Por Roberto Caldas (*)
A Doutrina Espírita é sem dúvida uma das
maiores ferramentas de harmonização interior e de enriquecimento da convivência
social. Ao acender a luz da fé no futuro, retirados os véus que encobrem a
visão que nos torna titubeantes diante do medo da morte, simplesmente reduz em
muito os motivos da ansiedade que empobrece a existência.
Cabe
ao espírita, herdeiro de sua mensagem iluminadora, munir-se de conhecimentos
que lhe confiram a tranquilidade para trafegar nesse mundo de pressa exacerbada
e de exigências descabidas, sem se deixar fazer parte do “efeito manada”.
Diante das crenças dos outros, importa manter o respeito pressuroso que avalia
o grau de completitude que se experimenta derivada do direito de seguir o
caminho que deseja. O critério com que se mede a posição de convicção dos
outros é a satisfação com que projetam as suas vidas na direção da serenidade
íntima.
Nada
de querer converter o outro, apenas viver a sua realidade como aquela que é
suficiente para nos manter solidários com a certeza de que os nossos caminhos
são naturalmente diferentes e a felicidade progressiva é uma contínua e
multifacetada estrada que sugere providências muito pessoais para a conquista
de cada dia. A busca dos pontos de convergência é estratégia mais inteligente
para reforçar o comportamento que precisamos adotar sempre que irrompe uma
dificuldade.
Quando
encontramos pessoas que pensam no nosso mesmo diapasão, o momento se transforma
em ocasião de festa, mas suportar o impacto das opiniões que diferem é um dos
maiores exercícios de plena fraternidade, quando é possível manter as noções de
civilidade e empatia, sabedores que somos da inexorável ação do tempo nas
mudanças dos contextos que alicerçam o pensamento humano.
Lembremo-nos de que a Doutrina Espírita
experimentou, por mais de 100 anos, muitas condenações e críticas apressadas
daqueles que não conseguiam analisar, de forma isenta, a profundidade
intrínseca advinda da voz dos arautos do mundo espiritual, o que em nada
modificou a sua essência, apenas demorou um pouco para que conseguisse uma
leitura mais adequada às propostas de renovação que traz em seu bojo.
Dispostos ao convívio no mundo social,
compete aos divulgadores da mensagem rediviva de Jesus não apressarem o passo
com polêmicas desnecessárias em ambientes inapropriados, antes busquem a
palavra que soma as atenções para uma possível prática que convida à reflexão,
sem agressões a quaisquer formas de pensar, aglutinando em torno de uma ideia
que seja comum.
Se quisermos fazer crescer a ideia espírita
nas mentes das pessoas, cientes de que ela se constitui em excelente
instrumento de saúde espiritual, comecemos por tranquilizar qualquer ânsia de
doutrinação jactanciosa buscando na palavra universal de Jesus o discurso que
nos faça confluir para uma atitude de comunhão. A mensagem de Jesus é
agregadora e descortina portas e janelas para um entendimento que viabiliza a
aceitação do Espiritismo no momento oportuno.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 01.03.2015.
(*) escritor espírita, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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