Por Jorge Hessen (*)
Se compreendêssemos melhor os mecanismos da
Lei de ação e reação evitaríamos infortúnios, ambições e desonras que,
definitivamente, não estariam em nosso roteiro, seríamos mais comedidos nas
ações diárias. Precisamos refletir a Lei de causa e efeito com o máximo
discernimento, a fim de nos conscientizarmos sobre a sua imposição rígida e
fatal, que desfere tanto reparações chocantes, quanto gratificações
surpreendentes, sempre, justas, judiciosas e controladas, as quais expressam a
resposta da Natureza, ou da Criação, contra a desarmonia constituída ou
submissões aos códigos divinos em seus suaves aspectos.
“Quão severa e temível é a lei que rege os
destinos da Criação! Os homens terrenos precisam ser avisados destas
impressionantes verdades, a fim de que melhor se conduzam durante as
obrigatórias travessias das existências.”[1] A Lei de ação e reação ou causa e
consequência também popularizada como Lei do “carma” [2], conhecida desde às
civilizações mais antigas.
Ninguém está sujeito ao império aleatório do
“acaso”, pois este não existe. A casualidade não tem espaços nos dicionários
espíritas, portanto não traz poder capaz de reger nossos destinos. É a Lei do
“carma”, Lei de “causa e efeito” ou a Providência divina, que tudo ordena,
corrige e atua, interferido tanto nas dimensões infinitesimais do microcosmo,
como na imensidade colossal do macro universo. Tal divino ditame objetiva
exclusivamente administrar o aprimoramento incessante de todas as coisas e
seres que estruturam a harmonia da Lei do Criador.
A Lei de causa e efeito tonifica a
contabilidade divina com o seu saldo credor ou devedor para conosco. Os altivos
regulamentos do Pai demonstram que “a semeadura é livre, mas a colheita
obrigatória”, e “a cada um será dado conforme as suas obras”, portanto, não
permitem exceções a ninguém, mas ajustam as criaturas à disciplina individual e
coletiva, tão necessárias ao equilíbrio e harmonia da Humanidade.
O principal meio de modificar para melhor o
chamado “carma” ou conta do destino criada por nós mesmos reside no controle
dos nossos desejos, pensamentos, palavras e ações, pois, à medida que nos
melhorarmos, reduziremos ou modificaremos os débitos do passado e criaremos um
novo “carma” para o futuro.
Sofremos após a desencarnação os resultados
de todas as imperfeições que não conseguimos corrigir na vida física. A Lei
divina institui que felicidade e desdita sejam reflexos naturais do grau de
pureza ou impureza moral. A completa felicidade reflete a purificação completa
do Espírito, enquanto a imperfeição causa sofrimento e privação de alegria.
Portanto, toda perfeição alcançada é fonte de gozo e atenuante de sofrimentos.
Pela justiça de Deus sofremos não apenas pelo
mal que fizemos mas pelo bem que deixamos de fazer seja na Terra ou no
Além-túmulo. O sofrimento (expiação) varia segundo a natureza e gravidade da
falta, podendo a mesma falta produzir expiações distintas, segundo as
circunstâncias, atenuantes ou agravantes, em que for cometida. Para a
Codificação espírita não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e
duração da penalidade: - a única lei geral é que toda falta terá punição, e
todo ato meritório terá gratificação, segundo o seu valor.
Em face do livre arbítrio somos sempre juízes
do próprio destino, podendo delongar os sofrimentos pela persistência no mal,
ou atenuá-lo e até anulá-los pela prática do bem. Um dos mecanismos que
suavizam o sofrimento é a contrição. Entretanto não nos basta o arrependimento,
pois são imprescindíveis a expiação e a reparação. Allan Kardec explana o
seguinte: “arrependimento, expiação e reparação constituem as três condições
necessárias para aplacar os traços de uma falta e suas implicações. O
arrependimento suaviza os amargores da expiação, abrindo pela esperança o
caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito
distraindo-lhe a causa. Do contrário, o perdão seria uma graça, não uma anulação.”[3]
O arrependimento pode dar-se por toda parte e
em qualquer tempo; se for tarde, porém, o culpado sofre por mais tempo. Até que
os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos
físicos e morais que lhe são consequentes, seja na vida atual, seja na vida
espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal. A reparação
consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal. Em que pese a
diversidade de gêneros e graus de sofrimentos dos Espíritos imperfeitos, a Lei
de Deus estabelece que o sofrimento seja inerente à imperfeição.
Toda imperfeição, assim como toda falta dela
decorrente, traz consigo a própria punição nas consequências naturais e
inevitáveis. Assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio,
sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo.
Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode
igualmente anular os males consecutivos e assegurar a futura felicidade. A cada
um segundo as suas obras, no Céu como na Terra: - tal é a lei da Justiça
Divina. [4]
Referências
bibliográficas:
[1]
Pereira, Ivone. Dramas da Obsessão, ditado pelo espírito Bezerra de Menezes,
RJ: Ed. FEB, 2004
[2]
Expressão hinduísta exprimindo o efeito que nossas ações geram no futuro (tanto
nesta como em outras encarnações)
[3]
Kardec, Allan. O Céu e o Inferno, As penas futuras segundo o espiritismo,
seção: código penal da vida futura, RJ: Ed. FEB 1977
[4]
Idem
(*) escritor com livros publicados: Luz na
Mente publicada pela Edicel, Praeiro, um Peregrino nas Terras do Pantanal
publicado pela Ed do Jornal Diário de Cuiabá/MT, Anuário Histórico Espírita
2002, uma coletânea de diversos autores e trabalhos históricos de todo o
Brasil, coordenado pelo Centro de Documentação Histórica da União das
Sociedades Espíritas de São Paulo - USE. Articulista com textos publicados na
Revista Reformador da FEB e O Espírita de Brasília,
Damos boas vindas ao confrade Jorge Hessen, que respondeu cordialmente ao convite para colaborar com o blog Canteiro de Ideias. Carioca, residente em Brasília desde 1972, é escritor e historiador com vários artigos publicados, e que vem também sustentar acesa a chama dos princípios espíritas em nossos corações.
ResponderExcluirJorge Luiz, concordo com você, o Canteiro está se tornando um veículo importante para os espíritas e, principalmente, para os simpatizantes e não espíritas, pessoas que desejam conhecer essa Doutrina que tanto tem esclarecido como ajudado pessoas em todas as partes do mundo. Articulistas como Jorge Hassen, qualificam ainda mais o Blog Canteiro de Ideias, um veículo que corre o mundo levando a mensagem da Doutrina Espírita. Parabéns ao Canteiro de Ideias!
ResponderExcluirCorrijam o nome do Companheiro é: Jorge Hessen!
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