A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê,
para os próximos quinze a vinte anos, o dobro dessas mortes, caso se mantenha,
como hoje, a escalada do tabagismo.
O hábito de fumar encurta a vida em pelo
menos dez anos, além de determinar uma má qualidade de vida, no período
terminal da existência, em consequência dos distúrbios respiratórios e
cardiovasculares que lhe são secundários.
Apesar disso, há cerca de um bilhão e
trezentos milhões de fumantes em todo o mundo, sendo 28 milhões no Brasil. As
campanhas antitabagistas internacionais, intensificadas nos últimos vinte anos,
conseguiram diminuir apenas levemente a prevalência de tabagistas do sexo
masculino, mas, em contraposição, observou-se um aumento do número de mulheres
tabagistas, notadamente nos países em desenvolvimento.
Qual seria o motivo dessa exorbitância de
viciações, apesar das pesquisas médicas que demonstram a sua relação com um
enorme elenco de doenças e com a perspectiva sombria da morte prematura?
Em primeiro lugar, há que se destacar a agressividade
da indústria do fumo e a sua grande produção em países como Estados Unidos,
Brasil e China, que não conseguem se eximir dos interesses e compromissos
econômicos. O Brasil é o maior produtor mundial e o 4º maior exportador!
São também destacáveis os aspectos
psicológicos e sociais: a dificuldade de autocontrole, a necessidade de
reconhecimento sócio-cultural pelos pares e a tendência imitativa dos costumes,
em especial na adolescência; assim como os estados de maior vulnerabilidade
emocional, do tipo desemprego, viuvez, divórcio etc.
Por outro lado, é preciso compreender que o
tabagismo deve ser considerado como uma verdadeira doença. É uma enfermidade
com bases biológicas, pois a nicotina – uma dentre as mais de 4.700 substâncias
encontradas na fumaça do cigarro – é capaz de causar dependência química, ao
agir repetidamente sobre o sistema nervoso, levando à liberação de várias
substâncias químicas fabricadas pelos neurônios (neurotransmissores): dopamina,
serotonina, noradrenalina, acetilcolina etc. Essa ação resulta em alterações do
cérebro: não apenas funcionais, mas também estruturais, segundo nos esclarecem
as pesquisas científicas. Há mesmo fatores hereditários implicados na
dependência química à nicotina.
DOENÇAS
RELACIONADAS COM O TABAGISMO
O vício de fumar provoca também outros
distúrbios consequentes à ação das diversas substâncias presentes na fumaça do
cigarro: os hidrocarbonetos cancerígenos (cerca de 70), a nicotina e o dióxido
de carbono.
O alcatrão promove inflamação e mutação
genética; o dióxido de carbono, ligando-se à hemoglobina, leva à respiração
anaeróbica que resulta na formação de substâncias oxidantes; e a nicotina, que,
além da dependência química, determina modificações na função e na estrutura
das paredes dos vasos sanguíneos, afetando o sistema cardiovascular.
As principais enfermidades que estão
relacionadas com o tabagismo são:
*
Bronquite e enfisema pulmonar – 85% dos pacientes que
sofrem desses males são fumantes. Tosse, secreção pulmonar, falta de ar e
infecções respiratórias são comuns nesses pacientes que apresentam modificações
pulmonares irreversíveis e precisam de atendimentos hospitalares repetidos.
*
Câncer – 30% de todos os cânceres estão relacionados com o uso de
cigarros, sendo que 90 a 95% dos cânceres de pulmão acometem os fumantes. Vale
salientar que esta doença vem crescendo nas últimas décadas (2% ao ano), sendo
considerada uma pandemia (epidemia mundial). Outros cânceres
tabacorrelacionados: de laringe, de boca, de esôfago, de bexiga, de rins, de
pâncreas, de estômago, de mama, de intestino, de reto e de colo do útero.
*
Doenças cardíacas e vasculares – Fumar aumenta o risco para
hipertensão arterial sistêmica, angina do peito, infarto do miocárdio e morte
súbita. Tabagistas têm risco dobrado para as doenças coronarianas e, se também
sofrem de hipertensão arterial e de aumento do colesterol sanguíneo, essas
possibilidades serão oito vezes maiores.
*
Doenças neurológicas – O fumo triplica as chances de se ter um
acidente vascular cerebral (trombose/derrame) e duplica a possibilidade de se
contrair a doença de Alzheimer (demência precoce).
*
Doenças sexuais – impotência masculina, diminuição da
capacidade de procriar, aumento das doenças e das taxas de mortalidade da mãe e
do bebê, em caso de gestantes.
* Osteoporose
– o
tabagista tem maior possibilidade de sofrer o problema de descalcificação que
enfraquece os ossos.
*
Envelhecimento precoce – os fumantes apresentam, com o tempo,
enrijecimento da pele e aparecimento precoce de rugas, o que lhes faz parecerem
cinco anos mais velhos. Destaque-se o fato de que as mulheres são mais afetadas
que os homens.
FUMANTES
PASSIVOS
Estudos realizados na última década dão conta
de que as pessoas que convivem com tabagistas tornam-se fumantes passivas e
apresentam maior risco, em relação às não-fumantes, para todas as enfermidades
relacionadas com o tabagismo. Só para citar os problemas de saúde mais
frequentes: o fumante passivo tem um aumento de 25% e 26% nos riscos de sofrer
infarto do miocárdio e de desenvolver câncer de pulmão, respectivamente.
As crianças são as mais afetadas, quando
expostas ao tabagismo passivo doméstico, principalmente as mais novas. Morte
súbita, asma brônquica, infecções e outros problemas respiratórios estão entre
os males a que mais se expõem.
