Por Roberto Caldas (*)
Semear o medo é a melhor estratégia para quem
pretende dominar pelo silêncio e pela força. A liberdade é uma ave que
necessita de espaço para desferir vôo além. Aprisioná-la é o maior tento das
ideias que sem fundamento de lógica, exibem a ponta da lança que fere a
essência daquele que se atira ao afã das conquistas do seu tempo.
Na
contradição é que a pessoa consegue definir a linha de pensamento a que deve se
ajustar, mas se a turbulência da comunicação obscurece os diversos aspectos da
verdade e impõe uma falsa hegemonia, silenciando todos os esforços que se lhe
oponham, a escuridão é a grande vitrine para o espetáculo burlesco que conduz
ao caos.
Todas
as vezes que a ganância e a mentira se posicionaram como alicerce de algum
projeto que prometia melhorar a condição da vida humana, os resultados que o
tempo trouxe comprovaram que caminhar à margem da verdade e da generosidade é
uma péssima escolha. A totalidade dos déspotas que ganharam a quebra de braço
utilizando as técnicas da leviandade para conquistar a qualquer custo impuseram
longas décadas de dor e sofrimento até verem as suas obras virarem pó diante da
obsequiosa ação da verdade que tarda, mas não falta. Aqueles que ainda não
experimentaram não perdem por esperar.
A
ciência espírita declara incisivamente que só o bem triunfa. Porque o bem
promana de Deus. É lamentável que a humanidade se encontre diante de tamanha
realidade e ainda insista em abraçar as teorias que apequenam a ação nossa de
cada dia. Habituamos a reverberar as frases da moda, completamente alheios às
intenções que as definiram, muitas vezes imbuídos de bons propósitos, servindo
a causas personalistas e fugidias. Repetimos refrões, canções, opiniões, sem
perceber que podemos estar fazendo parte de um cortejo que não pensa por si
mesmo, apenas repete sem refletir.
A
questão 895 de O Livro dos Espíritos
aponta o maior dos erros que pode se cometer quando estamos em trânsito de
relacionamento com o outro. Perguntou Allan Kardec: “Além dos defeitos
e vícios sobre os quais ninguém se enganaria, qual o sinal mais característico
da imperfeição?” Ao que responderam
os Mentores: “O interesse pessoal...”
Diante
dos avanços dos problemas humanos compete aquele que se julga amante da verdade
saber fazer eco ao que é justo silenciando o que não é. A vivência cidadã nos
impõe compromisso com o bem comum e isso enseja que estejamos alinhados com o
crescimento da defesa da equanimidade. Nas questões espirituais temos a
admoestação de Jesus (Mateus 7; 21), “nem todos que dizem senhor, senhor
entrará no reino dos céus”. Nas situações da vida humana tenhamos o senso de
buscar de forma consciente um propósito que possa servir à totalidade das
pessoas. Pensar com isenção, buscar a conciliação, investir nas soluções que
começam conosco, decidir pela liberdade rechaçando qualquer outra opção que
contrarie a democracia. Deixemos que seja a coragem, não o medo, a compelir
nossos passos para a transformação que o mundo precisa e que sempre começa
dentro de cada um de nós.
¹ editorial do programa Antea Espírita de 02.08.2015.
(*) escritor, editorialista do programa Antena Espírita, e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Caro Roberto,
ResponderExcluirCorajosa e oportuna a sua abordagem. É isso que Kardec e Jesus esperam de nós. Necessitamos construir a cultura espírita no mundo, e só poderemos fazê-la com atitudes viris, sensatas como a que adotas. Quero ver mais vezes editoriais com esse refrão. Parabéns!