Por Dora Incontri (*)
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) |
“Na ordem natural, sendo todos os homens
iguais, sua vocação comum é o estado de homem e todo aquele que for bem
educado para este estado não pode preencher mal os outros que têm relação com
ele. Que se destine meu aluno à espada, à igreja, ao tribunal, pouco importa.
Antes da vocação dos pais, a natureza o chama à vida humana. Viver é a função
que lhe quero ensinar. Saindo das minhas mãos ele não será, confesso-o, nem
magistrado, nem soldado, nem padre: ele será primeiramente homem; tudo o que um
homem deve ser ele saberá sê-lo segundo as necessidades, e a fortuna poderá
muito bem trocá-lo de lugar, ele estará sempre no seu.” (Emílio)
(…) a
verdadeira educação consiste menos em preceitos do que em exercícios. Começamos
a nos instruir, começando a viver. (…) Viver não é respirar, é agir; é fazer
uso de nossos órgãos, de nossos sentidos, de nossas faculdades, de todas as
partes de nós mesmos, que nos dão o sentimento de nossa existência.” (Emílio)
“Que o aluno não saiba nada porque lhe
tenhais dito, mas porque ele o compreendeu por si mesmo, que ele não aprenda
a ciência, que ele a invente. Se substituis no seu espírito a razão pela
autoridade, ele não raciocinará mais, será apenas o joguete da opinião
alheia.” (Emílio)
“A retidão do coração, quando solidificada
pelo raciocínio, é a fonte da exatidão do Espírito” (Emílio)
“Qual o objetivo da educação de um jovem? É o
de torná-lo feliz.” (Emílio)
“A natureza – quer que as crianças sejam
crianças antes de serem homens. Se quisermos perturbar essa ordem, produziremos
frutos prematuros que não terão nem madureza nem sabor, e não tardarão a se
corromper; teremos doutores infantis e crianças velhas. A infância tem maneiras
de ver, de pensar, de sentir que lhe são próprias.” (Nova
Heloísa)
“Chamo educação positiva aquela que tende a
formar o espírito antes da idade e a dar à criança o conhecimento dos deveres
do homem. Chamo educação negativa aquela que tende a aperfeiçoar os órgãos,
instrumentos de nossos conhecimentos, antes de nos dar esses conhecimentos e
que prepara a razão pelo exercício dos sentidos. A educação negativa não é
ociosa, longe disso. Ela não dá as virtudes, mas previne os vícios; ela não
ensina a verdade, mas preserva do erro. Ela dispõe a criança a tudo o que pode
levá-la ao verdadeiro que ela está em condições de entendê-lo, e ao bem quando
está em condições de amá-lo. (Carta
a Christophe de Beaumont)
“Parece certo, entretanto, eu o confesso, que
se o homem é feito para a sociedade, a Religião mais verdadeira é, também, a mais social e a mais humana, porque Deus
quer que sejamos tais como ele nos fez, e se fosse verdade que ele nos tivesse
feito maus, seria desobedecer-lhe querer deixar de sê-lo. Além do mais a
Religião considerada como uma relação entre Deus e o homem, não pode chegar à
glória de Deus senão pelo bem-estar do homem, pois que o outro termo da relação
que é Deus, está, por sua natureza, acima de tudo o que pode o homem a favor ou
contra ele. (Carta
a Christophe de Beaumont)
(*) jornalista,
educadora e escritora. Suas áreas de atuação são Educação, Filosofia,
Espiritualidade, Artes, Espiritismo. Tem mestrado, doutorado e pós-doutorado em
Filosofia da Educação pela USP. É sócia-diretora da Editora Comenius e
coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita.
Logo que vi o título, presumi tratar-se de um trabalho de Dora. Excelente fichamento, acerca do lúcido "avô intelectual e espiritual" de nosso Allan Kardec ("O homem herda do homem"). Que venham outros fichamentos! Obrigado por nos presentear com trabalhos dessa qualidade.
ResponderExcluirEveraldo C. Mapurunga
Viçosa do Ceará (CE)