quarta-feira, 18 de março de 2015

A CIÊNCIA ESPÍRITA¹





Ao contrário do que muita gente pensa, o Espiritismo não se considera uma nova religião. Pelo menos não no sentido convencional daquilo que normalmente se entende por uma religião. Allan Kardec, em discurso proferido em 01 de novembro de 1868 na Sociedade Espírita de Paris, explicou o assunto da seguinte maneira:

Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias Leis da Natureza.
Por que, então temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou.




É mais correto dizer, portanto, que o Espiritismo é religião no sentido filosófico, na medida em que reconhece a existência de Deus, explica o sentido da vida, a origem das almas.
Nas apostilas de estudo sistematizado da Doutrina Espírita, normalmente utilizadas em centros para o esclarecimento de novos adeptos, informa-se que o Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espírito, bem como de suas relações com o mundo corporal. É importante compreender a forma como o Espiritismo se entende como ciência.

            Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma
            forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos
novos se apresentam que não podem ser explicadas pelas leis conhecidas; o Espiritismo os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega  à lei que os rege; depois, deduz-lhes as consequências e busca aplicações úteis. (...).
É pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação, e não produto da imaginação.

Sobre este assunto, o doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), professor titular de Físico-Química no Instituto de Química da Universidade de Campinas (UNICAMP), Aécio Pereira Chagas, explica que o Espiritismo é uma ciência que trata de uma ordem diferente de fenômenos daqueles de que tratam as ciências da matéria. Em seu texto “A Ciência confirma o Espiritismo?” Aécio afirma que:

            As ciências vulgares repousam sobre as propriedades da matéria, que se
Pode, à vontade, manipular; os fenômenos que ela produz têm por agentes forças materiais. Os do Espiritismo têm como agentes inteligências que têm independência, livre-arbítrio, e não estão sujeitas aos nossos caprichos; por isso eles escapam aos nossos processos de laboratório e aos nossos cálculos, e desde então ficam fora dos domínios da Ciência propriamente dita.

  


BIBLIOGRAFIA:
Revista Espírita, dezembro de 1868. Edição FEB.
CHAGAS, Aécio Pereira. “A Ciência confirma o Espiritismo?” Reformador, jul. 1995, pag. 208-211.


¹Fonte: Espiritismo e Ecologia. Edição FEB.

Um comentário:

  1. “O Espiritismo, não tendo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não se poderia, nem deveria se ornar de um título sobre o valor do qual, inevitavelmente, seria desprezado; eis porque ele se diz simplesmente: DOUTRINA FILOSÓFICA E MORAL.” (Allan Kardec). Por que muitos insistem em dizer que o Espiritismo é religião? Tão simples!

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