra vidente, em hebraico, também
significa (chozêh), pois, consultando o texto original, encontramos citações
que usam o termo (roêh) sendo que outras citam (chozêh), como veremos
adiante. O vidente era, portanto, o
homem a ser interrogado quando se queria consultar a Deus ou a um espírito e a
sua resposta era considerada resposta de Deus.
Obs: roêh inicia com a letra hebraica reish e
chozêh inicia com a letra chêt, em hebraico.
O termo profeta chegou ao português, derivado
do grego “prophétes” que significa “alguém que fala diante dos outros”. No hebraico, o significado é bem mais amplo,
possui uma raiz acádica que significa “chamar”, “falar em voz alta”, e
interpretam-no como “orador, anunciador”.
Alguns estudiosos afirmam que a palavra não
se deriva de raiz hebraica, ou mesmo que não possui raiz hebraica do período
histórico, mas que ela vem de outras línguas semíticas, seja do árabe “nabaa”
(anunciar) uma notícia, levar uma ordem; seja do assírio “nabu” que significa
gritar, publicar, anunciar, e de onde se deriva o nome do deus Babilônico Nabo,
deus da sabedoria e da ciência, da palavra e da escrita. Então Navi é o que
fala da parte de Deus, o orador divinamente inspirado.
Outros sugerem uma raiz árabe que significa
“borbulhar” e interpretam-no como o caráter frenético da expressão profética.
Aqui, neste significado, vemos o aspecto
frenético que alguns médiuns apresentam no início da mensagem psicofônica.
Na Bíblia, a palavra profeta é bem marcante e
seu uso tem mais valor para determinar o significado do que a própria etimologia
e a forma gramatical. A passagem que
determina o seu sentido é o trecho do Êxodo 7:1 e 2: “O Senhor disse a Moisés:
vê, vou fazer de ti um deus para o Faraó e teu irmão Aarão será teu profeta.
Falarás tudo que eu ordenar; e Aarão, teu irmão, falará ao Faraó, para que
deixe partir da sua terra os filhos de Israel”.
(Êxodo 4:10) Moisés falara a Deus que não
tinha o dom da palavra; que tinha a boca e a língua pesadas. IAHVÉH lhe deu
Aarão como navi - intermediário, médium.
Assim, o navi de IAHVÉH era para IAHVÉH o que
Aarão era para Moisés, o transmissor da mensagem de IAHVÉH, encarregado de
falar em nome e no lugar de IAHVÉH, um orador, um pregador que diz aos homens o
que IAHVÉH determina. Podemos afirmar que, de acordo com o exposto, a
“transmissão” não se trata de simples intuição, mas de uma ação direta por
intermédio do homem (o navi). Sabendo-se que IAHVÉH é um espírito, temos então
claramente exposta a Mediunidade falante, ou seja, psicofonia.
Em Jeremias 1:4 e 5 está a escolha de
Jeremias como profeta (navi), antes mesmo que ele fosse gerado. No capítulo 6,
versículos 7 e 8, Jeremias fala que ainda é uma criança, mas IAHVÉH afirma que
ele não deverá temer, pois estará com ele. Assim Jeremias passa a ser o
intérprete de IAHVÉH, o navi perante os homens. A partir daí, a palavra (navi)
substituiu a antiga palavra (roêh) e tornou-se de emprego universal para
designar “os representantes de Israel”. I Samuel 9:9.
De uma maneira geral, profeta e vidente estão
sempre empregados lado a lado na maioria dos trechos proféticos. Em Isaías
30:10, (chozêh) é empregado significando profeta (“E dizem aos videntes):
(lroim) não vejais e aos profetas (chozim): não anuncieis a verdade, dizei-nos
coisas agradáveis, profetizai-nos fantasias. Assim, (chozêh) pode significar
também “profeta vidente” e nos parece que isto ocorre sempre que a palavra vem
empregada no plural. Em I Samuel 9:18 e 19, Saul roga a Samuel que lhe diga
onde é a casa do vidente (roêh) e Samuel lhe responde: “Eu sou o vidente”
(anochi haroêh). Em I Crônicas 9:22 e
29:29, Samuel é citado como vidente (roêh) e chamado de profeta (navi) em 2
Crônicas 35:18.
