O Natal sempre me pega pelo coração. Seja
pela tristeza e pelas saudades por ausentes, mortos e vivos. Seja para me
alegrar com a alegria das crianças que amo. Seja porque me lembro (e tenho boas
lembranças) de Natais de outras vidas, sobretudo na Alemanha e na Áustria. Seja
para me conectar mais fortemente com o homenageado da data.
Já dezembro é um mês que anuncia emoções e
balanços. Para mim, especialmente, que é o mês de meu aniversário. Para muitos,
que se embebem do espírito natalino, para outros que realmente param par fazer
reflexões de fechamento de um ciclo, que é o ano que se vai.
Dezembro, sempre acho um mês leve, festivo,
apesar das possíveis nostalgias que nos possam assaltar nas datas de
celebração. Apesar do comercialismo abusivo. Mas se permanecermos em nosso eixo
de paz e equilíbrio, promovendo pequenas ou grandes alegrias para próximos ou
estranhos; se estivermos em sintonia com o Mestre que nasceu e renasce sempre
para os homens e as mulheres de boa vontade, o dezembro nevado do norte ou o
dezembro ensolarado do sul, será sim um mês de beleza e elevação. Cabe a cada
um fazê-lo assim.
Como, para mim, a melhor maneira de celebrar
é através da arte, aqui ficam dois poemas meus, feitos por esses dias (e há
outros aqui no blog e no meu livro de poesia, recém-lançado, A Hora de Dora,) e
uma música chamada “Ich will von Gottes Güte singen” (“Quero cantar a bondade
de Deus”) da compositora judia alemã, da primeira metade século XIX, Fanny
Mendelssohn Hensel, irmã de Felix Mendelssohn.
O
Natal que quero
Tocam sinos invisíveis
Porque os sinos reais
Nas praças já não se
ouvem mais…
Cantam anjos que
ninguém escuta
Porque há muito barulho
no ar
E as crianças não sabem
mais cantar…
O Natal chega de novo
Mas Jesus quase não é
lembrado
Só Papai Noel está na
alma do povo…
Quero um Natal com
sonhos suaves
Com carícias no olhar…
Quero um Natal em que
anjos e aves
Nos venham a paz
anunciar…
Quero um Natal de
aconchego
De mãos nas mãos
De corações com
corações
E preces ao luar…
Quero um Natal de paz
na terra
Com a presença de um
anjo tutelar
Que venha contar
daquela noite
De Jesus menino, em seu
primeiro lar…
E assim um Natal que se
espraie
Pelo mundo, pelo ano,
pelo tempo afora
Um Natal que anuncie um
amor sem limites
E um Jesus pequenino
sempre agora!
* * *
Quando
chegas no Natal
E assim nos chegas
novamente
Chegas todos os anos,
todos os dias
Com teu olhar azulado e
paciente…
Esperando nos doar tuas
alegrias!
Visitas-nos descalço,
pés tão mansos,
Com tua túnica azul,
resplandecente,
Na voz tens cânticos,
remansos,
De braços abertos,
complacente!
Cochichas doces preces
às crianças,
Distribuis sementes e
esperanças…
Incansável e sereno,
altíssimo e brando,
Menino, homem, mestre e
irmão,
Vens nas mãos abertas
carregando
O próprio coração!
Que aprendamos
receber-te em nós,
Que saibamos repetir
tua voz
De ternura, compaixão,
fraternidade
E façamos enfim como tu
queres
Uma nova e feliz
humanidade!
(*) jornalista,
educadora e escritora. Suas áreas de atuação são Educação, Filosofia,
Espiritualidade, Artes, Espiritismo. Tem mestrado, doutorado e pós-doutorado em
Filosofia da Educação pela USP. É sócia-diretora da Editora Comenius e
coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita.
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