terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

CONTINUAMOS INDO ATRÁS DO TRIO ELÉTRICO?¹



Por Roberto Caldas (*)


Passados os festejos da “alegria compulsória” em terras brasileiras, ao guardar as fantasias e retornar para a luta nossa de cada dia, é fundamental que repassemos os nossos conceitos a partir da matéria prima que conseguimos selecionar entre os muitos estímulos que recebemos de todos os lados. Bombardeados por fatos e notícias, que nos mostram a diversidade de situações que o mundo atravessa, convém ponderações que nos permitam adotar posições raciocinadas, na qualidade de direito e dever ao mesmo tempo.

            Comunicado recente de uma organização mundial de combate à pobreza, denominada Oxfam, alerta que “os 80 indivíduos mais ricos do mundo possuem a mesma riqueza que 50 por cento de toda a população mais pobre do planeta”. Isso significa que a cada ano que passa, os bens e serviços que movimentam o patrimônio do mundo está sendo transferido para um número menor de pessoas, as quais passam a comandar os destinos da humanidade pela ocupação dos postos de maior destaque no campo das indústrias da Alimentação, Medicamentos, Comunicação, Armamentos, Petrolífera, Informática, Mineração. Tais pessoas movem o PIB mundial e ditam as ordens, elegem governos, comandam políticas e combatem qualquer iniciativa contrária aos seus interesses, um desses interesses a manutenção do status quo. Nesses meandros a Felicidade Interna Bruta(FIB) não importa muito.
            Na 3a parte de O Livro dos Espíritos, ao tratar da Lei de Conservação, é questionado quanto ao sentimento de prazer na posse e uso dos bens materiais pelo homem encarnado e o que objetiva essa tentação, ao que respondem os Instrutores Espirituais: “Para estimular o homem ao cumprimento de sua missão e experimentá-lo por meio da tentação (q.712)” e ainda “Desenvolver sua razão, que deve preservá-lo dos excessos (q.712a)”. A proposta dos Espíritos torna aceitável e importante que se cogite a melhoria das próprias condições materiais, sem que tal se constitua por si só em um mal para a evolução do ser, desde que se esteja vacinado contra os excessos que determinam a ganância e abuso de poder.
            Atentemos para a avalanche de informações que pregam o medo, a destruição, a escassez, a progressiva incompetência para soluções, a dissolução da sociedade. Nada melhor que um chicote para manter o leão restrito ao seu lugar no picadeiro. Sabemos quem detém os bens e quais as intenções desses proprietários em permitir a divisão dos mesmos, pois os números não mentem e a desigualdade só aumenta na economia mundial. 

            A Doutrina Espírita nos esclarece que a riqueza do mundo serve aos interesses passageiros, podendo se constituir em apoio para a evolução dos que sabem compartilhar, mas que o maior tesouro é aquele que “as traças e a ferrugem não corroem nem os ladrões roubam”, como assevera Jesus (Mateus VI; 19-21). A maior riqueza que podemos cultivar é aquela que nos permite o pensamento esclarecido que nos permita a clareza de identificar a quais chamados devemos responder sim, sem deixar de examinar as motivações que permeiam as informações que nos chegam por intermédio dos canais disponibilizados pelos dominadores do mundo. Assim como fomos chamados para o cuidado com os falsos profetas (Mateus XXIV; 11) é importante perguntarmos de onde provêm os interesses que movem as especulações do presente, daí utilizemos o nosso livre arbítrio para, de forma consciente, nos posicionarmos no mundo com a mente tranquila de estarmos fazendo o melhor que nos compete, cristãos que somos.  

¹ editorial do programa Antena Espírita de 22.02.2015.

(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.

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