domingo, 8 de março de 2015

O LIVRO DOS ESPÍRITOS E A MULHER¹




Por Roberto Caldas (*)

Pintura em óleo de Allan Kardec e Amélie Boudet

           Eis uma afirmação que não nos deve causar espanto: Lançado ao mundo em 1857, O Livro dos Espíritos demonstra inegável atualidade quando trata de assuntos que ocupam espaço nas listas dos grandes debates humanos contemporâneos. O fato se justifica, pelo que sabemos através da palavra dos Mentores Espirituais, quanto à missão do Espiritismo em reconstituir os princípios da mensagem cristã ao inserir-lhe num idioma que é falado exaustivamente nos quatro cantos do mundo, originado no plano invisível através da mediunidade. Dissera Jesus que apesar da temporalidade do céu e da Terra, as suas palavras não passariam, logo precisariam ser reinterpretadas, de sorte que viria um Consolador que relembraria o que havia sido dito e esquecido, também traria outras informações que não seriam entendidas se fossem ensinadas na sua época. 
            Essa a razão que permitiu que fossem destacadas na apresentação dessa obra, ao afirmar o que trazia ao mundo: “os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade – segundo o ensinamento dos Espíritos superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec”.
            É assim que o Espiritismo consegue fôlego extra em um período tão pródigo em comportamentos, descobertas e contradições. Permite aquele estudioso de suas ideias acompanhar de forma tranquila os desdobramentos das intercorrências que pululam na sociedade, sem se deixar abalar pelos clamores do imediatismo, porque reconhece que a história da humanidade passa necessariamente por períodos de eclipses e iluminações sucessivos, vitais para a evolução obrigatória dos Espíritos e dos mundos.
            Entre tantas questões importantes, a Doutrina Espírita, insere a discussão sobre a importância do papel da mulher no mundo. Relativiza a questão sexual ao afirmar que o mesmo depende do organismo físico, não existe nos Espíritos como entendemos (LE, q 200) e que homem e mulher são iguais diante de Deus e assim devem ser vistos diante das leis humanas para atender ao princípio de justiça de não fazer ao outro o que não se deseje para si (LE, Q.822). Arremata que “... a emancipação da mulher segue o progresso da civilização, sua subjugação marcha com a barbárie...” (LE, Q. 822"a"). Reconhece a importância do gênero feminino no mundo quando declina entra suas muitas funções, aquela que é superior a todas as demais, que é o dar as primeiras noções de vida (LE, Q. 821), logo ter em suas mãos a condição de transformação de nossa sociedade.
            Independente de sabermos que ao espírito é obrigatória a passagem pelas duas polaridades de gênero nada há de obstar a importância para o mundo, o olhar qualificado da mulher tornando mais leve a existência, não somente pelo viés da estética, mas principalmente por estabelecer a sensibilidade como canal mais direto de resolver conflitos, anos luz à frente racionalidade, duas formas de inteligência que conquistamos no mundo.
            É dessa forma que a Doutrina Espírita em O Livro dos Espíritos, um século antes dos movimentos que alçaram a mulher ao lugar que lhe compete, realçava a figura feminina pela sua grande importância na evolução planetária.  

¹ editorial do programa Antena Espírita de 08.03.2015.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.


2 comentários:

  1. Que Deus continue iluminando a Doutrina Espírita para que ela chegue ainda mais longe. Feliz dia da Mulher. :) Ótimo artigo!!

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  2. http://reflexionesespiritistas.blogspot.com.br/

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