domingo, 4 de outubro de 2015

HYPOLLITE - ALLAN KARDEC, DIGO BOM SENSO ENCARNADO

              

Por Roberto Caldas (*)


              Quando Allan Kardec adentra a vida de Hypollite Léon Denizard Rivail, decretando um novo período em sua trajetória o qual pararia a sua ascensão pessoal, fez-se valer de um valoroso arquivo de conhecimentos e práticas que o credenciava para uma das mais importantes tarefas a serem encetadas desde o advento de Jesus na Terra.
            Nascido e registrado o concepto do sexo masculino aos 03 de outubro de 1804, recebe dos pais em registro o nome de Hypollite Léon Denizard Rivail, cuja contagem indica 211 anos completos. Renasce por codinome em Allan Kardec em obra que lança ao mundo a filosofia espiritualista contendo os princípios da Doutrina Espírita, mundialmente conhecida como O Livro dos Espíritos, 53 anos depois de sua data de nascimento.

            Hypollite, o homem que serviu de alicerce para a construção do edifício de Allan Kardec, alcunha resgatada de uma identidade de um sacerdote druida vivenciada na Antiga França (Gálias). O espaço de 50 anos do nascimento à transformação serviu exatamente para desenvolver o estilo, a acurácia, a versatilidade, a cultura e a benevolência que a missão de reeditar a mensagem de Jesus exigiria do apóstolo da Boa Nova. A educação refinada direto do Castelo de Yverdun, na Suiça, sob a supervisão de um dos maiores educadores de todos os tempos, Johann Pestallozi, terá sido um dos seus maiores trunfos de sucesso vida afora. A versatilidade lingüística que inclua grande domínio sobre o idioma francês, alemão, inglês, holandês, italiano e espanhol lhe conferia ampla capacidade de ler, ensinar e traduzir. A bagagem de uma pedagogia democrática tornou-se trampolim para visualizar o homem como ser transcendental e imortal. A busca de uma visão quase utópica que juntasse os universos, católico e protestante, que se digladiavam por toda a Europa, encontrava guarida na lição de fraternidade que provinha das orientações que chegavam do mundo espiritual.
            Da formação portentosa de Hypollite surge o ícone Allan Kardec. A permuta contraria todos os elementos da vaidade egoica que contamina muitas personalidades que passam por esse mundo. O professor que cedeu lugar ao missionário pelo ensejo de evitar personalizar a mensagem que não lhe pertencia e sim ao Espírito da Verdade, em detrimento de sua relevante obra educacional reconhecida em toda a Europa. Sai o educador de homens, chega o educador de almas.
            Não fossem os 50 anos de preparação de Hypollite e dificilmente haveria Allan Kardec. O personagem que se escondeu permitiu que o mundo contemporâneo atingisse a maturidade espiritual, alcançado pelo raio esclarecedor da Doutrina Espírita, mercê de uma dedicação de tempo e esforços muito acima da média praticada pela humanidade. Despojar-se das perspectivas da finitude e ampliar os horizontes para antever a luz da imortalidade como a estrada comum a todos os seres, esse o maior legado que o homem, nascido em Lyon naqueles 03 de outubro de 1804, nos deixa em sua singular e ímpar existência.
            É uma justa alcunha para aquele que nasceu Hypollite e transmudou em Allan Kardec se tomarmos a abalizada conceituação de Camille Flammarion, ditada à beira de sua sepultura, chamá-lo de “o bom senso encarnado”.         

¹ editorial do programa Antena Espírita de 04.10.2015.


(*) escritor, articulista do programa Antena Espírita e colaborador do C.E. Grão de Mostarda. Livro lançado recentemente: Antena de Luz, uma coleção de textos dos editorias do programa Antena Espírita.    

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