Por Roberto Caldas (*)
Ao
tratar desse tema em O Livro dos Espíritos, questionados a respeito da
existência do vazio absoluto no Universo (q. 36), os Mensageiros da Codificação
respondem: “Não, nada é vazio. O que imaginais como vazio é ocupado por uma
matéria que escapa aos vossos sentidos e aos vossos instrumentos”. Podemos
avaliar a expressão matéria utilizada nessa resposta em uma compreensão mais
elástica, para que o entendimento se faça mais claro. Atualmente se tornou
muito comum a utilização do conceito de rede para se criar a perspectiva em que
nos vinculamos uns aos outros, de forma completamente anexada.
Traduzindo esse conceito moderno, descrito
desde a edição de O Livro dos Espíritos em abril de 1857, é possível o
entendimento de o porquê a Doutrina Espírita ser tão comprometida com a reforma
interior e alicerçar a sua ética no desafio da vitória sobre as más
inclinações. Pelo fato de estarmos completamente enquadrados numa teia de
valores, numa torrente de elementos plásticos invisíveis, na qual o pensamento
é a unidade que produz a atmosfera do ambiente em que vivemos, o que conta é a
verdade que emana da nossa ação. Se apenas interpretamos papéis, sem que a
essência corresponda à verdade de nossas intenções, o que passa à composição da
vibração é a energia da tentativa de burla, ou seja, enganamos aos outros que
apenas nos vêem representar de forma vazia, porém a contribuição que
transferimos às forças do Universo desmente o que exteriorizamos e é com essa
variável que a nossa vida interior colide.
Propugna a coerência, diante da vasta
informação que o Espiritismo nos traz a respeito do fenômeno das sintonias, que
valorizemos a intimidade do pensamento, certamente buscando formas e maneiras
de instalar interiormente um sistema de alerta que nos impulsione à correção de
caminhos diante do arrasto das imperfeições naturais à evolução que nos
caracteriza. Jesus (Marcos – XIII: 33) nos propunha sabiamente o binômio verbal
vigiar/orar como uma orientação de diálogo interno capaz de reverter
possibilidades infelizes, com as quais podemos acabar por alimentar a bateria
universal contribuindo com o aumento das dificuldades no mundo em que
existimos.
A compreensão de que compomos com o coletivo
do planeta uma espécie de corpo ampliado, no qual interagimos na parte e no
todo, tanto na ação quanto no repouso, é privilegiada possibilidade dispormos
ânimo novo para a retomada sempre que nos flagrarmos no engano, pois afinal
quando nos corrigimos estamos cooperando com a correção da Terra. O exercício
dessa ação pode perfeitamente iniciar em todas as manhãs.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 19.10.2014.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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