quarta-feira, 19 de agosto de 2015

REVERENCIEMOS OS ANIMAIS, POIS ELES SÃO NOSSOS IRMÃOS



Por Jorge Hessen (*)

O leão Cecil, morto por caçador ilegal no Zimbábue - Foto: Reuters/A.J.

A Safari Club International é uma organização que luta pelos “direitos dos caçadores”. Qual o objetivo e o que leva uma pessoa a gastar muito dinheiro para caçar um animal selvagem? Será apenas uma demonstração de poder e prestígio? Isso é psicopatia e selvageria! O antropólogo Michael Gurven, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, estuda tribos de caçadores e coletores na Amazônia e ressalta o paradoxo entre caça “esportiva” e as caça para sobrevivência. Os nativos caçam animais por necessidade de alimentação. Portanto, há uma brutal diferença para caçadores que chegam a pagar US$55 mil dólares para matar um animal da selva meramente por prazer. [1]


Allan Kardec ao indagar dos Benfeitores sobre o “direito” de destruição sobre os animais, foi esclarecido que tal “direito” [caça] se acha regulado pela necessidade, que o homem tem, de prover seu sustento e sua segurança. O abuso jamais constitui um direito. [2] Quando a caça ultrapassa os limites que as necessidades e a segurança traçam e quando não objetiva senão o prazer de destruir sem utilidade há “predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que excede os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais só destroem para satisfação de suas necessidades; enquanto que o homem, dotado de livre-arbítrio, destrói sem necessidade. Terá que prestar contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois isso significa que cede aos maus instintos.” [3]

Compondo aqui uma síntese de O Livro dos Espíritos a respeito do universo animal e humano inteiramo-nos de que os animais possuem uma espécie de inteligência instintiva e limitada. Eles detêm a consciência de sua existência e de suas individualidades. Alguns animais agem denotando acentuada vontade, porque apresentam inteligência, embora que restrita. Há seres “irracionais” que praticam atos combinados que denunciam vontade de agir em determinado sentido e de acordo com as circunstâncias. Há, pois, neles, uma espécie de inteligência, mas cujo exercício quase que se circunscreve à utilização dos meios de satisfazerem às suas necessidades físicas e de proverem a própria conservação.

Os animais se comunicam entre si, conservando uma espécie de linguagem circunscrita às suas necessidades. Até mesmo os peixes se entendem entre si. Como dito, a linguagem do animal é instintiva e circunscrita às suas necessidades biológicas e ideias, os peixes que, como as andorinhas, emigram em grupos (cardumes), obedientes ao guia que os conduz. Certamente possuem meios de se avisarem, de se entenderem e combinarem ações conjugadas. É possível que disponham de uma visão mais penetrante e esta lhes permita perceber os sinais que reciprocamente imitem.

Portanto, os animais não são simples autômatos, a despeito de a liberdade que têm permanecer limitada aos atos da vida material e após a morte conservam sua individualidade. No entanto não mantêm a consciência de si mesmos, inobstante sua vida inteligente lhes permaneça em estado latente em face da ausência do livre-arbítrio. Desta forma, eles permanecem numa espécie de erraticidade após a morte, sendo distribuídos pelos Espíritos incumbidos dessa tarefa e “aproveitados” (no processo reencarnatório) quase imediatamente. Não lhes sendo dado tempo de entrar em relação delongada com outras criaturas no além.

Outro aspecto importante sobre os animais é que eles evoluem tanto quanto os homens, embora não por ato da própria vontade (não têm livre arbítrio), mas pela força das circunstâncias, razão por que não estão sujeitos à expiação. Em verdade os animais só possuem a inteligência rude da vida material, enquanto no homem, a inteligência essencialmente proporciona a vida moral. [4] Para maiores detalhamentos sobre o tema, os próprios Espíritos estão longe de tudo saberem e, ressalte-se que acerca do que não sabem, também podem ter opiniões pessoais mais ou menos sensatas. É assim, por exemplo, que nem todos pensam da mesma forma quanto às relações existentes entre o homem e os animais no aspecto evolutivo.

Considerando a lei de evolução, para alguns Espíritos, o Princípio espiritual não chega ao período humano senão depois de se haver elaborado e individualizado nos diversos graus dos seres inferiores da Criação. Segundo outros Benfeitores espirituais, o Espírito do homem teria pertencido sempre à raça humana, sem passar pela fieira animal. Diante disso, cabe a indagação: Qual a origem do Espírito? Onde o seu ponto inicial? Forma-se do princípio inteligente individualizado?

Para Allan Kardec tudo isso são mistérios que seria inútil querer devassar e sobre os quais nada mais se pode fazer do que construir hipóteses. Quanto às relações misteriosas que existem entre o homem e os animais são mistérios de Deus, como muitas outras coisas, cujo conhecimento atual é pouco importante para o progresso humano e sobre as quais seria inútil nos deter.

Referências bibliográficas:

[1] Disponível em http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2015/07/o-que-motiva-alguem-cacar-um-animal-por-esporte.html acesso 05/08/2015

[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espírito, RJ: Ed. FEB, 2001, questão 734.

[3] Idem questão 735

(*) escritor com livros publicados: Luz na Mente publicada pela Edicel, Praeiro, um Peregrino nas Terras do Pantanal publicado pela Ed do Jornal Diário de Cuiabá/MT, Anuário Histórico Espírita 2002, uma coletânea de diversos autores e trabalhos históricos de todo o Brasil, coordenado pelo Centro de Documentação Histórica da União das Sociedades Espíritas de São Paulo - USE.

Um comentário:

  1. GOSTEI DO ARTIGO, FAZ COM QUE A GENTE PENSE COM MAIS CARINHO EM RELAÇÃO AOS ANIMAIS, NÃO SE PODE ADMITIR CASOS COMO ESTES DE TOTAL FALTA DE HUMANIDADE.

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