Ao contrário do que muita gente pensa, o
Espiritismo não se considera uma nova religião. Pelo menos não no sentido
convencional daquilo que normalmente se entende por uma religião. Allan Kardec,
em discurso proferido em 01 de novembro de 1868 na Sociedade Espírita de Paris,
explicou o assunto da seguinte maneira:
Se é assim, perguntarão, então o
Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido
filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto,
porque é a doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de
pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as
próprias Leis da Natureza.
Por que, então temos declarado que o
Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para
exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é
inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de forma, que
o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não
veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se quiser, dos princípios
absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de
hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de
misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou.
É mais correto dizer, portanto, que o
Espiritismo é religião no sentido filosófico, na medida em que reconhece a
existência de Deus, explica o sentido da vida, a origem das almas.
Nas apostilas de estudo sistematizado da
Doutrina Espírita, normalmente utilizadas em centros para o esclarecimento de
novos adeptos, informa-se que o Espiritismo é uma ciência que trata da
natureza, origem e destino dos Espírito, bem como de suas relações com o mundo
corporal. É importante compreender a forma como o Espiritismo se entende como
ciência.
Como meio de elaboração, o Espiritismo
procede exatamente da mesma
forma que as ciências positivas,
aplicando o método experimental. Fatos
novos se apresentam que não podem ser
explicadas pelas leis conhecidas; o Espiritismo os observa, compara, analisa e,
remontando dos efeitos às causas, chega
à lei que os rege; depois, deduz-lhes as consequências e busca
aplicações úteis. (...).
É pois, rigorosamente exato dizer-se que
o Espiritismo é uma ciência de observação, e não produto da imaginação.
Sobre este assunto, o doutor em Ciências pela
Universidade de São Paulo (USP), professor titular de Físico-Química no
Instituto de Química da Universidade de Campinas (UNICAMP), Aécio Pereira
Chagas, explica que o Espiritismo é uma ciência que trata de uma ordem diferente
de fenômenos daqueles de que tratam as ciências da matéria. Em seu texto “A
Ciência confirma o Espiritismo?” Aécio afirma que:
As ciências vulgares repousam sobre as
propriedades da matéria, que se
Pode, à vontade, manipular; os fenômenos
que ela produz têm por agentes forças materiais. Os do Espiritismo têm como
agentes inteligências que têm independência, livre-arbítrio, e não estão
sujeitas aos nossos caprichos; por isso eles escapam aos nossos processos de
laboratório e aos nossos cálculos, e desde então ficam fora dos domínios da
Ciência propriamente dita.
BIBLIOGRAFIA:
Revista Espírita, dezembro de 1868. Edição FEB.
CHAGAS,
Aécio Pereira. “A Ciência confirma o
Espiritismo?” Reformador, jul. 1995, pag. 208-211.
¹Fonte: Espiritismo e Ecologia. Edição FEB.
“O Espiritismo, não tendo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não se poderia, nem deveria se ornar de um título sobre o valor do qual, inevitavelmente, seria desprezado; eis porque ele se diz simplesmente: DOUTRINA FILOSÓFICA E MORAL.” (Allan Kardec). Por que muitos insistem em dizer que o Espiritismo é religião? Tão simples!
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