sexta-feira, 17 de outubro de 2014

ABRAÇANDO NOSSAS CRIANÇAS¹

            

Por Roberto Caldas (*)


              Determinou a Sabedoria Divina que o renascer fosse a forma adotada de evolução espiritual para todos os Espíritos projetados para povoar os milhões de mundos que circulam em torno das estrelas de variada grandeza que cintilam universo afora. A obrigatoriedade dos renascimentos, alcançando toda a gama de seres vivos, plenifica na espécie humana a sua refinada estratégia evolutiva baseada na justa Lei de Causa e Efeito, aquela que agrupa anseios complementares, e apontam para a troca de experiências através do processo educativo. 
            É nesse cenário de reciprocidades que recebemos afetos e desafetos do passado na figura frágil da criança, que aporta aos nossos lares, produzindo em nossos olhos o brilho diante de tão formosa aparição que emociona e enleva. Através da candura dos seus movimentos gráceis, eis que mergulhamos os adultos, nos mais profundos sentimentos de carinho que nos faz completamente desarmados e prontos para o atendimento de suas mais mínimas necessidades, entre elas a de proteção.

            Através do ingresso da criança na família quis a Providência Divina que iniciássemos o processo de regeneração da humanidade, esquecidos dos conflitos e embates vivenciados no passado, com grandes possibilidades de iniciarem-se através dos novos aprendizados que a singeleza da infância nos infunde, uma relação de amor e dedicação superando todos os motivos de dor que os comportamentos de ontem tenham produzido.
            Como resistir aquele sorriso de boca aberta sem um dente sequer, enquanto as perninhas parecem pedalar bicicletas imaginárias? De que forma não se entregar por completo ao ver dois bracinhos em nossa direção, a pedirem colo? De que forma ser indiferente ao ouvirmos o seu primeiro balbucio em nossa direção?  
            A Bondade de Deus não tem reparos. Fez-nos crianças para que pudéssemos trazer oportunidades de reencontro, mas principalmente para que exercitássemos as nossas qualidades e experiências para, finalmente nos entregarem igualmente aos cuidados, aqueles seres que nos permitem tornar-nos pessoas melhores enquanto lhes ensejamos as nossas melhores energias de amor. 
            Exatamente por essas e outras razões que Jesus (Mateus – XIX; 14) admoestou àqueles que tentavam impedir as crianças de aproximarem-se dele: “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas”.

            Está claro que a encarnação repetida é a única forma de evolução espiritual que a Natureza dispõe. Mais claro ainda é que através do período infantil que conquistamos a condição de afeto que precisamos para vencer as barreiras impostas pelo passado. Ainda mais claro que é nesse período da infância que a fraternidade e o amor podem operar os maiores milagres de renovação que um Espírito pode ensejar. Evoquemos o nosso lado criança todos os dias para abraçarmos as crianças que nos chegam para que nos ajudemos mutuamente a fazer da Terra o reino dos céus.

¹ editorial do programa Antena Espírita de 12.10.2014
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

Um comentário: