sexta-feira, 3 de outubro de 2014

KARDEC: O APÓSTOLO DA FÉ


“...Era tão evoluído em sabedoria e amor, que os
   Invisíveis o qualificavam de Apóstolo da Fé,
Pontífice da Luz, Lúcido Apóstolo de Jesus.”
(Zeus Wantuil e Francisco Thiesen)
                


Por Jorge Luiz (*)
 
Allan Kardec - (1804-2014) - 210 anos do seu nascimento

            - Eis-te à frente do apóstolo da fé, que sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento...
            Com essa saudação, as Vozes do Céu apresentam o Espírito Hipolyte Léon Denizard Rivail, a uma assembleia de Espíritos comprometidos com o progresso moral da Terra. O dia: 31 de dezembro de 1799. Local: no coração da latinidade. Um magnífico espetáculo da Espiritualidade Superior! Motivo: a reencarnação de Hipolyte Léon Denizard Rivail, que termina ocorrendo no dia 03 de outubro de 1804.
            Espíritos sábios e benevolentes se fizeram presentes. Não só latinos, mas gregos, israelitas, franceses. Encarnados e desencarnados. O Espírito Napoleão, desprendido do corpo físico, era destaque naquela assembleia. A narrativa é do Espírito Irmão X, pela pena mediúnica de Francisco C. Xavier, inserto na obra Cartas e Crônicas.
            Nos dias atuais, em que muitos líderes religiosos se autoproclamam apóstolos, o que realmente define um apóstolo?

            Etimologicamente, vem do grego apostollein (apo = separação) + (stellein = equipar). Na tradução hebraica da Bíblia – Séc. III –, apostollein é utilizado para traduzir o hebreu sâlâh (enviar) e possui ideia de mandato. O sâlâh (enviado) tem o mesmo poder que o mandante.
            Jesus, como está descrito no Evangelho de Mateus, 10-2, diferenciou muito bem a condição dos doze enquanto discípulos e os alçou à condição de apóstolos. O discipulato – iniciativa pessoal – ficou condicionado ao aprendizado da Palavra do Evangelho, tendo como propósito maior o de enviá-los em missão, o que caracterizará o apostolado.
            Portanto, as características relevantes de um apóstolo, quando se estuda os Evangelhos, são: a chamada, a educação e a missão.
            “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mc, 1-16:20). Com essa asserção, soa o chamado como o primeiro ato do ministério público do Rabi Galileu.
            O processo educacional é intenso. Jesus não desperdiça nenhum momento que lhe oportunize condição de educar os apóstolos. Depreende-se, portanto, no Evangelho de Marcos, que Jesus após o início do seu ministério público consagrou-se cada vez mais à instrução e educação dos doze. Leia-se: “A vós é dado saber os mistérios do Reino de Deus, mas aos que estão de fora todas essas coisas se dizem por parábolas.” (Mc, 4:11).
            A esse respeito, assinala o Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco C. Xavier, na obra Fonte Viva:

“O apóstolo é o educador por excelência. Nele residem a improvisação de trabalho e sacrifício de si mesmo para que a mente dos discípulos se transforme e se ilumine, rumo à esfera superior.”
                                                                                                                     
            Jesus os empodera espiritualmente, enviando-lhes para a missão, como está escrito em Mc, 6:7: “Chamou a si os doze, e passou a enviá-los de dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos imundos.” Os apóstolos, sempre que retornavam, prestavam-lhe conta do que tinha feito e ensinado.
            No que diz respeito ao apóstolo da fé, leia-se o que diz mensagem recebida pelo médium, Sr., d’A..., em Ségur, 09 de agosto de 1863, inserida em Obras Póstumas:
                                                                                                                                                  " Ao te escolherem, os Espíritos  conheciam a solidez das tuas convicções e sabiam que a tua fé, qual muro de aço, resistiria a todos os ataques.”
                                                                      
