Por Roberto Caldas (*)
Desde os
tempos da Codificação, os espíritas tornaram-se alvo de inúmeras interpretações
equivocadas em razão do trânsito que estabeleciam com o mundo dos
desencarnados. Não havia muito tempo que as piras inquisitoriais condenavam à
morte sob o fogo, pessoas consideradas visionárias denominadas à época de
bruxos, apenas por terem exteriorizado pendores sensoriais mal compreendidos, então
taxados de demoníacos. A nova doutrina trazia à tona não só os fenômenos
mediúnicos, mas fazia desses fenômenos mais uma aptidão humana, inclusive com
manuais explicativos de como se comportar diante das realidades do mundo dos
mortos. Natural que, àquela época fizesse recrudescer a necessidade de taxá-la
como uma fábrica de loucos.
Passados 158 anos do desabrochar do
Espiritismo, eis que o mundo moderno se habituou, não apenas com a
nomenclatura, mas especialmente com a pertinência da teoria que permite aos
espíritas transitarem as suas ideias sem açodamentos nem pechas depreciativas.
A Doutrina Espírita se tornou uma respeitável instituição do conhecimento e
seus livros se encontram distribuídos mundialmente como uma fonte de inspiração
para milhões de pessoas. Daquela impressão inicial pressionada pelo preconceito
religioso e pela ignorância daqueles tempos de arbitrariedade contra o livre
pensamento, nada mais resta contra a ciência trazida pelos Espíritos, nos
tempos atuais.
Nesse transcurso de tempo, a
humanidade aprendeu que as grandes ideias sempre sofrem a resistência das
crenças que a antecedem. Foi assim com Leonardo da Vinci, Galileu, Copérnico,
Marconi, Thomas Edison, Pasteur, Freud. Foi assim também com Allan Kardec. Não
houve uma grande ideia na história da inteligência humana isenta de sofrer
perseguições, mas e daí, grandes avanços surgem para derrubar obstáculos e
tornar-se hegemônico tão logo o sistema se convença acerca de sua importância.
Graças à evolução das descobertas tidas como estranhas em seu nascedouro é que
temos a Telefonia, a Física Moderna, a Microbiologia, a Luz elétrica, a
Psicanálise e trazendo discernimento espiritual, a Doutrina Espírita. E a
explicação para isso é simples: é impossível lutar-se, com êxito, contra
propósitos que tem a sua nascente nos princípios do plano Divino da evolução do
planeta.
Julgar nos dias atuais a Doutrina
Espírita como uma esquisitice ou uma ideia que torna as pessoas loucas é o
mesmo que desfazer dos conceitos da vida micro ou da biologia das águas
profundas, apenas por não ter acesso ao microscópio ou ao escafandro. É fechar
os olhos sistematicamente e repetir que o sol se escondeu. No livro O Que é o
Espiritismo (Diálogo com o Crítico), Kardec assevera que “Se o Espiritismo é
um erro, ele cairá por si mesmo; se é uma verdade, todas as diatribes
não farão dele uma mentira”. As ideias espíritas chegaram para ficar, doa a
quem doer, muito além das próprias instituições espíritas, pois o seu alcance é
universal, independe dos templos e das formas, está além das nossas aceitações
individuais. As resistências em contrário só reforçam a regra, não se atira em
alvo já alvejado, não se nega aquilo que não existe. As grandes ideias sempre
hão de prevalecer. O Espiritismo é uma delas.
(¹) editorial do programa Antena Espírita de 18.01.2015.
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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