Por Roberto Caldas (*)
No exíguo tempo em que esse texto está sendo
lido, milhares de existências estão chegando ao ocaso físico vitimadas pela
fome, pela sede e pela violência das guerras. Nos motivos que as justifica é
possível vermos a assinatura humana como a grande responsável, mandante e
executora. Não se trata de uma providência geológica, de um cataclismo, a ação
dos homens civilizados ceifa vidas numa proporção múltipla quando comparada com
as catástrofes planetárias. O planejamento dos lucros e o desejo do sucesso político
desdenham da necessidade da geração de uma vida com maiores oportunidades e
menos desigualdade na divisão das riquezas que o planeta franqueia.
Os
direitos fundamentais e inalienáveis – à vida, à propriedade, à cultura e ao
trabalho – sofrem golpes mortais diante da ambição desmedida da parte daqueles
que insistem em prosperar em detrimento do vácuo social que promovem, o qual
suga a energia da maioria precipitando uma sobrevivência sem qualidade para a
imensa maioria da população.
Diante
do espetáculo de transmissão “on line” da vida, fica impossível negar-se o
quanto descuidamos das possibilidades do outro, sempre que os nossos interesses
estejam em jogo. Substituímos as lutas das arenas, onde os escravos se matavam
diante da torcida exigente por brigas sangrentas, pelo espetáculo das longas
horas de trabalho que roubam dedicação à família, escravos modernos dos donos
do poder que controlam o PIB mundial sem qualquer complacência diante das
fragilidades de determinados grupos sociais, aqueles que desfilam à margem da
sociedade.
Natural
nesse contexto que confundamos a comemoração do nascimento de Jesus com a
expectativa de vendas do comércio e que a sua figura venha sendo substituída,
anos após anos, pela proposital divulgação do papai Noel, pois enquanto esse
garante o lucro dos poderosos, Jesus incentiva a partilha e a quebra dos
desvãos da indiferença.
Finalmente
não podemos jamais perder uma oportunidade de reverberar, mesmo em difícil
momento da humanidade, a possibilidade de Jesus tornar-se presente em nossas
vidas. Acima de toda discussão que nos divide é importante que a palavra do
Mestre seja a luminosa inspiração para todo aquele que almeja a mudança nos
rumos de nossas existências. Sabemos que no alto de sua Majestade, diante da
qual as forças opostas haverão de um dia se curvar, Jesus acompanha a
movimentação de toda a humanidade e o seu olhar compadecido espalha o amor que
mais cedo ou mais tarde impregnará a consciência humana de dentro para fora, de
forma a trazer-nos de volta á simplicidade.
Enquanto
esse momento não se torna realidade planetária, é possível que cooperemos com
Jesus, qual vagalume que não consegue iluminar o mundo, mas cria um rastro luz
trêmulo e passageiro, o qual consegue quebrar a rotina escura que nos cerca. Possamos
nesse período do ano receber direto das mãos de Jesus o legado do Natal
significando o nosso compromisso com a melhoria da vida na Terra, como
operários de uma nova ordem de valores que “as traças não corroem nem os
ladrões roubam”.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 22.12.2014.
(*) escritor, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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