Por Dora Incontri (*)
Que queres, menino triste? que me paras no farol? |
Que
queres, menino triste?
que
me paras no farol?
Que
sonho escuro que viste,
Pois
teus olhos não têm sol?
Tua
madrasta é a rua,
com
seu cimento gelado.
E
de noite, nem a lua
te
dá um olhar de trocado…
Quem
te largou neste mundo,
para
catares esmola?
Se
roubas, és vagabundo…
Mas
quem te roubou a escola?
E
quem te arrancou da mão
um
brinquedo e uma esperança?
Quem
te tirou, sem perdão,
o
direito a ser criança?
Tua
escola é a calçada,
que
frequentas todo em trapos.
Se
o dia não rende nada,
logo
apanhas uns sopapos.
Menino,
no olhar me imploras
muito
mais do que um favor.
Querias
que tuas horas
fossem
preenchidas de amor!
Mas
o que vês são os carros!
Passam
depressa, sem dó.
Os
sorrisos te são raros.
O
Brasil te deixa só.
Minha
poesia já chora:
os
meninos são milhões.
Será
que o povo de agora
perdeu
os seus corações?
Vá
correndo, minha Musa
pedir
ao homem tão duro,
que
das riquezas abusa,
que
reparta seu futuro!
Poderá
haver perdão,
dizei-me
vós, Senhor Deus,
para
a megera nação
que
assim trata os filhos seus?
E
a Musa conclama alto,
com
resquícios de esperança:
Brasil,
não jogues no asfalto
A
alma de uma criança!
(*) Jornalista,
educadora e escritora. Suas áreas de atuação são Educação, Filosofia,
Espiritualidade, Artes, Espiritismo. Tem mestrado, doutorado e pós-doutorado em
Filosofia da Educação pela USP. É sócia-diretora da Editora Comenius e
coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita. Docente de
pós-graduação pela Universidade Santa Cecília. Dirige em São Paulo, o Espaço
Pampédia, um centro de educação e cultura, uma incubadora de ideias.
fonte: http://doraincontri.com/about/
Dia 14.03 - Dia Nacional da Poesia.
ResponderExcluirA homenagem do Canteiro de Ideias.
Muito bom.
ResponderExcluirMuito bom Jorge.
ResponderExcluir- Lamentável, os meninos tristes da Poesia, estão espalhados por nossa Nação.
NonatoCEABEM