Por Roberto Caldas (*)
O período eleitoral que vivemos em
terras brasileiras não poderia deixar de ter conotações típicas da condição
espiritual que experimentamos na atual etapa evolutiva. Um tempo de renovação
de extrema conturbação, quando defrontamos com graves problemas de caráter e
extremas dificuldades para visualização dos cenários pretendidos. Sempre é
muito difícil estabelecer padrões de decisão diante de painéis que não definem
com clareza uma trajetória destituída de medos. Medo é o estado da alma quando
visitada pela desesperança, quando percebe que o discurso de mudança é apenas
uma peça de manipulação engendrada pelo vício esculpido no comportamento que o
passado estampa.
Espíritos encarnados que somos,
investidos de compromissos em uma sociedade compartilhada em todos os aspectos,
precisamos atender à demanda de fazer a diferença que a ética particular nos
impõe. Compreender que o vazio presente entre a teoria e a prática é diploma de
apresentação a tantos quantos preferem o disfarce lamentável, na tentativa de
enganar os outros, quando apenas conseguem angariar problemas para o futuro que
os aguarda na presente encarnação ou ainda depois de sua finalização alcançado
o seu ocaso.
Allan Kardec questionou em O Livro
dos Espíritos (q. 581) como considerar a missão daqueles homens que, gozando de
possibilidades de nortear o caminho dos outros e podendo propagar verdades,
cultivam a mentira, ao que respondem os Espíritos: “Como enganados por eles
mesmos. Estão abaixo da tarefa a que se propuseram...”. É fundamental que se
perceba que não há prática qualquer dissociada de compromisso com a
responsabilidade, pois as atitudes nos conduzem inapelavelmente para um campo
vibracional que produzirá resposta em sintonia com a vibração emitida. O fato
de conseguir-se driblar as leis, instituições e população humanas, que até pode
significar a obtenção do paraíso na Terra, resulta em deplorável contrato de
prestação de contas com o próprio equilíbrio espiritual.
Na força do ensino da moral de Jesus
está inscrito em Lucas (XII; v 47 e 48): “Muito se pedirá àquele a quem muito
se houver dado e maiores contas serão tomadas àquele a quem mais coisas se haja
confiado”. Jamais julguemos que é possível ludibriar a outrem, sem que as
consequências nos alcancem na longa caminhada que se propõe adiante. Ao
considerarmos os nossos papéis no desenvolvimento da sociedade humana, cujo mérito
ecológico sugere propostas que elevem o bem estar e a redução das desigualdades
sociais, vale sempre consultar a consciência para avaliação de desempenho como
cidadão, mormente se obtivermos direção e comando sobre a vida de pessoas ou
grupos.
Tristes daqueles que malversam a
confiança alheia e geram sofrimento e dor propositais às populações, as quais
deveriam fazer progredir e desenvolver-se. Infelizmente vivemos no Brasil uma
situação que necessita ser superada e certamente será, quando o povo brasileiro
fizer jus a tal. Sinal vermelho para a nossa forma de considerar esperto tirar
vantagem em detrimento de outrem. Precisamos evoluir enquanto grupo social para
podermos viver momentos de efervescência democrática com a sensação de alegria
no coração e comemorarmos a escolha dos nossos representantes como uma
oportunidade real de melhoria de vida para todos.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 05.10.2014
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário