segunda-feira, 28 de julho de 2014

JUSTIÇA UNIVERSAL¹



Por Roberto Caldas (*)


             Difícil imaginar a sociedade humana sem a presença norteadora da justiça, mesmo que consideremos a justiça humana ainda falha, mercê das nossas limitações coletivas. A sua ausência, no entanto nos jogaria na barbárie, tornaria impossível vivermos em grupos e estaríamos em navegação sem rumo, tamanha a nossa incapacidade de resolvermos questões que ferem interesses mais profundos.
            Por analogia imaginemos a Ordem Universal destituída de justiça. Aquela justiça que naturalmente extrapola o nosso controle humano. Se o Universo fosse dirigido apenas pelas leis das ciências físicas e biológicas que conhecemos? Se a Genética fosse a única responsável pela modelagem corpórea e pela inteligência? Se a Política e a Sociologia fossem as únicas responsáveis pelas condições sociais em que vivem as populações? Se as raias de julgamento do Direito fossem as únicas possibilidades de estabelecer regras de convivência, punição e reabilitação? Se o acaso fosse o maestro dos principais fatos da existência, tais como o nascimento e a morte?

            A falta de uma concepção da Ordem Divina operando sobre todos os fatos da existência é que leva o senso comum a julgar a Inteligência de Deus à semelhança da inteligência humana. A teoria da existência única, da destinação eterna em céu ou inferno, da ira e punição de Deus, do nada depois da morte, são exemplos claros da pobreza que tentamos emprestar à Divindade, possivelmente pela falsa compreensão de que Ela deva ser apenas uma ampliação menos imperfeita do nosso senso.
            A Doutrina Espírita entra na discussão da Justiça Divina. Primeiro classifica a idéia de Deus para torná-la compreensível ao pensamento humano: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” (LE. q.1). Depois busca em Jesus a sentença contida no Sermão do Monte (Lucas – cap. VI): “Até que passem o Céu e a Terra, não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que tudo se cumpra”. Duas afirmativas que não deixam dúvidas quanto a existência de uma Lei que regula as relações universais, sob as quais passa o processo de evolução de todos os seres que habitam a infinidade dos espaços que denominamos Universo.
            A atual existência que nos serve é apenas um capítulo de nossa Vida Eterna. A justiça humana norteia os passos que devemos adotar em relação às atitudes de convivência com os nossos pares, na divisão de espaço social a que todos temos direito e precisamos louvar essa justiça apesar de todas as imperfeições exaradas nas sentenças dos nossos magistrados. A Justiça Divina, porém impõe o empoderamento sobre si mesmo, além do tempo e das distâncias que conhecemos hoje, considerando a caminhada que empreendemos do átomo ao arcanjo num processo de crescimento que jamais retroage e nos levará inexoravelmente à perfeição, condição que a Divindade programou para toda a sua Criação. A justiça humana é um dos ítens que a Justiça Divina previu para a capacitação do homem encarnado, um degrau para que compreenda que o Universo é dirigido por Leis Imutáveis. A compreensão de uma Lei Superior  que não sofre as interpéries dotempo, tal a que a Doutrina Espírita aceita em sua visão de Deus é essencial para estabelecer a ordem do Universo e implantar na mente dos encarnados uma segurança capaz de disseminar, pouco a pouco, a Paz no mundo.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 27.07.2014

(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

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