Por Roberto Caldas (*)
Passados
os festejos da “alegria compulsória” em terras brasileiras, ao guardar as
fantasias e retornar para a luta nossa de cada dia, é fundamental que
repassemos os nossos conceitos a partir da matéria prima que conseguimos
selecionar entre os muitos estímulos que recebemos de todos os lados.
Bombardeados por fatos e notícias, que nos mostram a diversidade de situações
que o mundo atravessa, convém ponderações que nos permitam adotar posições
raciocinadas, na qualidade de direito e dever ao mesmo tempo.
Comunicado recente de uma
organização mundial de combate à pobreza, denominada Oxfam, alerta que “os 80
indivíduos mais ricos do mundo possuem a mesma riqueza que 50 por cento de toda
a população mais pobre do planeta”. Isso significa que a cada ano que passa, os
bens e serviços que movimentam o patrimônio do mundo está sendo transferido
para um número menor de pessoas, as quais passam a comandar os destinos da
humanidade pela ocupação dos postos de maior destaque no campo das indústrias
da Alimentação, Medicamentos, Comunicação, Armamentos, Petrolífera,
Informática, Mineração. Tais pessoas movem o PIB mundial e ditam as ordens,
elegem governos, comandam políticas e combatem qualquer iniciativa contrária
aos seus interesses, um desses interesses a manutenção do status quo. Nesses
meandros a Felicidade Interna Bruta(FIB) não importa muito.
Na 3a parte de O Livro dos
Espíritos, ao tratar da Lei de Conservação, é questionado quanto ao sentimento
de prazer na posse e uso dos bens materiais pelo homem encarnado e o que
objetiva essa tentação, ao que respondem os Instrutores Espirituais: “Para estimular o homem ao cumprimento de
sua missão e experimentá-lo por meio da tentação (q.712)” e ainda “Desenvolver sua razão, que deve preservá-lo
dos excessos (q.712a)”. A proposta dos Espíritos torna aceitável e
importante que se cogite a melhoria das próprias condições materiais, sem que
tal se constitua por si só em um mal para a evolução do ser, desde que se
esteja vacinado contra os excessos que determinam a ganância e abuso de poder.
Atentemos para a avalanche de
informações que pregam o medo, a destruição, a escassez, a progressiva
incompetência para soluções, a dissolução da sociedade. Nada melhor que um
chicote para manter o leão restrito ao seu lugar no picadeiro. Sabemos quem
detém os bens e quais as intenções desses proprietários em permitir a divisão
dos mesmos, pois os números não mentem e a desigualdade só aumenta na economia
mundial.
A Doutrina Espírita nos esclarece
que a riqueza do mundo serve aos interesses passageiros, podendo se constituir
em apoio para a evolução dos que sabem compartilhar, mas que o maior tesouro é
aquele que “as traças e a ferrugem não
corroem nem os ladrões roubam”, como assevera Jesus (Mateus VI; 19-21). A
maior riqueza que podemos cultivar é aquela que nos permite o pensamento
esclarecido que nos permita a clareza de identificar a quais chamados devemos
responder sim, sem deixar de examinar as motivações que permeiam as informações
que nos chegam por intermédio dos canais disponibilizados pelos dominadores do
mundo. Assim como fomos chamados para o cuidado com os falsos profetas (Mateus
XXIV; 11) é importante perguntarmos de onde provêm os interesses que movem as
especulações do presente, daí utilizemos o nosso livre arbítrio para, de forma
consciente, nos posicionarmos no mundo com a mente tranquila de estarmos
fazendo o melhor que nos compete, cristãos que somos.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 22.02.2015.
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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