Por Roberto Caldas (*)
Quando Allan Kardec adentra a vida de
Hypollite Léon Denizard Rivail, decretando um novo período em sua trajetória o
qual pararia a sua ascensão pessoal, fez-se valer de um valoroso arquivo de
conhecimentos e práticas que o credenciava para uma das mais importantes
tarefas a serem encetadas desde o advento de Jesus na Terra.
Nascido
e registrado o concepto do sexo masculino aos 03 de outubro de 1804, recebe dos
pais em registro o nome de Hypollite Léon Denizard Rivail, cuja contagem indica
211 anos completos. Renasce por codinome em Allan Kardec em obra que lança ao
mundo a filosofia espiritualista contendo os princípios da Doutrina Espírita,
mundialmente conhecida como O Livro dos Espíritos, 53 anos depois de sua data
de nascimento.
Hypollite,
o homem que serviu de alicerce para a construção do edifício de Allan Kardec,
alcunha resgatada de uma identidade de um sacerdote druida vivenciada na Antiga
França (Gálias). O espaço de 50 anos do nascimento à transformação serviu
exatamente para desenvolver o estilo, a acurácia, a versatilidade, a cultura e
a benevolência que a missão de reeditar a mensagem de Jesus exigiria do
apóstolo da Boa Nova. A educação refinada direto do Castelo de Yverdun, na
Suiça, sob a supervisão de um dos maiores educadores de todos os tempos, Johann
Pestallozi, terá sido um dos seus maiores trunfos de sucesso vida afora. A
versatilidade lingüística que inclua grande domínio sobre o idioma francês,
alemão, inglês, holandês, italiano e espanhol lhe conferia ampla capacidade de
ler, ensinar e traduzir. A bagagem de uma pedagogia democrática tornou-se
trampolim para visualizar o homem como ser transcendental e imortal. A busca de
uma visão quase utópica que juntasse os universos, católico e protestante, que
se digladiavam por toda a Europa, encontrava guarida na lição de fraternidade
que provinha das orientações que chegavam do mundo espiritual.
Da
formação portentosa de Hypollite surge o ícone Allan Kardec. A permuta
contraria todos os elementos da vaidade egoica que contamina muitas personalidades
que passam por esse mundo. O professor que cedeu lugar ao missionário pelo
ensejo de evitar personalizar a mensagem que não lhe pertencia e sim ao
Espírito da Verdade, em detrimento de sua relevante obra educacional
reconhecida em toda a Europa. Sai o educador de homens, chega o educador de
almas.
Não
fossem os 50 anos de preparação de Hypollite e dificilmente haveria Allan
Kardec. O personagem que se escondeu permitiu que o mundo contemporâneo
atingisse a maturidade espiritual, alcançado pelo raio esclarecedor da Doutrina
Espírita, mercê de uma dedicação de tempo e esforços muito acima da média
praticada pela humanidade. Despojar-se das perspectivas da finitude e ampliar
os horizontes para antever a luz da imortalidade como a estrada comum a todos
os seres, esse o maior legado que o homem, nascido em Lyon naqueles 03 de
outubro de 1804, nos deixa em sua singular e ímpar existência.
É
uma justa alcunha para aquele que nasceu Hypollite e transmudou em Allan Kardec
se tomarmos a abalizada conceituação de Camille Flammarion, ditada à beira de
sua sepultura, chamá-lo de “o bom senso encarnado”.
¹ editorial do programa Antena Espírita de
04.10.2015.
(*) escritor, articulista do programa Antena
Espírita e colaborador do C.E. Grão de Mostarda. Livro lançado recentemente:
Antena de Luz, uma coleção de textos dos editorias do programa Antena Espírita.
Muito bom!
ResponderExcluir