quarta-feira, 12 de agosto de 2015

METODOLOGIA PARA A PRÁTICA DOS PRINCÍPIOS ESPÍRITAS



Por Alkíndar de Oliveira (*)


Ermance Dufaux, espírito, esclarece que “não se vive o Evangelho, entre outras infinitas questões, porque não se tem trabalhado nos agrupamentos humanos, inclusive os espíritas, um método que permita esse auto-encontro em bases educativas para a alma em aprendizado.” (1)

Esta especial educadora insere nessa pequena e esclarecedora mensagem - com a devida ênfase - a palavra “método”. Enfatiza que nos agrupamentos humanos, os espíritas inclusive, prevalece a ausência de metodologias. A grande questão é: como sermos alunos eficazes nessa escola de aprendizagem que é o nosso amado planeta, se não soubermos adotar e praticar metodologias adequadas?

A tendência tem sido adotarmos o belo e rico discurso da teoria espírita, mas ficarmos longe da necessária prática. Nossa verbalização no campo da evolução pode ser brilhante, pois o Espiritismo nos proporciona inigualável conhecimento. Mas, no contraponto, nossa convivência com o próximo, para ficarmos com um só exemplo, tem sido lastimável. Ainda estamos na fase de desentendermo-nos com amigos de jornada, por “amor à causa espírita”. Um grande contrassenso! Pois não nos é desconhecida a assertiva de que “a causa é o amor”.


Adotar metodologias apropriadas é o caminho mais sensato para escalarmos os necessários degraus evolutivos para sairmos desse círculo vicioso que tanto nos prejudica. A procura destas metodologias precisa ser o norte de quem queira aproveitar da benção desta atual encarnação. Mas que metodologias serão estas? E, se tantos são os desafios para o nosso desenvolvimento espiritual, por onde começarmos?

Eis a grande questão: que metodologias e desafios escolhermos para bem aproveitarmos da oportunidade divina desta atual encarnação?

Sobre a escolha do desafio a ser escolhido – por nós espíritas - não temos dúvidas: necessitamos adotar e praticar os princípios que o Espiritismo nos proporciona. Eis o desafio! Mas que metodologia poderá fazer com que atinjamos este fim? É o que veremos.

Para visualizarmos como podemos elaborar adequada metodologia analisemos, por exemplo, a máxima das máximas no campo evolutivo: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. É esta assertiva uma metodologia? Não. Não é uma metodologia. É, sim, um princípio ou um mandamento. Toda metodologia é composta de etapas sequenciais, mas nem todas as etapas sequenciais são metodologias. Por exemplo, o mandamento citado contém etapas sequenciais (a primeira, “amar a Deus sobre todas as coisas”, a segunda, “amar o próximo” e a terceira, “amar a si mesmo”), mas, como comentei, não é uma metodologia. É um mandamento ou princípio.

Para transformarmos o mandamento em metodologia com o foco de o vivenciarmos, a técnica que sugiro aplicá-la consiste em visualizarmos as partes do divino mandamento e sequencialmente as invertermos. De forma prática temos que aprender a ler o mandamento máximo começando pelo final (amar a si mesmo). Isto é, se quisermos aprender “a amar a Deus sobre todas as coisas”, primeiramente devemos aprender a amar a nós mesmos. Aprendendo a amar a nós mesmos abrimos a porta para amarmos o próximo e, chegando a este patamar, naturalmente estaremos amando a Deus.

Com esta introdução, entremos no tema propriamente dito deste texto: como adotarmos e praticarmos os princípios espíritas? O processo inicial - como no exemplo citado – é encontrarmos uma informação que teorize o tema. Nesta questão em particular o espírito Maria Modesto Cravo nos passou esta informação quando nos ensinou: “Quando os princípios religiosos são mais importantes do que os sentimentos, a fraternidade não tem vez”. (2)

Utilizando do método já mencionado, visualizemos primeiramente as partes da assertiva do espírito Maria Modesto Cravo, e a seguir sequencialmente invertermo-las.

Tornando prático o processo:

A assertiva do espírito Maria Modesto Cravo contém as seguintes etapas sequenciais: a primeira, “os princípios religiosos”, a segunda, “os sentimentos” e a terceira, “a fraternidade”. O que implica que, de acordo com a lógica já apresentada, se quisermos vivenciar adequadamente os princípios espíritas, primeiramente deveremos adotar a fraternidade (lembremo-nos: para que a metodologia se faça presente é preciso que leiamos a frase citada do final para o começo!). Adotando a fraternidade naturalmente exercitaremos os sentimentos apropriados para a adequada convivência com o próximo e, chegando a este patamar, também naturalmente estaremos adotando os princípios espíritas sem discussão e com profundo e amoroso respeito ao próximo.

De forma sintetizada, para que vivenciemos os princípios espíritas na convivência e nas reuniões, devemos adotar o pensamento de sermos fraternos, isto é, cheguemos às reuniões pensando com ênfase e firme disposição: “não importa o que ocorrer nesta reunião, eu serei fraterno”. Quando adotarmos firmemente esta expressão, criaremos a base para aflorar em nós os melhores dos sentimentos, o que, então, nos propiciará real condição de vivenciarmos os princípios espíritas. Resumindo: sejamos fraternos sempre e colheremos os melhores frutos para nossa caminhada evolutiva. E conscientizemo-nos: qual o valor da teorização e da discussão dos princípios espíritas, se não adotarmos metodologia para os vivenciarmos?

Eis a metodologia das metodologias: em qualquer projeto ou objetivo de vida, iniciemo-los adotando - como nosso primeiro passo - o exercício da fraternidade. Sendo fraternos, as demais conquistas no campo evolutivo nos serão naturais consequências.

(1) Livro Reforma Íntima sem Martírio, Ermance Dufaux, psicografia de Wanderley Soares de Oliveira, Editora Dufaux;


(2) Livro ???, psicografia de Wanderley Soares de Oliveira, Editora Dufaux.

(*) palestrante, escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, profere palestras e ministra treinamentos comportamentais em todo o Brasil.

4 comentários:

  1. MATÉRIA EXCELENTE. OBRIGADA PELA METODOLOGIA.

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  2. Muito bom o conteúdo. sobretudo porque apresenta várias formas de trabalharmos esses princípios.

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  3. Discordo de um ponto. O grande companheiro de doutrina Alkíndar diz que "ainda estamos na fase de desentendermo-nos com amigos de jornada, por amor à causa espírita. Um grande contrassenso! Pois não nos é desconhecida a assertiva de que a causa é o amor.”

    Mas quem ama também esclarece. O método é válido, mas nunca devemos utilizá-lo para fugir da responsabilidade de desmistificar conceitos equivocados que deturpam a doutrina e impede as pessoas de compreenderem a real mensagem libertadora que ela oferece.

    Busquemos sim a fraternidade, e com amor e compreensão vamos discutir e ajudar o próximo a não aceitar uma só mentira, como diria o sábio Erasto.

    Kardec deixou sua opinião a esse respeito em seu fabuloso artigo "Polêmica espírita". Quem ainda não conhece, recomendo enormemente. Revista Espírita, novembro de 1858. Um pequeno trecho: "Há polêmica e polêmica; e há uma diante da qual não recuaremos jamais, que é a discussão séria dos princípios que professamos."

    Pensemos nisso antes de buscarmos uma fraternidade piegas que aceita tudo.

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