Outras personagens bíblicas também são
chamadas “videntes”. É o caso do sacerdote Sadoc que é chamado vidente (roêh)
pelo rei David em 2 Samuel 15: 27. O profeta Hanani do reinado de Asa de Judá é
chamado de vidente (roêh) no II livro das Crônicas 16:7. Em Isaías 32:3, a
palavra vidente (roêh) é usada no plural (roim=videntes) e o versículo fala de
“videntes e audientes”.
A palavra “chozêh” tem o mesmo significado de
“roêh”, ambas são empregadas indistintamente com o mesmo significado de
vidente, no entanto, existe um maior emprego do vocábulo “chozêh” a partir do
profeta Amós que viveu no reinado de Jeroboão (786-746).
Temos assim o emprego de “chozêh” (vidente)
no texto original hebraico, em II Samuel 24:12 e I Crônicas 21:9, onde Gad é o
vidente (chozêh) de David, em I Crônicas 25:5, Hamon era vidente (chozêh) do
rei, para revelar as palavras de Deus e exaltar seu poder.
Em II Crônicas 35:15, Iditum é citado como
vidente (chozêh) de David. Em II Crônicas 9:29 e 12: 15, Ado é citado como o
vidente (chozêh) que escreveu a história de Salomão e Roboão. No II livro dos reis 17:13, IAHVÉH tinha
advertido Israel e Judá pela boca de seus profetas (nevíim) e todo vidente
(kal-chozêh).
Em Miquéias 3:7, está escrito: “serão
confundidos os videntes (chozim) e envergonhados os adivinhos (hakosmim)”.
Ezequiel 13:9 fala de falsos profetas:
“Estenderei minhas mãos contra esses profetas (vhaitá iadi el-haneviim) de
visões (hachozim) ineptas e de oráculos enganadores”.
Segundo alguns estudiosos, quando “roêh” e
“chozêh” são empregados no plural, chozim e neviim significam profetas que não
empregaram bem os seus dons, ou seja, “falsos profetas”.
Tudo o que dizem e fazem os profetas, eles o
dizem e fazem não em seu nome pessoal, mas em nome de IAHVÉH. Muitos de seus
oráculos orais ou escritos (psicofonia ou psicografia) começam por estas
palavras: “assim fala IAHVÉH”. (I Sam. 10:18 e 15:2. I Reis 13:2 e 22:11. II
Reis 7:1. Isaías 7:7. Jeremias 2:2. 19:1. Ezequiel 5:5 a 8. 6:11. 7:5. 11:2, 7
e 16. Amós 1, vers. 2,3,6,9,11e 13; cap.2, vers. 1,4,6. Cap.3: 1 e 12. Abdias 1
Ageu 1: 3 e 7. Cap. 2: 1, 10 e 20.
Zacarias 1:3, 7,14 e 17. Cap.
8:1,3,4,6,7 e 9. E várias outras passagens).
Em outras passagens, os profetas afirmam que
ouviram da boca de IAHVÉH as palavras que ele proclama (Ez. 3: 17, e 33:7. Hab.
3:2). Afirmam ainda que anunciam a palavra de IAHVÉH (Isaías 1:10, cap. 28:14.
Jer. 2: 4 e 31: 7, 2 e 9:20. Ezeq. 6:3.
E 13:2. E 20:47. Oséias 4:1. Amós 7:16).
Temos ainda casos nos quais ordena-lhes
IAHVÉH que proclamem o que este lhes disse: (Jeremias 19:2. Ezequiel 3:4).
