Por Roberto Caldas (*)
Fomos embalados por uma canção antiga, cujos
créditos autorais são reconhecidos ao poeta/compositor Ivan Lins: “começar de
novo e contar comigo... vai valer a pena”.
Somos
convidados, às vezes compelidos, diante das situações que se criam em nossas
existências a tomar decisões que mudem a rota conhecida. Individual ou
coletivamente, a necessidade de mudança geralmente decorre de uma sensação de
desconforto importante que interfere na qualidade do bem estar, sem o qual não
faz muito sentido continuar a estratégia até então escolhida. Daí o passo a ser
tomado nem sempre é muito fácil de ser decidido, pois importa em transformar
uma paisagem a qual estamos acostumados, mas deixou de corresponder à aspiração
de alegria que deve envolver os nossos passos. Natural que haja um intervalo em
que a dor e o pasmo predominem em nossa mente enquanto um sabor amargo preenche
a nossa caminhada.
O
momentum seguinte ao susto é que divide as pessoas em dois grupos, De um lado
os que conferem ao desconforto uma situação de imutabilidade, apesar do
sofrimento que carregam costumam buscar culpados e queixar-se dos outros, do
mundo enquanto permanecem anestesiados para o desenrolar do tempo que segue. De
outro lado aquelas que lamentam os primeiros momentos para em seguida se transformarem
no garimpeiro de seus próprios tesouros, um verdadeiro inventor de novos
projetos de crescimento.
Os
amigos espirituais que escreveram junto com Allan Kardec a magnífica obra O
Livro dos Espíritos nos ensinam quando propõem quais os objetivos de uma
encarnação (Q.132) afirmando que o principal deles é “dar ao Espírito condições
de cumprir sua parte na obra da criação”. Entendamos que a expressão criação
tanto funciona como a Grande Arquitetura Divina, quanto ao processo de criar a
renovação, propor a alternativa, sair do marasmo, buscar propostas diferentes
que façam sentido aos créditos de racionalidade, com a qual a Natureza nos
outorgou a condição de abrir caminhos rumo à felicidade que aspiramos.
A
conquista da capacidade de pensar, uma difícil travessia iniciada na
brutalidade do instinto primitivo comprova que superamos bilhões de anos em
contato com as adversidades naturais da evolução e chegamos a um platô que nos
garante habilidades que se encontram no aguardo apenas de uma decisão nossa.
Mergulhados na imperfeição concebida pela espiral que o Universo admite quando
estabelece a evolução, “desde o átomo primitivo ao arcanjo que começou pelo
átomo” (LE Q. 540), precisamos exercitar a nossa voluntariedade de tornar a
vida que se apresenta diante de nós como uma oportunidade de constantes
mudanças na busca de adequação e crescimento, sem exigir-nos uma perfeição que
ainda não possuímos. O medo de errar pode ser um entrave à mudança que
desejamos e algumas vezes nos conformamos deixando o tempo passar na ilusão de
que ele resolverá o que nos compete. É preciso coragem para olhar o futuro com
visão de mudança, mas essa foi a opção que nos coube preteritamente até
chegarmos onde estamos. Passar a limpo a nossa consciência e permitir que as dores
sejam tratadas exige atitudes novas... Um convite para a cura da alma.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 13/07/2014.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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