"O sol nem
sempre brilha, mesmo para aqueles que já ganharam cinco Copas do Mundo".
(frase do
jornalista inglês Henry Winter, do The Telegrapf,
em carta aberta
ao jogador brasileiro Neymar Jr.)
Por Jorge Luiz (*)
Diferente
da cidadania, que é a maneira do cidadão viver o seu dia a dia, usando
plenamente os direitos e deveres do País em que nasceu e onde mora, o civismo,
segundo o dicionário Michaelis é “a
dedicação pelo interesse público ou pela causa da pátria. Patriotismo.” Consolida-se
em três dimensões: ética (tudo o quereis que vos faça, fazei vós também - Mt, 7:12); normativa (regras de convivência) e
identitária (memórias, valores e heranças patrimoniais).
Durante
os anos que precederam a realização da 20ª edição da Copa do Mundo de futebol
em gramados brasileiros, o que se viu no Brasil foi um espetáculo de anticivismo, desde a imprensa,
políticos, iniciativas coletivas e individuais, - que não existam motivos para
isso -, que culminaram com as vaias à Presidenta do Brasil, Sra. Dilma Roussef,
no jogo de abertura e na final, em desrespeito claro às regras de boa convivência.
A violência que marcaram alguns desses atos, contribuíram de forma decisiva
para o esvaziamento da população de turistas que pretendia assistir ao evento,
em decorrência da imagem do Brasil, projetada negativamente no Exterior.
O
Brasil encerrou a sua participação ocupando o 4º lugar, o que deu lugar a
enxovalhamento desde o presidente da CBF ao roupeiro da seleção. Os
especialistas em “fatos consumados” revezam-se para apresentar as duras críticas
ao futebol canarinho, não que isso seja proibitivo, mas pouco acrescenta à
causa maior da Pátria. A ira desenfreada simboliza-se, bandeiras queimadas, pichações,
zoeiras na Internet, vaias.
Futebol
é apenas um jogo, que tem divertimento dentro dos seus significados, e não uma
guerra que se tem que vencer, necessariamente. O importante é a competição
saudável e a festa de fraternidade entre os povos e que rompe fronteiras.
O
espectro de nação construída pelos segmentos já identificados foi neutralizado
pelo edenismo natural brasileiro, bem definido pelo jornalista e escritor
Nelson Rodrigues (1912-1980), ao afirmar: “O
Brasil é uma paisagem”; pela cordialidade brasileira e o amor ao futebol; o
amor do brasileiro, descritos assim pelo poeta mulato Domingos Caldas Barbosa
(1739-1800):
“Ah
nhanhã, venha escutar
Amor
puro e verdadeiro,
Com
preguiçosa doçura,
Que
é Amor de Brasileiro”
Na
questão nº 215 de “O Livro dos
Espíritos”, os Benfeitores Celestes esclarecem o caráter distintivo das
nações, onde ficam evidente e lógicos os laços espirituais que regem as Nações,
por força da reencarnação, favorecendo o progresso, diante do auxílio mútuo,
intelectual e moral:
“(...) um povo é uma grande família
formada pela reunião de Espíritos simpáticos. Na tendência que apresentam os
membros dessas famílias, para se unirem, é que está a origem da semelhança que,
existindo entre os indivíduos, constitui o caráter distintivo de cada povo. (...).”
Veja-se o que esclarece o saudoso educador
espírita Ney Lobo (1919-2012), em sua obra Filosofia Espírita da Educação:
“(...) A essência deste Espírito é a
inteligência e não a nacionalidade. Sem dúvida, o educando, como Espírito,
exibe um nítido timbre nacional, mantido através das sucessivas encarnações e
mesmo no intervalo delas. Todavia, não é essencialmente nacional e sim
acidentalmente, embora essa acidentalidade cívica permaneça por muito tempo em
vidas terrenas sucessivas.”
É
essa acidentalidade, portanto, que não impede que diante das necessidades
reencarnatórias, migre-se para outras pátrias, como bem explica o Espírito
Deolindo Amorim, pela pena psicográfica de Élzio F. de Souza (1926-2006), na
obra “Espiritismo em Movimento”:
“Uma quantidade considerável de
Espíritos ligados à civilização francesa transferiu-se, (...) para o Brasil, em
meados do século passado, buscando novos ares onde pudessem, face às
dificuldades, enfrentar os desafios da mudança, na conquista da humildade,
fraternidade e solidariedade.”
A
Pátria do Espírito, contudo, é o Universo, como asseveram os Espíritos
Reveladores na questão nº 317, de “O
Livro dos Espíritos. Enquanto não se alcança essa realidade, que se exerça
o patriotismo, como adverte o Espírito André Luiz, na obra “Conduta Espírita”,
psicografado por Waldo Vieira:
“Expressar o patriotismo, acima de tudo,
em serviço desinteressado e constante ao povo e ao solo em que nasceu. (...) O
genuíno amor à Pátria, longe de ser demagogia, é serviço proveitoso e
incessante.”
A
seleção canarinho não triunfou no gramado, mas o Brasil ganhou como Nação. O
que se necessita, portanto, é catalisar esses ganhos e transformá-los em
mudanças significativas, não só no contexto futebolístico, mas em soluções mais
urgentes nos âmbitos político, social e econômico.
“Ó
Pátria amada,
Idolatrada,
Salve,
Salve!”
REFERÊNCIAS
DICIONÁRIO
Michaelis. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 2010.
KARDEC,
Allan. O livro dos espíritos. São Paulo: LAKE, 2004.
LOBO, Ney. Filosofia espírita da Educação. São Paulo: FEB, 1992.
SOUZA, Élzio
Ferreira de. Espiritismo em movimento.
São Paulo: Circulus, 1999.
VIEIRA,
Waldo. Conduta Espírita. Rio de
Janeiro: FEB, 1960.
Não poderia ser diferente, artigo imensamente proveitoso. Pena que uma parte da população possuem em vista apenas o troféu , a visão é mínima de todas as características de uma nação que ama onde está , independente de todas as dificuldades que passamos , que por sinal nunca foi ao acaso vivermos aqui neste país. Porém cada um dar o que tem.
ResponderExcluirEsquecemos do avante para nossa moral.
Muito interessante o artigo meu amigo, muitas reflexões. Obrigado.
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