Por Roberto Caldas (*)
Tornou-se um chavão entre as pessoas e até se
transformou em frase de pára-choques de caminhão uma expressão retirada de
Deuteronômio (VII: 9) que determina uma qualidade à divindade expressa na
sentença “Deus é Fiel”. Essa se conta entre as mais repetidas pérolas do
pensamento humano que é reproduzida sem que se reflita a respeito da essência
do que se propaga. A primeira questão que se propõe diante da provocante
sentença é a pertinência da necessidade divina em provar fidelidade para quem?
Será
que o Grande Poder do Universo precisaria nos provar algo? Certamente que não.
Logo a ideia em pauta não estabelece uma ação Dele em nossa direção. Se
considerarmos, no entanto o adjetivo Fiel na acepção de Constante, Verídico,
Exato a carapuça começa a caber, pois retrata a Imutabilidade de sua essência.
Seria inconcebível conceber-se que Deus poderia olhar de forma diferente para
qualquer segmento de pessoas ou de crenças, um verdadeiro atalho de
parcialidade, um terrível exemplo de favoritismo típico de seres imperfeitos.
A
Fidelidade de Deus, se é que cabe a expressão, se encontra na inviolabilidade
de Suas Leis, as quais nos alcançam de forma universalmente equânime, numa
associação de Justiça e Misericórdia, cujo julgamento do mérito confere ao
tribunal da consciência individual a devida adequação, sem que haja inferências
de quaisquer procedências. Nada de condenações eternas nem perdões gratuitos. O
roteiro, sendo diferente para cada individualidade, conduz a uma destinação
obrigatória e comum que é exatamente a consolidação das leis harmônicas da
divindade, percorridas as estradas necessárias das expiações e provas que
conduzem à regeneração das consciências.
À medida que nos tornarmos
fiéis às leis divinas, essa sim a grande e necessária fidelidade, haveremos de
nos revestir de robusta fortaleza que impulsionará a nossa existência para uma
realidade de tolerância e paciência diante dos diferentes ritmos de aprendizado
dos diversos grupamentos humanos. Passaremos a investir mais na própria
capacidade de superação dos obstáculos, apesar de todas as dificuldades
impostas pela marcha lenta no crescimento moral da humanidade. Deixaremos de
apontar o argueiro no olho do outro enquanto escondemos a trave no próprio
olho.
Estamos saturados da
presença de Deus a nos envolver, de forma mais intensa que o próprio ar que nos
rodeia. O Poder Divino está em completa disponibilidade, em tempo integral, em
eterna ação e contemplação de nossas disposições de entrarmos em sintonia.
Basta o mínimo despertar e logo nos fazemos receptáculo do seu jorro
harmonioso. Somos nós que andamos na direção de Deus, pois Ele é presença incondicional,
logo prescinde de fazer um único movimento diferente, sequer faz qualquer
julgamento de valor.
Resta-nos então refletir no
que nos ensina a resposta à questão 13 de O Livro dos Espíritos, ao tratar dos
atributos que podemos pensar para entender a ação de Deus segundo a nossa pobre
linguagem: “Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso,
soberanamente justo e bom”. Sejamos nós,
fiéis a Ele.
Quero me congratular com o Confrade Roberto Caldas pela beleza e oportunidade desse artigo que foi também o Editorial do Programa Antena Espírita desse domingo 11/10/2015!
ResponderExcluirCastro,
ExcluirO Roberto Caldas foi felicíssimo na escolha do tema. Eu vinha alimentando a ideia de escrever algo a respeito, mas temia não ter a habilidade que o Caldas demonstrou ao escrevê-lo. Parabéns ao Roberto e ao Antena Espírita.
JORGE, em menos de duas semanas o Canteiro supera os 100.000 acessos. Isso em menos de 3 anos! Parabéns Cara pela brilhante ideia de criar o Blog Canteiro de Ideias!
ResponderExcluirCastro,
ResponderExcluirO correto é: pouco mais de 3 anos. Vale lembrar que sem auxílios dos WhatsApp e Facebook.