Em outras circunstâncias, é IAHVÉH quem fala
por suas bocas, ou seja, psicofonia absoluta. (Isaías 52:6. Ezequiel
17:21). Ou ainda, a palavra de IAHVÉH
lhe foi dita: (Ezequiel 6:1. 7:1. 11:14.
12:1, 17:21 e 26. 13:1. 14:12.
15:1. 16:1. 17:1 e, em todo o livro de
Ezequiel, existem muitas outras citações).
Tudo o que o profeta diz não é mensagem sua,
mas são palavras divinas, ou seja, dos espíritos superiores. E analisando bem
estas mensagens, notamos que nem todas dizem respeito ao futuro. Algumas trazem
resoluções de IAHVÉH e são acompanhadas de avisos e exortações, de repreensões,
de ameaças e consolações. O profeta, no caso, manifesta todas as vontades de
IAHVÉH. É o porta-voz de IAHVÉH, o medianeiro da revelação divina, um orador
divinamente inspirado.
Na verdade, o que fazia Chico Xavier, o que
faz Divaldo Franco, o que fez Yvone Pereira e tantos outros médiuns espíritas é
o mesmo que faziam os profetas: “Trazer a mensagem divinamente inspirada dos
espíritos superiores”. Kardec diz a mesma coisa em suas obras e,
principalmente, no capítulo XIV do livro dos Médiuns, onde fala de todos os
tipos de faculdades mediúnicas e que são as mesmas que possuíam os profetas.
Nenhuma diferença existe entre o passado e o
presente. Deus é o mesmo, os espíritos protetores são os mesmos, nada mudou.
Não houve uma época no passado diferente da que existe no presente.
Kardec colocou um ponto final na questão,
criando o termo MÉDIUM. Uma palavra do latim, que significa “está no centro”,
“que está no meio”, é INTERMEDIUM que significa “interposto”, “intercalado”.
Portanto, aquele que se situa entre os dois mundos ou os dois planos, material
e espiritual, é MÉDIUM. Aquele que pode entrar em contato com o mundo
espiritual e material, ao mesmo tempo, é um MÉDIUM. É aquele que pode receber
mensagem do mundo espiritual através das suas diversas faculdades mediúnicas ou
“DONS”, como chama Paulo de Tarso (clarividência, clariaudiência, psicofonia,
psicografia, etc.). Assim, o PROFETA dos gregos, o NAVI, o ROÊH e o CHOZÊH dos
hebreus, o NABU dos assírios e o NABAA dos árabes eram aqueles que entravam em
contato com o mundo espiritual. Segundo a definição de Kardec, eram todos
MÉDIUNS.
Toda a perpetuação destas profecias e o que
viria depois, foi prevista e está no Livro do profeta Joel que viveu 750 anos
a.C. cap. 3: 1 a 5 (algumas Bíblias traduzidas trazem Joel 2:28). A profecia
que anuncia a chegada dos dons da profecia, ou seja, da Mediunidade e do
Espiritismo é a seguinte: “Depois disto derramarei o meu espírito sobre toda
carne: vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos velhos terão sonhos,
e vossos jovens terão visões; e também derramarei o meu espírito sobre os
escravos e as escravas.”
A mediunidade nasceu com o homem e não sofre
influência nenhuma das religiões. A
mediunidade não constitui privilégio de ninguém, é dom de Deus como nos fala
Paulo na sua carta aos Coríntios. Em todas as religiões e raças existem
médiuns, uma vez que ela nasce com o homem.
Como podemos demonstrar, a mediunidade é o
principal fenômeno existente na Bíblia. Sem a mediunidade dos profetas nem
haveria Bíblia. Deus não teria como enviar sua mensagem aos homens. Podemos assim
concluir que a mediunidade é dom de Deus. E a Bíblia está repleta de fenômenos
mediúnicos, embora existam pessoas que por questões de sectarismo religioso e
preconceito não queiram admiti-los.
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