Por Roberto Caldas (*)
A consciência não se prende ao tempo, pois o
tempo não lhe serve de prisão e sim de esteira. Ela é a municiadora de todos os
nossos passos e a gestora de todas as nossas lembranças. O inconsciente foram
os nossos conceitos passageiros quem o criou, ele de fato não existe. Se
estivermos de olhos abertos ou não, pouco importa, estamos vivendo a
consciência ampla, na exata esquina que a eternidade permite existir.
São
eles, a Consciência (Espírito) e o Tempo (Deus) as duas grandezas que inferem
todos os fenômenos possíveis a deflagrarem Universo afora. Na primeira, a
presença de todos os conhecimentos e práticas que traduzem a sabedoria de toda
a criação. No segundo, a fenda da eternidade que permite o caminho da
simplicidade à angelitude.
Assim
ladeados em harmonia, a consciência e o tempo desafiam todas as lacunas que as
passagens pelos períodos curtos e longos lhes permitem na jornada. Juntos
atravessam as mais tresloucadas odisseias, muitas das quais tombaram no
esquecimento, passados tantos séculos na história de nossas várias existências.
Importante,
então que aprendamos a refletir nos diminutos portais que nos fazem concentrar
na associação consciência/tempo. Afinal estamos no final de uma etapa,
compreendida pelos 365 dias do giro da Terra em torno do Sol, para que se
inicie uma nova viagem de trajetória em espiral semelhante. Na linguagem
popular, estamos deixando para trás o ano de 2014 para mergulharmos na dimensão
de 2015. E isso não deixa de ser uma das passagens que precisamos perceber se
quisermos acrescentar ao tempo de hoje a consciência que aspiramos alimentar.
Estar
atentos ao presente é a maior das tarefas que a consciência e o tempo nos
solicitam. Não há lapsos. É o segundo, o minuto, o dia, o mês, o ano, o
século... Fatalmente tudo se produz em nossas existências pelo segundo que se
multiplica. Fecundar a vida da boa intenção em relação ao outro é o único
tijolo que a vida nos põe à mão. A felicidade dos bons Espíritos, segundo a
resposta à questão 967 de O Livro dos Espíritos “consiste em conhecer todas as
coisas; não ter ódio, ciúme, inveja, ambição e nenhuma das paixões que fazem a
infelicidade dos homens...”
Não há exigências externas, senão
aproveitarmos o tempo de agora para consultar a própria consciência. Sabermos
se estamos dispostos a fazer a diferença é a nossa grande necessidade. Há
muitas pessoas que apenas se esmeram em fazer igual ao que já fizeram outras
vezes, posto ser essa a forma que decidiram para manter a própria consciência
ocupada no tempo em que se permitem. E nós outros? Ao que estamos dispostos
nesses pequenos chamados de consciência que o tempo nos proporciona? Estamos
convictos de que conseguiremos nos tornar o melhor de si mesmo que pudermos ser
nesse momento?
Aproveitemos todos os portais, por menores
que sejam eles, para aspirarmos à liberdade de ver-nos como a consciência-tempo
que busca a felicidade a cada momento. Feliz 2014.
(Nota: Reprodução do editorial de dezembro de
2012, com modificações).
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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