Pesquisamos e descobrimos que o que as mães
mais fazem e sentem culpa depois são as seguintes coisas:
- falar mais sim do que deveriam (dar doce, deixar ver tv, etc)
- não conseguir dar atenção para o filho porque estão muito cansadas
1)
É normal acontecer isso?
A culpa tem se tornado uma queixa mais e mais
frequente das mães contemporâneas. Vivemos atualmente sob fortes influências da
cultura da pressa e da cobrança de resultados que disparam excitação, euforia e
ansiedade. Especialmente as mães, não encontraram no contexto atual um novo
lugar saudável e se cobram demasiadamente como profissionais competentes
(muitas vezes são as provedoras do lar), donas de casa impecáveis e mães
exemplares. Por falta de modelos as mães frequentemente agem como se fossem o
“homem da casa” sem naturalmente darem conta de todas as exigências da família,
do trabalho e principalmente delas próprias. Assim nasce a culpa, especialmente
quando não conseguem por esgotamento cuidar dos filhos como elas próprias foram
cuidadas quando crianças.
2) Quais são os problemas de se agir assim?
A culpa, a ansiedade e a angústia são as
principais consequências dessa vida atribulada com objetivos inexequíveis. A
continuidade desse quadro favorece muitas mães desenvolverem transtornos
ansiosos, que sem dúvida são os mais comuns distúrbios da atualidade. O
esgotamento em decorrência da culpa e da ansiedade crônicas é um termômetro
indicador de que já é hora de modificar a dinâmica da vida com um significado
maior para a existência. Quando mais cedo tratar a culpa, a ansiedade e a
angústia, melhor, para que o quadro não dispare sofrimentos mais graves como o
pânico, a depressão, fobias específicas, transtornos somatoformes
(psicossomáticos), transtorno de estresse pós-traumático, entre outros.
3) Como as mães podem se livrar da culpa?
Um número crescente de mães procura a
psicoterapia com a queixa “culpa”. A temperança e o tempo para um mergulho
íntimo são necessários na busca do significado mais amplo para o viver, e a
psicoterapia tem ajudado muitas mães dispostas a mudarem suas vidas para
melhor. O desafio é encontrar um novo modelo de complementariedade para que o
grupo familiar, como um organismo vivo, possa crescer integrado, em harmonia e
em paz. Essa realidade tem sido construída por muitas mães após se
conscientizarem da origem de seus sofrimentos.
4)
O que elas podem fazer para melhorar essa forma de agir?
É importante que as mães em primeiro lugar
não sejam severas quanto à autocrítica e naturalmente aceitem seus limites
humanos, ainda que o entorno exija o impossível. A ansiedade como sinal de que
algo não vai bem é desconstruída com o encontro dos valores essenciais à vida
em harmonia e a motivação do viver com significado o dia-a-dia.
5) O que elas podem fazer para compensar
se acabam fazendo?
Qualquer comportamento que busque a
compensação terá um efeito paliativo caso não sejam compreendida e modificada a
dinâmica do psiquismo que gera culpa e ansiedade.
6)
Em relação à TV, quais são os malefícios de deixar as crianças verem
muito?
Infelizmente, poucas são as opções educativas
e edificantes para as crianças nos canais de TV. A prevalência de conteúdos
competitivos, violentos e ansiógenos em desenhos animados favorecem a absorção
de valores e crenças que depreciam a relação da criança com a família e
coleguinhas. As crianças quando expostas às novelas com conteúdos impróprios
podem abreviar as etapas naturais do desenvolvimento sexual com prejuízo da
própria sexualidade e das relações afetivas e sexuais. Os pais devem
preferencialmente assistir alguns episódios de programas infantis com seus
filhos para apontar os erros (xingamentos, trapaças, brigas, etc.) e selecionar
os melhores canais educativos. É interessante também a opção de apresentar
filmes infantis com bons exemplos de virtudes e ética, preditivos de qualidade
de vida conforme estudos populacionais sobre bem-estar e felicidade (ver
www.traumaesuperacao.com.br).
7)
E comer muito doce?
Ainda que no passado, o açúcar tenha sido
erroneamente associado a um efeito calmante (ex: água com açúcar depois de um
susto), quando metabolizado se transforma em energia para o organismo e
especialmente o chocolate produz endorfinas que ativam áreas de prazer e
recompensa no cérebro. O açúcar pode ser viciante se ingerido continuamente e
causar dependência tal como o álcool e outras substâncias. Por exemplo, estudos
conduzidos por Bart Hoebel do Departamento de Psicologia e Neurociência de
Princeton mostraram ligações entre ingestão exagerada do açúcar, abuso de
substâncias e toxicodependência. Assim como os adultos, as crianças estão
expostas a cultura da pressa/ansiedade que pode sensibilizar o precoce abuso de
substâncias e portanto, as mães devem de fato evitar o consumo contínuo do
açúcar por seus filhos.
¹ entrevista com Dr. Júlio Peres, publicada na revista Pais & Filhos - agosto 2011.
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