            Rivail, antes de entrar em contato com os fenômenos espíritas, dedicou mais da metade da sua vida à educação, principalmente a dos jovens. E ele próprio define a educação como obra de sua vida.
            Por outro lado, até onde alcança o conhecimento adquirido, a sua herança espiritual é determinante para entender a sua preparação para o apostolado da fé. Rivail, foi herdeiro da educação revolucionária que recebeu de Pestalozzi. Allan Kardec, como druida, nas Gálias antigas, pseudônimo que vai se utilizar para a autoria das obras espíritas, bem como Jan Huss, reformador checo, atuaram em atividades ligadas à educação.
            Em toda a Codificação espírita, enxerga-se a sua didática centrada na observação e no ensino. Em O Livro dos Espíritos tem-se o pilar central do edifício pedagógico kardeciano, consolidando-se em um Manual de Educação Integral oferecido à Humanidade para a sua formação moral e espiritual da Terra, como afirma o prof. Herculano Pires, na obra Pedagogia Espírita.
            A missão lhe foi revelada em residência do Sr. Roustan, pela médium Srta. Japhet, em Obras Póstumas:

“(...) Deixará de haver religião e uma se fará, mas verdadeira, grande, bela e digna do Criador...Seus primeiros alicerces já foram colocados... Quanto a ti, Rivail, a tua missão é aí.”

            Tolerante, sensato, humilde, judicioso, corajoso, caridoso. Além de uma fé inquebrantável, esses são alguns traços do caráter de Rivail, revelados em suas obras e por seus biógrafos.
            Ninguém se torna apóstolo em uma encarnação somente, principalmente para uma tarefa de regeneração da humanidade, restauração da religião do Cristo e retificação dos erros da História.
             Kardec consolidou uma doutrina respaldada na fé raciocinada, sem espírito de sistema e abdicando do personalismo para que ela se fizesse grande. De acuidade filosófica, amparou-se no paradigma científico vigente para fundar a ciência do invisível, visualizando uma percepção do ser e do mundo além das mesas que giravam.
            Hoje discípulo. Amanhã apóstolo. É o que espera Allan Kardec dos espíritas, através do chamado do Espírito Erasto, no Cap. XX:4, do Evangelho Segundo o Espiritismo, Missão dos Espíritas:
“Ah! Bendizei o Senhor, vós que tendes fé na sua soberana justiça, e que, novos apóstolos da crença revelada pelas vozes proféticas superiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e da elevação dos Espíritos, segundo o bom ou mau desempenho de suas missões e a maneira pela qual suportaram as suas provas terrenas.”    

            Salve Allan Kardec, três vezes salve!


REFERÊNCIAS
Dicionário bíblico ecumênico. São Paulo: EDITORA DIDÁTICA PAULISTA
INCONTRI, Dora. Pedagogia espírita. São Paulo: Editora Comenius, 2004.
KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. São Paulo: LAKE, 2004.
___________. O evangelho segundo o Espiritismo. São Paulo: LAKE, 2004.
____________. Obras póstumas. São Paulo: FEB, 2003.
XAVIER, F. C. Cartas e crônicas. Rio de Janeiro: FEB, 1966.
____________. Fonte viva. Rio de Janeiro: FEB, 1997.

4 comentários:

  1. Jorge Luis, bela e oportuna homenagem ao Codificador da Doutrina Espírita! Que aqueles que estudam ou que apenas simpatizam com o Espiritismo possam se dedicar em conhecer melhor essa figura, cujo trabalho após mais de um século e meio vem ajudando pessoas a mudar suas histórias de vida e trabalharem para tornar, esse, em um mundo melhor para se viver. Parabéns a você também amigo. AVE KARDEC!

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  2. Caro amigo Castro!
    Muito obrigado por suas palavras de incentivo.
    Allan Kardec ainda é desconhecido não só no público espírita, mas principalmente entre os não espíritas. Essa é a grande verdade!

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  3. Bela homenagem. O artigo nos representa, a todos nós que não encontramos palavras para expressar gratidão pelo trabalho e renúncias do mestre.
    Ave, Lião! Ave, Kardec! Ave, Cristo!
    Everaldo Mapurunga
    Viçosa do Ceará

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  4. Fiquei emociona.
    Chegada de Kardec fez--se luz!!!
    Ave!!!!

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