Q. 1 – Que é Deus?
“Deus é a inteligência suprema, causa primária de
todas as coisas.”
Allan Kardec, O Livro dos Espíritos. 18.04.1857.
Por Francisco Castro (*)
O francês,
Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu, conhecido apenas como Montesquieu (1.689-1.755), logo no inicio da
sua obra mais famosa, O Espírito das Leis (1.748), a qual levou aproximadamente
vinte anos para concluir, diz o seguinte:
“Aqueles que afirmaram que
uma fatalidade cega produziu todos os efeitos que observamos no mundo
proferiram um grande absurdo: pois o que poderia ser mais absurdo do que uma
fatalidade cega que teria produzido seres inteligentes?”
Seguindo sua linha de raciocínio, Montesquieu adiante
faz a seguinte afirmação: “Existe, portanto, uma razão primitiva; e
as leis são as relações que se encontram entre ela e os diferentes seres, e as
relações destes diferentes seres entre si.”
Percebe-se
que Montesquieu buscava a causa original, ou seja, as leis segundo as quais
tudo que existe se encontra submetido, vê-se isso quando ele afirma:
“Deus possui uma relação com
o universo, como criador e como conservador: as leis segundo as quais criou são
aquelas segundo as quais conserva. Ele age segundo estas regras porque as
conhece; conhece-as porque as fez, e as fez porque elas possuem uma relação com
sua sabedoria e poder.”
No
século seguinte, outro francês, Hyppolite Léon Denizard Rivail (1.804-1.869),
após estudar certos fenômenos que invadiram os Estados Unidos e a Europa, mais
ou menos no fim da primeira metade do Século XIX e, possivelmente, seguindo na
mesma linha de raciocínio de Montesquieu, ao invés de perguntar, como normalmente
se faria, quem é Deus? Rivail, na pergunta inicial da obra que publicou em
Paris em 18 de abril de 1.857, sob o pseudônimo de Allan Kardec, com o título
de “O Livro dos Espíritos,” ele a formulou na forma como transcrevemos acima:
Que é Deus? Caso a sua pergunta tivesse sido, Quem é Deus, já estaria induzindo
a resposta, ou seja, imaginado que devia se tratar de um ser humano, como nós,
o que seria um verdadeiro absurdo.
Estima-se
hoje, que o Universo tem algo em torno dos 13,5 bilhões de anos, que a idade da
Terra gira em torno dos 4,5 bilhões de anos, e que, da mesma forma, hoje também
se sabe que o ser humano, com todos os avanços científicos atingidos na época
atual, não tem conseguido ultrapassar os 125 anos de idade, como se poderia
atribuir a um ser, com a forma humana, de cajado na mão e de barbas tão brancas
como a neve, a autoria de tamanha imensidão?
Mas
essa questão, para alguns, parece não se encontrar totalmente resolvida pela
ciência, é isso que concluímos da obra de um inglês, Antony Flew, cuja primeira
edição é de 2007, tendo chegado no Brasil através da Ediouro em 2008, sob o
título: Um Ateu Garante: DEUS EXISTE – As provas incontestáveis de um filósofo
que não acreditava em nada.
Vejamos
como o autor citado acima chegou a essa conclusão, diz ele no capítulo 10 –sob
o título - Aberto à Onipotência, o seguinte:
“A ciência, como ciência,
não pode fornecer um argumento a favor da existência de Deus. Mas as três peças
de evidência que analisamos nesse livro – As
leis da natureza, a vida com sua organização teleológica e a existência do
universo – só podem ser explicadas à luz de uma inteligência que explica
tanto sua própria existência, como a existência do mundo. A descoberta do
Divino não vem através de experimentos e equações, mas por uma compreensão das
estruturas que eles revelam e mapeiam.” (A parte em itálico foi grifada por
mim).
Allan
Kardec, na obra “A Gênese – Os milagres e as predições segundo o Espiritismo”
(Paris -1.868), discorrendo sobre a Natureza Divina diz o seguinte: Não é dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus. Para
compreendê-lo, ainda nos falta o sentido próprio, que só se adquire por meio da
completa depuração do Espírito.”
Assim, para compreendermos melhor como se processa a depuração
do Espírito, é preciso que se entenda qual o objetivo da encarnação, Q.132 de O
Livro dos Espíritos (Paris – 1.857): “Deus lhes impõe a
encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para
outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as
vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação.”
Concluímos,
com o amável convite: trabalhemos, pois dia após
dia, enquanto aqui estivermos, aproveitando a oportunidade da atual existência
física, para o aperfeiçoamento íntimo necessário, que nos levará a um dia podermos
compreender a natureza íntima de DEUS.
(*) escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF), integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C. E. Grão de Mostarda.
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