Por Jorge Hessen (*)
O leão Cecil, morto por caçador ilegal no Zimbábue - Foto: Reuters/A.J. |
A Safari
Club International é uma organização que luta pelos “direitos dos caçadores”.
Qual o objetivo e o que leva uma pessoa a gastar muito dinheiro para caçar um
animal selvagem? Será apenas uma demonstração de poder e prestígio? Isso é
psicopatia e selvageria! O antropólogo Michael Gurven, da Universidade da
Califórnia em Santa Bárbara, estuda tribos de caçadores e coletores na Amazônia
e ressalta o paradoxo entre caça “esportiva” e as caça para sobrevivência. Os
nativos caçam animais por necessidade de alimentação. Portanto, há uma brutal
diferença para caçadores que chegam a pagar US$55 mil dólares para matar um
animal da selva meramente por prazer. [1]
Allan Kardec ao indagar dos Benfeitores sobre
o “direito” de destruição sobre os animais, foi esclarecido que tal “direito” [caça]
se acha regulado pela necessidade, que o homem tem, de prover seu sustento e
sua segurança. O abuso jamais constitui um direito. [2] Quando a caça
ultrapassa os limites que as necessidades e a segurança traçam e quando não
objetiva senão o prazer de destruir sem utilidade há “predominância da
bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que excede os limites
da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais só destroem para
satisfação de suas necessidades; enquanto que o homem, dotado de
livre-arbítrio, destrói sem necessidade. Terá que prestar contas do abuso da
liberdade que lhe foi concedida, pois isso significa que cede aos maus
instintos.” [3]
Compondo aqui uma síntese de O Livro dos
Espíritos a respeito do universo animal e humano inteiramo-nos de que os
animais possuem uma espécie de inteligência instintiva e limitada. Eles detêm a
consciência de sua existência e de suas individualidades. Alguns animais agem
denotando acentuada vontade, porque apresentam inteligência, embora que
restrita. Há seres “irracionais” que praticam atos combinados que denunciam
vontade de agir em determinado sentido e de acordo com as circunstâncias. Há,
pois, neles, uma espécie de inteligência, mas cujo exercício quase que se
circunscreve à utilização dos meios de satisfazerem às suas necessidades
físicas e de proverem a própria conservação.
Os animais se comunicam entre si, conservando
uma espécie de linguagem circunscrita às suas necessidades. Até mesmo os peixes
se entendem entre si. Como dito, a linguagem do animal é instintiva e
circunscrita às suas necessidades biológicas e ideias, os peixes que, como as
andorinhas, emigram em grupos (cardumes), obedientes ao guia que os conduz.
Certamente possuem meios de se avisarem, de se entenderem e combinarem ações
conjugadas. É possível que disponham de uma visão mais penetrante e esta lhes
permita perceber os sinais que reciprocamente imitem.
Portanto, os animais não são simples
autômatos, a despeito de a liberdade que têm permanecer limitada aos atos da
vida material e após a morte conservam sua individualidade. No entanto não
mantêm a consciência de si mesmos, inobstante sua vida inteligente lhes
permaneça em estado latente em face da ausência do livre-arbítrio. Desta forma,
eles permanecem numa espécie de erraticidade após a morte, sendo distribuídos
pelos Espíritos incumbidos dessa tarefa e “aproveitados” (no processo reencarnatório)
quase imediatamente. Não lhes sendo dado tempo de entrar em relação delongada
com outras criaturas no além.
Outro aspecto importante sobre os animais é
que eles evoluem tanto quanto os homens, embora não por ato da própria vontade
(não têm livre arbítrio), mas pela força das circunstâncias, razão por que não
estão sujeitos à expiação. Em verdade os animais só possuem a inteligência rude
da vida material, enquanto no homem, a inteligência essencialmente proporciona
a vida moral. [4] Para maiores detalhamentos sobre o tema, os próprios
Espíritos estão longe de tudo saberem e, ressalte-se que acerca do que não
sabem, também podem ter opiniões pessoais mais ou menos sensatas. É assim, por
exemplo, que nem todos pensam da mesma forma quanto às relações existentes
entre o homem e os animais no aspecto evolutivo.
Considerando a lei de evolução, para alguns
Espíritos, o Princípio espiritual não chega ao período humano senão depois de
se haver elaborado e individualizado nos diversos graus dos seres inferiores da
Criação. Segundo outros Benfeitores espirituais, o Espírito do homem teria
pertencido sempre à raça humana, sem passar pela fieira animal. Diante disso,
cabe a indagação: Qual a origem do Espírito? Onde o seu ponto inicial? Forma-se
do princípio inteligente individualizado?
Para Allan Kardec tudo isso são mistérios que
seria inútil querer devassar e sobre os quais nada mais se pode fazer do que
construir hipóteses. Quanto às relações misteriosas que existem entre o homem e
os animais são mistérios de Deus, como muitas outras coisas, cujo conhecimento
atual é pouco importante para o progresso humano e sobre as quais seria inútil
nos deter.
Referências
bibliográficas:
[1] Disponível em
http://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2015/07/o-que-motiva-alguem-cacar-um-animal-por-esporte.html
acesso 05/08/2015
[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espírito, RJ:
Ed. FEB, 2001, questão 734.
[3] Idem questão 735
(*) escritor com livros publicados: Luz na
Mente publicada pela Edicel, Praeiro, um Peregrino nas Terras do Pantanal
publicado pela Ed do Jornal Diário de Cuiabá/MT, Anuário Histórico Espírita
2002, uma coletânea de diversos autores e trabalhos históricos de todo o
Brasil, coordenado pelo Centro de Documentação Histórica da União das
Sociedades Espíritas de São Paulo - USE.
GOSTEI DO ARTIGO, FAZ COM QUE A GENTE PENSE COM MAIS CARINHO EM RELAÇÃO AOS ANIMAIS, NÃO SE PODE ADMITIR CASOS COMO ESTES DE TOTAL FALTA DE HUMANIDADE.
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