Por Gilberto Veras (*)
No dia em que as pessoas assimilarem com
plenitude a realidade que as compõe, o poder formidável de realização que detém
guardado em sua intimidade e com ínfimo aproveitamento, não se permitirão
conduzir pelo outro que, também, mal se conhece. Somos um tesouro de forças
adormecidas, inexploradas, desconhecidas, de nossa potencialidade estamos
utilizando o mínimo da capacidade de que fomos contemplados pelo Pai da Vida, e
essa parte ativa, relativamente minúscula em todos, é de dimensão singular em
cada um, pois depende de acertos acontecidos em momentos de escolhas que não se
apresentam da mesma forma nem em igual quantidade na história de vida dos
espíritos, criados, no dorso do tempo que não para, em ação permanente e
amorosa pelo Insondável, Criador de tudo como é e como está (espírito e
matéria), portanto é natural a compreensão incontestável de singularidade que
ocupamos no universo humano em que estamos inseridos, somos perfectíveis, é
verdade, porém ninguém, num determinado instante, está exatamente no estado de
aperfeiçoamento que alcançamos. Outra verdade que não cabe dúvidas é a
inacessibilidade ao íntimo do semelhante, a inviabilidade desacredita qualquer
avaliação de valores intrínsecos do outro pelo apreciador ao lado, seja qual
for a superioridade intelectual deste em qualquer área do conhecimento humano.
Afirmo que nenhuma pessoa pode identificar com certeza inquestionável o
sentimento vivenciado pelo próximo porque tais ocorrências acontecem na
privacidade do indivíduo que pode externá-las com sinceridade ou não, também
quero aqui lembrar que não devemos, para não agredir leis divinas imutáveis,
cercear liberdades de criaturas, pois essa prerrogativa, o livre-arbítrio, é
sagrada por ter sido concedida pela Inteligência Suprema Criadora.
Por opiniões e deduções extraídas da
sensibilidade particular, é comum imposições de medidas proibitivas a
subordinados (filhos, empregados, discípulos) com a simples alegação do
ascendente de serem dotados de experiências e esclarecimentos nesta existência.
Esquecem esses “donos da verdade” que avaliações decorrem de valores do
avaliador ativados em seu mundo íntimo, e esses recursos, no cerceado, não são
encontrados ativos na mesma quantidade nem em igual qualidade, pois se trata de
outra pessoa cujo posicionamento espiritual é único por conta do dinamismo
infinito da vida, portanto não é lícito estabelecer conclusões fechadas sobre
comportamentos humanos (não julguemos para não sermos contestados por Lei
Infalível). O procedimento que busca impedir atividades inteligentes ou
emocionais do próximo não é fraterno e afronta determinismo divino (permissão
do Alto para filhos do Pai de Amor Absoluto obter o autoaperfeiçoamento
merecido por esforços bem direcionados no aprendizado consagrado).
Educar nossos pares de caminho tem conotação
distinta e louvável. Consiste em repassar ou interpretar conhecimentos para
facilitar aproveitamento intelectual, ou moral, em função do grau de
adiantamento em que se encontrar o aprendiz. O educador tem o dever de
respeitar limitações do educando, compreender sua peculiaridade espiritual e
não querer impor a dele, que, em alguns aspectos, poderá estar à frente e em outros
se encontrar na retaguarda. No afã de educar não é raro nos depararmos com
almas autoritárias que se arvoram em sabedoria absoluta para proibir
posicionamentos escolhidos, provindos do direito de liberdade e com base na
realidade pessoal.
Educar é providência favorável à evolução,
concordemos todos, mas evitemos cercear para não marcharmos na contramão
escurecida por densas trevas da vaidade que inibem luz amorosa da fraternidade.
(*) poeta e escritor espírita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário