Por Alkíndar de Oliveira (*)
Ermance Dufaux, espírito, esclarece que “não
se vive o Evangelho, entre outras infinitas questões, porque não se tem
trabalhado nos agrupamentos humanos, inclusive os espíritas, um método que
permita esse auto-encontro em bases educativas para a alma em aprendizado.” (1)
Esta especial educadora insere nessa pequena
e esclarecedora mensagem - com a devida ênfase - a palavra “método”. Enfatiza
que nos agrupamentos humanos, os espíritas inclusive, prevalece a ausência de
metodologias. A grande questão é: como sermos alunos eficazes nessa escola de
aprendizagem que é o nosso amado planeta, se não soubermos adotar e praticar
metodologias adequadas?
A tendência tem sido adotarmos o belo e rico
discurso da teoria espírita, mas ficarmos longe da necessária prática. Nossa
verbalização no campo da evolução pode ser brilhante, pois o Espiritismo nos
proporciona inigualável conhecimento. Mas, no contraponto, nossa convivência
com o próximo, para ficarmos com um só exemplo, tem sido lastimável. Ainda
estamos na fase de desentendermo-nos com amigos de jornada, por “amor à causa
espírita”. Um grande contrassenso! Pois não nos é desconhecida a assertiva de
que “a causa é o amor”.
Adotar metodologias apropriadas é o caminho
mais sensato para escalarmos os necessários degraus evolutivos para sairmos
desse círculo vicioso que tanto nos prejudica. A procura destas metodologias
precisa ser o norte de quem queira aproveitar da benção desta atual encarnação.
Mas que metodologias serão estas? E, se tantos são os desafios para o nosso
desenvolvimento espiritual, por onde começarmos?
Eis a grande questão: que metodologias e
desafios escolhermos para bem aproveitarmos da oportunidade divina desta atual
encarnação?
Sobre a escolha do desafio a ser escolhido –
por nós espíritas - não temos dúvidas: necessitamos adotar e praticar os
princípios que o Espiritismo nos proporciona. Eis o desafio! Mas que
metodologia poderá fazer com que atinjamos este fim? É o que veremos.
Para visualizarmos como podemos elaborar
adequada metodologia analisemos, por exemplo, a máxima das máximas no campo
evolutivo: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. É
esta assertiva uma metodologia? Não. Não é uma metodologia. É, sim, um
princípio ou um mandamento. Toda metodologia é composta de etapas sequenciais,
mas nem todas as etapas sequenciais são metodologias. Por exemplo, o mandamento
citado contém etapas sequenciais (a primeira, “amar a Deus sobre todas as
coisas”, a segunda, “amar o próximo” e a terceira, “amar a si mesmo”), mas,
como comentei, não é uma metodologia. É um mandamento ou princípio.
Para transformarmos o mandamento em
metodologia com o foco de o vivenciarmos, a técnica que sugiro aplicá-la
consiste em visualizarmos as partes do divino mandamento e sequencialmente as
invertermos. De forma prática temos que aprender a ler o mandamento máximo
começando pelo final (amar a si mesmo). Isto é, se quisermos aprender “a amar a
Deus sobre todas as coisas”, primeiramente devemos aprender a amar a nós
mesmos. Aprendendo a amar a nós mesmos abrimos a porta para amarmos o próximo
e, chegando a este patamar, naturalmente estaremos amando a Deus.
Com esta introdução, entremos no tema
propriamente dito deste texto: como adotarmos e praticarmos os princípios
espíritas? O processo inicial - como no exemplo citado – é encontrarmos uma
informação que teorize o tema. Nesta questão em particular o espírito Maria
Modesto Cravo nos passou esta informação quando nos ensinou: “Quando os
princípios religiosos são mais importantes do que os sentimentos, a fraternidade
não tem vez”. (2)
Utilizando do método já mencionado,
visualizemos primeiramente as partes da assertiva do espírito Maria Modesto
Cravo, e a seguir sequencialmente invertermo-las.
Tornando prático o processo:
A assertiva do espírito Maria Modesto Cravo contém
as seguintes etapas sequenciais: a primeira, “os princípios religiosos”, a
segunda, “os sentimentos” e a terceira, “a fraternidade”. O que implica que, de
acordo com a lógica já apresentada, se quisermos vivenciar adequadamente os
princípios espíritas, primeiramente deveremos adotar a fraternidade
(lembremo-nos: para que a metodologia se faça presente é preciso que leiamos a
frase citada do final para o começo!). Adotando a fraternidade naturalmente
exercitaremos os sentimentos apropriados para a adequada convivência com o
próximo e, chegando a este patamar, também naturalmente estaremos adotando os
princípios espíritas sem discussão e com profundo e amoroso respeito ao
próximo.
De forma sintetizada, para que vivenciemos os
princípios espíritas na convivência e nas reuniões, devemos adotar o pensamento
de sermos fraternos, isto é, cheguemos às reuniões pensando com ênfase e firme
disposição: “não importa o que ocorrer nesta reunião, eu serei fraterno”.
Quando adotarmos firmemente esta expressão, criaremos a base para aflorar em
nós os melhores dos sentimentos, o que, então, nos propiciará real condição de
vivenciarmos os princípios espíritas. Resumindo: sejamos fraternos sempre e
colheremos os melhores frutos para nossa caminhada evolutiva. E conscientizemo-nos:
qual o valor da teorização e da discussão dos princípios espíritas, se não
adotarmos metodologia para os vivenciarmos?
Eis a metodologia das metodologias: em
qualquer projeto ou objetivo de vida, iniciemo-los adotando - como nosso
primeiro passo - o exercício da fraternidade. Sendo fraternos, as demais
conquistas no campo evolutivo nos serão naturais consequências.
(1) Livro Reforma Íntima sem Martírio,
Ermance Dufaux, psicografia de Wanderley Soares de Oliveira, Editora Dufaux;
(2) Livro ???, psicografia de Wanderley
Soares de Oliveira, Editora Dufaux.
(*) palestrante,
escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, profere palestras e
ministra treinamentos comportamentais em todo o Brasil.
MATÉRIA EXCELENTE. OBRIGADA PELA METODOLOGIA.
ResponderExcluirMuito bom o conteúdo. sobretudo porque apresenta várias formas de trabalharmos esses princípios.
ResponderExcluirExcelente!
ResponderExcluirDiscordo de um ponto. O grande companheiro de doutrina Alkíndar diz que "ainda estamos na fase de desentendermo-nos com amigos de jornada, por amor à causa espírita. Um grande contrassenso! Pois não nos é desconhecida a assertiva de que a causa é o amor.”
ResponderExcluirMas quem ama também esclarece. O método é válido, mas nunca devemos utilizá-lo para fugir da responsabilidade de desmistificar conceitos equivocados que deturpam a doutrina e impede as pessoas de compreenderem a real mensagem libertadora que ela oferece.
Busquemos sim a fraternidade, e com amor e compreensão vamos discutir e ajudar o próximo a não aceitar uma só mentira, como diria o sábio Erasto.
Kardec deixou sua opinião a esse respeito em seu fabuloso artigo "Polêmica espírita". Quem ainda não conhece, recomendo enormemente. Revista Espírita, novembro de 1858. Um pequeno trecho: "Há polêmica e polêmica; e há uma diante da qual não recuaremos jamais, que é a discussão séria dos princípios que professamos."
Pensemos nisso antes de buscarmos uma fraternidade piegas que aceita tudo.