Quarenta mil pessoas, no mundo, e quase duas
mil e quinhentas, no Brasil, morrem anualmente em decorrência dessa condição de
fumantes passivas. Os números, porém, podem ser ainda maiores, afirmam os
especialistas.
Por essa razão, as legislações de vários países
proíbem o uso do fumo em lugares fechados e com aglomerado de pessoas, às vezes
reservando lugares próprios (os fumódromos) para os que sofrem do mal do
tabagismo.
No Brasil, a lei federal de nº 9.294, de 15
de julho de 1996, em seu artigo 2º, proíbe o uso de cigarros e similares, “em
recinto coletivo, privado ou público”, mas ainda não é amplamente cumprida. É
direito do não-fumante exigir não fumar com os viciados, não ser afetado pelo
vício dos outros!
REPERCUSSÕES
ESPIRITUAIS
No Movimento Espírita, sob a desculpa da
tolerância e do respeito ao livre-arbítrio, em franca posição pseudo-evangélica,
há, em geral, uma atitude de omissão a respeito dos malefícios espirituais
determinados pelo vício do tabagismo. Muitos se escudam em argumentos capengas
como o de que é preferível um vício químico a um vício moral, como se uma coisa
não estivesse atrelada a outra, pois um Espírito completamente moralizado não
se permite escravizar por uma dependência química e obviamente tem até plena capacidade
de negar-se à sua submissão.
A verdade é que, apesar de não se encontrar
nos textos da Codificação Espírita referência direta às repercussões do
Tabagismo sobre o Espírito, é fácil depreender-se de seus postulados gerais
como livre-arbítrio e responsabilidade, lei de causa e efeito, respeito e
cuidados para com o corpo físico, dentre outros, os malefícios espirituais
causados pela dependência tabágica.
Em primeiro lugar, há que se destacar a
abertura que o tabagista franqueia para a aproximação de Espíritos
desencarnados viciados, a procurá-lo pela lei de afinidade, oportunizando-lhe
estabelecer processo de vampirização.
Essa vampirização, além de intensificar o
problema da dependência e da necessidade da droga, ainda costuma causar
sintomas e até mesmo enfermidades pelo desequilíbrio perispirítico do enfermo
da alma.
Além disso, o uso continuado das substâncias
nocivas contidas no cigarro, ao mesmo tempo em que adoece o organismo físico,
patrocina alterações patológicas no perispírito, como resultado da ação mental
negativa e da indiscutível ação suicida indireta.
Essas modificações perispirituais associadas
à dependência psicológica e mental costumam levar a sofrimentos múltiplos
imediatos e mediatos após a desencarnação, assim como também a uma predisposição
a enfermidades múltiplas ou mesmo a doenças congênitas/hereditárias na
encarnação vindoura.
Há os que tentam, como sempre, justificar
que, através da ação caritativa, se poderia eximir-se o tabagista dos
sofrimentos futuros, porém, muito embora a prática do Bem produza sempre
resultados minimizadores às nossas dificuldades morais, não há como se evitar a
colheita dos frutos resultantes do comportamento equivocado.
Outra reflexão: Se o Espírito não consegue
tomar consciência da sua responsabilidade para com a saúde do instrumento
recebido da Bondade Divina para viver neste mundo físico nem tem forças para
libertar-se de um vício químico, como se verá capaz de suplantar viciações
morais que cultua ao longo de muitas existências?
Vencedor de um vício químico, o Espírito
encontra estímulo para o combate das suas viciações de caráter moral.
LIVRANDO-SE
DO MAL
Sabe-se que aqueles que abandonam o vício de
fumar, além de se libertarem de um jugo perverso – melhorando as suas condições
de vida e as suas funções respiratórias –, com o passar dos anos têm seus
riscos de adoecimento diminuídos e até semelhantes ao da população, em geral. É
o que se dá, após vinte anos de interrupção, para o câncer de pulmão; após dez
anos, para as doenças do coração e, após cinco anos, para o acidente vascular
cerebral.
Boa parte dos doentes do mal tabágico, no
entanto, não consegue libertar-se usando apenas a vontade própria e necessita
de acompanhamento médico-psicológico-espiritual para conseguir a sua
libertação, a sua cura. Há tratamento psicológico, principalmente pela chamada
terapia cognitivo-comportamental, e tratamento medicamentoso, seja usando
reduzidas doses de nicotina (adesivos e chicletes), seja usando medicamentos
que agem sobre o sistema nervoso.
A Casa Espírita, por sua vez, oferece o seu
tradicional acompanhamento espiritual para os males do espírito.
*
* *
Os que fumam e pensam tragar a fumaça do
tabaco que lhes dá prazer, são na verdade por ela tragados e ludibriados por um
falso companheiro que lhes apunhala por trás, remetendo-os ao despenhadeiro da
morte prematura e, frequentemente, dolorosa!
¹ Fonte: http://www.ice-ceara.org.br/noticia/index.html
Muitíssimo esclarecedor. Tudo muito bem pontuado. Nada de estranhar, vindo deste respeitável Dr. Castro: Erudição, bom senso, veemência, coerência doutrinária.
ResponderExcluirVamos recomendar e repassar.
"Tabacorrelacionados" é um neologismo... proposital?
Ou trata-se de deve falha de digitação?
Everaldo Mapurunga
Viçosa do Ceará
Meu Caro Everaldo, muito me envaideceria se esse texto estivesse assinado por mim, mas é do Francisco Cajazeiras, no entanto, há nele um erro aritmético: Considerando 5 milhões de mortes por ano, teremos apenas 9,52 mortes por minuto (podendo arredondar-se para 10 mortes/minuto, porque não se pode imaginar que uma pessoa morra pela metade) de qualquer forma já é um número assustador, seria mais assustador ainda se fossem 10 mortes por segundo! É a nossa aritmética que não falha!
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