Por Roberto Caldas (*)
Relato encontrado em Atos dos Apóstolos, um
dos livros anexados ao Novo Testamento que descreve episódios da rotina dos
seguidores de Jesus depois do seu desencarne, incita-nos uma reflexão
importante. Conta-se (Atos, 3:6) que
enquanto Pedro e João se dirigiam ao templo para orar, um pedinte que era
paralítico e usava aquele espaço para pedir esmolas voltou-se para a dupla
suplicante da ajuda material. Fixando o olhar no interlocutor, depois de
mostrar-lhe os bolsos vazios, Pedro lhe diz – “Não tenho prata nem
ouro; mas o que tenho isso te dou: Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno,
levanta-te e anda." A informação que segue no texto é que o homem
conseguiu levantar-se de sua paralisia e pôs-se a louvar a Deus naquele mesmo
templo.
A lição nos conclama a
perguntar-nos o que temos nos bolsos e o que estamos distribuindo mundo afora. Naturalmente
que os petitórios vindos do mundo que nos cerca são diversos e complexos.
Pensamentos, palavras e ações são cobradas de forma insistente a cada momento
em que interagimos com as pessoas. Estamos envolvidos com dezenas de situações
diferentes simbolizadas pelas necessidades variadas, sendo imperioso que
tenhamos uma atitude dependendo dos recursos que desejamos utilizar diante da
tantas cobranças.
Saber o limite das próprias
posses é uma obrigação inadiável, tanto quanto da disposição em superar tais
valores quando reconhecidamente inferiores ao que precisamos para fazer frente
às demandas, contudo é importante que estejamos despertos para nos desviarmos
das armadilhas que o caminho dispõe a nossa frente.
O que é mesmo que temos
para dar quando o infortúnio nos pede serenidade? Qual a nossa oferta quando
abordados pela impaciência do outro? O que dispomos diante de alguém infeliz
que nos arremete violência? Qual o saldo de nossa conta de paciência diante
daqueles que parece não terem aprendido a lição da humildade? Quanto estamos
dispostos a pagar para que a concórdia seja o teto que nos acoberta a
existência?
Ouro e prata jamais
serão suficientes para nos guardar das dores da alma. Há pessoas tão pobres que
só têm dinheiro para oferecer. O Pescador de Cafarnaum, destituído de posses,
de bolsos vazios, tinha a magia de uma mensagem que era capaz de fazer
erguer-se do solo alguém paralisado diante da existência. Essa mesma magia se
encontra à disposição de quem quer que deseje dela se apossar, pois não se
tornou exclusiva de ninguém, ao contrário foi bafejada ao mundo e à posteridade
nas palavras de Jesus quando de sua passagem pela Terra.
A Doutrina Espírita reedita aquelas palavras sob o
contexto dos fatos contemporâneos, sem lhes alterar o ensinamento essencial, o
qual deve prevalecer pelo tempo necessário até que todos possam absorvê-lo
integralmente.
Diante das exigências do mundo, que sempre nos pede
o que precisamos aprender a doar, é fundamental a compreensão de que vivemos em
um Universo de interação: tudo que doamos haverá de retornar a nós mesmos, hoje
ou amanhã, pois “plantar é opcional, colher obrigatório”.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 14.12.2014.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Lançou recentemente o livro Antena de Luz.
Muito bom!
ResponderExcluirEveraldo Mapurunga
Viçosa do Ceará
Perfeito, principalmente nesse período que estamos onde a maioria entende o doar somente no sentido material
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